Jogos Olímpicos: já se saltam barreiras no centro de Paris

A Aldeia Olímpica abriu nesta quinta-feira, dia em que milhares de atletas aterraram na capital francesa. Dispositivo de segurança limita movimentos na cidade.

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O perímetro de segurança montado no centro de Paris conta com um dispositivo de milhares de agentes Marko Djurica / REUTERS
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É um momento simbólico, que marca essencialmente a contagem decrescente para o arranque dos Jogos Olímpicos de 2024. Em Paris, a Aldeia Olímpica abriu nesta quinta-feira portas para começar a dar resposta aos milhares de atletas que, por estes dias, vão aterrando na capital francesa. Dentro de uma semana, arranca a competição, mas para quem vive ou trabalha no centro da cidade já começou uma espécie de corrida de obstáculos quotidiana.

Há largos meses que o plano de segurança está desenhado e há muito que a informação, em alguns casos através de reuniões com grupos de moradores, começou a chegar aos residentes da zona central de Paris. Desde esta manhã que foram activadas barreiras metálicas que visam estabelecer um perímetro antiterrorismo em redor das margens do rio Sena. Uma limitação que se contorna com acesso a um QR code fornecido pelas autoridades e que tem de ser previamente validado.

Como sempre nestas ocasiões, há quem tenha sido apanhado de surpresa (desde turistas a parisienses menos informados) e quem torça o nariz à medida, porque vê o negócio ser afectado por um fluxo muito limitado de clientes. Mas grande parte deste cordão de segurança será levantado logo depois da cerimónia de abertura, já que a organização decidiu dar o tiro de partida para os Jogos nas margens do rio - e não no interior do estádio, como tem sido hábito nestas ocasiões.

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No terreno, para toda a operação de segurança, estarão nada menos do que 45.000 agentes da polícia, aos quais se juntarão 10.000 militares. Isto porque a decisão de realizar a cerimónia nas margens do rio levanta outro tipo de riscos, com centenas de representantes governamentais e cerca de 300 mil espectadores estimados no local. Pelo Sena, por exemplo, vão desfilar 80 barcos que transportarão os atletas ao longo de seis quilómetros, na direcção da Torre Eiffel.

“É um grande perímetro para monitorizarmos, mas os nossos planos de segurança são muito dinâmicos. Levam sempre em consideração os últimos acontecimentos e tentam adaptar-se”, assinalou Lambis Konstantinidis, director de Planeamento e Coordenação do Comité Olímpico Internacional (COI).

Edifícios: 82, quartos: 7200

A própria logística do alojamento implica uma operação em larga escala. As instalações demoraram três anos a construir e permitem acomodar até 14.000 pessoas, mas a organização garante que será possível acomodar uma delegação completa (leia-se, a comitiva de cada país participante) em poucas horas. De resto, nos últimos dias têm sido muitos os responsáveis de cada delegação que têm feito a ponte com a organização para os últimos preparativos.

Os representantes dos EUA, do Brasil e da Suíça eram esperados ontem em Paris, enquanto vários outros chegaram até mais cedo, mas foi o presidente do COI, Thomas Bach, quem resumiu o percurso que foi feito até esta inauguração.

“Finalmente, estamos aqui. Foi uma longa viagem nos últimos sete anos, mas altamente compensadora. Temos uma Aldeia Olímpica maravilhosa e todos os ingredientes reunidos para uns magníficos Jogos Olímpicos. Sente-se o entusiasmo a crescer em França”, declarou, deixando também rasgados elogios aos recintos onde irão decorrer os eventos das 36 modalidades.

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Vista da Aldeia Olímpica, que já abriu portas

Do total de habitantes da Aldeia Olímpica, 9000 serão atletas, que ficarão distribuídos por uma área de 52 hectares (com 82 edifícios e 7200 quartos) que vai de Saint-Denis até Saint-Ouen e à ilha Saint-Denis, a norte de Paris. Juntam-se 4000 funcionários responsáveis pela alimentação e pela limpeza, para além de 1500 voluntários que darão apoio às diferentes delegações, e temos o quadro completo.

Como em todos os Jogos Olímpicos, também em Paris o plano pós-evento concentra atenções, no sentido de capitalizar o investimento e na defesa da sustentabilidade. O que está previsto é a transformação deste complexo num bairro com 2500 casas, uma residência estudantil, um hotel e um gigantesco parque verde, para além de escritórios, comércio e serviços. Mas isso será só depois dos Jogos. Agora, estamos em contagem decrescente para o início.

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