Mais de 80 mortos em ataques israelitas em Gaza nas últimas 24 horas
Ficaram ainda feridas 198 pessoas, segundo os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza. Esta quarta-feira, forças israelitas realizaram ainda ataques no centro e no Sul da Faixa de Gaza.
Pelo menos 81 palestinianos foram mortos nas últimas 24 horas, segundo as autoridades de saúde de Gaza. Já esta quarta-feira, forças israelitas atacaram o centro da Faixa de Gaza e avançaram para Rafah, no Sul.
Para além das vítimas mortais registadas, 198 pessoas ficaram ainda feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não faz distinção entre militantes e civis na contagem de vítimas.
Num ataque aéreo israelita realizado por volta da meia-noite a uma casa em Al-Zawyda, no centro da Faixa de Gaza, morreram oito pessoas, segundo as autoridades de saúde de Gaza.
Em Rafah, onde os médicos informaram que duas pessoas foram mortas num ataque aéreo, os tanques fizeram uma incursão no Norte da cidade antes de recuarem, uma táctica que as forças israelitas têm usado noutras áreas antes de iniciarem ataques mais profundos na cidade.
Os militares israelitas afirmaram que as tropas estavam “a desenvolver uma actividade operacional precisa e baseada em informações na área de Rafah”, tendo acrescentado que eliminaram o que chamam “uma célula terrorista” e um lançador que tinha sido utilizado para disparar contra os militares.
Segundo as forças israelitas, os ataques aéreos efectuados atingiram 25 alvos em toda a Faixa de Gaza durante o último dia.
Nove meses após o início da guerra, os combatentes palestinianos liderados pelo grupo islamista Hamas continuam a atacar as forças israelitas com mísseis antitanque e morteiros, efectuando bombardeamentos ocasionais com rockets.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que as forças armadas do país tinham tido ganhos significativos e que a pressão estava a resultar.
“As operações em Gaza criaram as condições necessárias para se chegar a um acordo para o regresso dos reféns”, disse o ministro da Defesa numa conversa durante a noite com o seu homólogo americano, Lloyd Austin.
Na terça-feira, os militares afirmaram ter eliminado metade da liderança da ala militar do Hamas e matado ou capturado cerca de 14 mil combatentes desde o início da guerra, cerca de metade da força de combate estimada pelos militares israelitas.
Desde então, mais de 38 mil palestinianos foram mortos, segundo as autoridades de saúde de Gaza. Israel afirma que 326 dos seus soldados foram mortos em Gaza.
Esforços de mediação estagnados
Os esforços diplomáticos dos mediadores árabes para pôr termo às hostilidades, apoiados pelos Estados Unidos, parecem estar suspensos, embora todas as partes afirmem estar abertas a mais conversações, incluindo Israel e o Hamas.
Um acordo teria como objectivo pôr fim à guerra e libertar os reféns israelitas em Gaza em troca de muitos palestinianos presos por Israel.
Na quarta-feira, Israel libertou 13 palestinianos detidos durante a ofensiva em Gaza, informou o Crescente Vermelho Palestiniano, em comunicado.
Muitas das centenas de palestinianos que Israel libertou nos últimos meses acusaram as forças israelitas de maus tratos e tortura. A Associação de Prisioneiros Palestinianos afirmou que perto de 20 palestinianos morreram sob detenção israelita. Israel nega as alegações de tortura.
A Human Rights Watch, que tem acusado repetidamente os militares israelitas de crimes de guerra durante a sua campanha em Gaza, publicou na quarta-feira um relatório de 252 páginas sobre o ataque de 7 de Outubro, acusando a ala militar do Hamas, as Brigadas Qassam e pelo menos quatro outros grupos armados palestinianos de cometerem “numerosos crimes de guerra e crimes contra a humanidade” durante o assalto.
Estes crimes incluíam “ataques deliberados e indiscriminados” contra civis, tratamento desumano e morte intencional de prisioneiros, violência sexual e baseada no género, tomada de reféns, mutilação de corpos, utilização de escudos humanos e pilhagem.
As conclusões, baseadas em entrevistas com sobreviventes, trabalhadores de resgate e outros, fazem eco de outros relatos e coincidem em grande medida com as de um inquérito da ONU do mês passado, que concluiu que tanto Israel como o Hamas cometeram crimes de guerra na fase inicial da guerra de Gaza.
O Hamas rejeitou o relatório por conter “mentiras e preconceitos flagrantes” e exigiu que a Human Rights Watch o retirasse e pedisse desculpa.
“O relatório da Human Rights Watch adoptou toda a narrativa israelita”, afirmou o Hamas num comunicado.