Rússia diz que quer perceber que tipo de cimeira de paz pretende Zelensky
O Presidente ucraniano tinha afirmado que não exclui a participação de representantes russos na próxima conferência de paz. Na cimeira da Suíça, em Junho, a Rússia esteve ausente.
A Rússia não rejeita liminarmente participar numa futura conferência de paz com a Ucrânia, mas quer perceber primeiro o enquadramento do encontro sugerido esta semana pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O Kremlin respondeu nesta terça-feira à proposta avançada na véspera por Zelensky de que a Rússia deveria estar presente numa segunda cimeira de paz que, provavelmente, poderia ser marcada para Novembro.
“A primeira cimeira de paz não foi de todo uma cimeira de paz, portanto, talvez seja necessário primeiro perceber o que é que ele quer dizer”, afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em entrevista ao canal militar Zvezda, citado pelo Moscow Times.
Peskov referia-se à conferência organizada pela Suíça em Junho, nos Alpes, para a qual nenhum dirigente russo foi convidado. Na altura, essa foi uma exigência de Zelensky, que se recusava a sentar-se à mesa com representantes da potência que ocupa parte do território ucraniano.
Moscovo criticou a falta de convite e vários países decidiram não marcar presença na conferência, incluindo a China, o principal aliado diplomático da Rússia. Outras nações do Sul Global que estiveram presentes acabaram por não subscrever o comunicado final, dando um golpe às ambições de Kiev e dos seus parceiros ocidentais de apresentar um respaldo forte a nível mundial ao plano de paz de Zelensky.
Apesar da ausência de convite à Rússia na cimeira da Suíça, nunca ficou excluída uma futura participação de representantes russos em encontros futuros.
Ainda assim, é difícil perceber o que poderá aproximar as posições dos dois países em eventuais conversações. A Ucrânia exige uma retirada militar imediata da Rússia dos territórios ocupados, enquanto Moscovo quer o reconhecimento das anexações das quatro províncias que ocupa parcialmente.
As declarações de Zelensky esta semana acontecem numa altura em que a Rússia vai conseguindo alcançar alguns progressos no campo de batalha, sobretudo no Donbass, que é o objectivo primordial da invasão iniciada em Fevereiro de 2022.