Kagame volta a ganhar as presidenciais no Ruanda com a quase totalidade dos votos

O Presidente é eleito para um quarto mandato, agora de cinco anos, com 99,18% dos votos. Contagem para o Parlamento ainda prossegue.

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A contagem de votos no Presidente Paul Kagame na Comissão Nacional de Eleições ruandesa Jean Bizimana / REUTERS
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Tal como em 2017, Paul Kagame concorria contra os mesmos dois candidatos e, exactamente como há sete anos, não só voltou a ter a maioria esmagadora dos votos, como reforçou a percentagem com que foi reeleito Presidente do Ruanda: 99,18% dos votos ou 7.099.810.

Os resultados oficiais foram anunciados esta terça-feira pelo presidente da Comissão Eleitoral do Ruanda, Chrysologue Karangwa, noticiou a agência de notícias turca Anadolu, que também referiu que a contagem de votos das legislativas, que pela primeira vez aconteceram simultaneamente com as presidenciais, está ainda a decorrer.

Esta é quarta eleição presidencial no Ruanda desde o genocídio e o fim da guerra civil ganha pela Frente Patriótica do Ruanda, o grupo armado liderado por Kagame que se transformou em partido político e que domina a cena política no país desde então, embora com menos unanimismo que o chefe de Estado.

Em quatro eleições, sempre com votação expressiva bem acima dos 90% de votos expressos, Kagame obteve 95%, em 2003, 93%, em 2010, 98,8%, em 2017, e agora 99,18%. Um sinal da popularidade de Paul Kagame, mas também um reflexo de uma democracia autoritária, controlada com disciplina desde o poder.

Este ano, tal como em outras eleições, os principais candidatos da oposição foram impedidos de chegar até às urnas e os dois que apareceram nos boletins de voto são os mesmos que figuraram nos boletins de há sete anos, para dar um simulacro de competição eleitoral que ninguém acredita.

Frank Habineza, que há sete anos teve 0,5% dos votos, líder do Partido Verde Democrático, voltou a ter praticamente a mesma percentagem (0,53%). Quanto ao jornalista Philippe Mpayimana, arauto da mudança, segundo as suas próprias palavras, ainda conseguiu o feito de ter menos votos que em 2017, obtendo agora 0,32% dos votos, depois de ter tido 0,72% na eleição de há sete anos.

Apesar de a Constituição ruandesa permitir desde sempre apenas dois mandatos consecutivos para o Presidente, foi revista em 2015, oficialmente para encurtar os mandatos do chefe de Estado, que eram de sete anos e passam agora a ser de cinco anos. No entanto, nessa altura, também se permitiu, uma vez sem exemplo, que o Presidente pudesse concorrer a um terceiro mandato de sete anos e que nestas eleições de 2024, as primeiras em que vigora o encurtamento do mandato presidencial, tudo começasse de novo, isto é, que Kagame pudesse concorrer como se não estivesse no cargo desde 2000, podendo recandidatar-se em 2029.

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