Mia Couto ganha Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca

Escritor moçambicano ganha com Compêndio para desenterrar nuvens, obra em que volta a aliar o real e o imaginário na denúncia da injustiça, diz o júri.

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Mia Couto fotografado em 2018, no Palácio de Belém Nuno Ferreira Santos
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O escritor moçambicano Mia Couto foi distinguido por unanimidade com o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca da Associação Portuguesa de Escritores (APE) pelo livro Compêndio para desenterrar nuvens, anunciou esta terça-feira a organização.

A obra, editada pela Caminho, é constituída por 22 histórias que abordam o calvário de pessoas, com especial atenção às vozes femininas, as "suas vidas fragmentadas" pela guerra, pela fome, pelas secas e por "tóxicas relações de poder", segundo comunicado da APE.

Referindo-se ao livro, o júri, constituído por Fernando Batista, Mário Avelar e Paula Mendes Coelho, destacou a forma como Mia Couto, "misturando sabiamente o código realista e o código imaginário sem nunca esquecer o registo lírico, continua a denunciar as injustiças de onde quer que elas venham, sem deixar de nos alertar, ainda que em tom geralmente irónico, para novas submissões, novas ameaças bem perniciosas".

O Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, instituído em 2023 pela Associação Portuguesa de Escritores, e patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais e pela Fundação D. Luís I, destina-se a galardoar anualmente uma obra de contos em português.