Ministra diz que Governo não podia garantir “de um dia para o outro” exigências para INEM

Ana Paula Martins diz-se disponível para prestar todos os esclarecimentos ao Parlamento sobre a real capacidade do INEM para assegurar meios de socorro às populações.

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A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, passou a semana passada pela Comissão de Saúde da Assembleia da República, mas diz-se disposta a voltar ao Parlamento para falar da actual situação do INEM ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
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A ministra da Saúde disse hoje compreender o recuo de Vitor Almeida, que tinha aceitado presidir ao INEM, e reconheceu que as exigências feitas eram "razoáveis" mas que o Governo não as podia garantir "de um dia para o outro".

"Nós compreendemos que a situação em que o INEM está pode levar a algumas exigências que o Dr. Vitor Almeida fez, que são perfeitamente razoáveis. Mas, em boa verdade, não podemos de um dia para o outro garantir que o INEM, em dois ou três meses, consegue reconstruir-se de maneira a dar resposta" ao que o responsável pretendia, afirmou Ana Paula Martins.

O médico Vítor Almeida tinha sido convidado para a presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) (depois da demissão de Luís Meira, na sequência da polémica com o contrato dos helicópteros de emergência médica) e tinha aceitado numa primeira fase. Depois, acabou por recuar, revelando que o Governo não respondeu positivamente às exigências que fez.

Em declarações esta segunda-feira aos jornalistas, à saída de uma visita à Unidade de Saúde Familiar Inovar, em Corroios (Seixal), Ana Paula Martins disse que encontrou o INEM numa situação "muito difícil" e reconheceu: "É muito difícil, de facto, entrar numa instituição que ao longo dos anos (...) tem vindo a acrescentar dificuldades e problemas, apesar dos profissionais que lá trabalham, que são absolutamente extraordinários".

"Compreendemos perfeitamente a decisão", disse a ministra, acrescentando: "Vamos continuar o nosso trabalho. O INEM é muito importante para o país, contamos com todos os peritos e com as pessoas que há muitos anos conhecem o INEM, que já fizeram parte dele e que, de certeza, que vão ajudar a refundá-lo".

Sobre o anúncio do PCP de que vai chamar a ministra com urgência ao Parlamento, em sede de comissão parlamentar, para prestar esclarecimentos sobre a real capacidade do INEM para assegurar meios de socorro às populações, a ministra disse estar disponível para prestar todos os esclarecimentos aos deputados. "Estou com toda a disponibilidade e, no dia em que for marcado, lá estarei para responder a todas as perguntas que tiverem para fazer sobre o INEM e, naturalmente, toda a informação será partilhada com os deputados", afirmou Ana Paula Martins.

Na semana passada, numa audição na comissão parlamentar de Saúde, a ministra revelou que o Governo pediu à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) uma auditoria de natureza técnica sobre os indicadores de resultado da resposta do INEM.

Ana Paula Martins anunciou igualmente a constituição de uma comissão de peritos independentes e com experiência em urgência e emergência médica para analisar como se poderá refundar o INEM.

No início do mês, o Ministério da Saúde tinha anunciado a realização de uma auditoria administrativa e financeira ao INEM, tendo mais tarde a ministra explicado que pretende "perceber exactamente" vários processos, nomeadamente a contratação de helicópteros e ambulâncias e ajustes directos no instituto.