Marcelo em baixa, mas melhor do que Cavaco

A negativa de 9,7 de Marcelo Rebelo de Sousa consegue ser bastante superior aos resultados de Cavaco Silva em fim de mandato.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa FILIPE AMORIM / EPA
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Onde estão os 97% de avaliações positivas que o Presidente da República atingia em Novembro de 2016, nove meses depois de ter tomado posse? Nas últimas sondagens não se têm vislumbrado e a de hoje, da Católica para o PÚBLICO e RTP, não é excepção.

Marcelo tem 60% de avaliações positivas, o mesmo número que registou em Maio e consegue até, por décimas, (indiferentes, atendendo à margem de erro) aumentar a sua avaliação média de 0 a 20: passa de 9,4 em Maio para 9,7 agora.

Mas o terreno é negativo e até desolador se se comparar com a sondagem feita há um ano, quando as polémicas com o Governo Costa já atingiam grandes proporções. Em Julho de 2023, Marcelo recolhia 88% de avaliações positivas. Nessa altura, o homem que ficou conhecido por, enquanto comentador da TSF, ter inaugurado as “notas” aos políticos, conseguia uma nota de 13,8 – claramente positiva.

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A sondagem de Julho de 2023 era relativamente favorável, porque o Presidente Marcelo já tinha um historial de notas menos boas. Em Fevereiro de 2023, tem apenas 12,2 de avaliação média na escala de 0 a 20 e 79% de avaliações positivas.

Mas o terreno é agora, em duas sondagens consecutivas, negativo. O chamado “caso das gémeas”, que está a ser investigado pelo Ministério Público e é objecto de uma comissão parlamentar de inquérito, pode ser mais um factor para a “negativa” obtida pelo Presidente da República.

O facto do filho de Marcelo Rebelo de Sousa ter sido constituído arguido pela justiça neste caso e também o de se saber que trocou emails com o pai sobre o assunto – em que se envolveram também funcionários da Presidência da República – puseram o foco na figura do Presidente. Num encontro com representantes da imprensa estrangeira, há uns meses, Marcelo Rebelo de Sousa foi muito crítico da actuação do filho, com quem actualmente não fala.

E, no entanto, a negativa de 9,7 de Marcelo Rebelo de Sousa (na verdade, no contexto escolar, uma nota destas pode ser “arredondada” para o terreno positivo do 10) consegue ser bastante superior aos resultados de Cavaco Silva em fim de mandato.

Exactamente com o mesmo tempo que Marcelo Rebelo de Sousa já cumpriu como Presidente da República, o anterior Presidente, Aníbal Cavaco Silva, tinha uma avaliação média de 7,6 – uma negativa rotunda.

As avaliações positivas de Cavaco Silva em fim de mandato também não ultrapassavam os 46%, enquanto Marcelo, se é óbvio que já deixou há muito a unanimidade norte-coreana que marcou os inícios do seu mandato, ainda obtém 60% de avaliações positivas.

Na verdade, ainda em Maio de 2021, já depois da reeleição, Marcelo Rebelo de Sousa ainda conseguia uma elevadíssima percentagem de 95% de avaliações positivas e uma avaliação de aluno de quase 16: 15,7 na escala de 0 a 20.

Os tempos mudaram para a popularidade de Marcelo, mas a percepção que os inquiridos têm da sua relação com este Governo relativamente ao anterior não parece ter grandes surpresas. Se 42% dos inquiridos acham que as relações entre Presidente e primeiro-ministro estão agora iguais ao que eram no tempo de António Costa, 33% pensam que o relacionamento Marcelo-Montenegro é melhor. Apenas 13% identificam esta nova relação institucional como pior do que a anterior.

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