Zelensky favorável à participação da Rússia numa nova cimeira de paz

O Presidente ucraniano aparenta assim mudar a posição assumida perante a presença da Rússia nestas conferências, tendo tido uma posição contrária antes da primeira conferência, realizada na Suíça.

Foto
O Presidente da Ucrânia pretende organizar uma conferência a partir de Novembro CHRIS KLEPONIS / POOL / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:40

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mostrou-se esta segunda-feira favorável, pela primeira vez, à participação da Rússia numa cimeira de paz organizada pela Ucrânia, tendo a intenção de a organizar a partir de Novembro.

“Acho que os representantes da Rússia deviam estar presentes na segunda cimeira”, disse Zelensky numa conferência de imprensa realizada em Kiev citada pela Reuters.

Segundo o Presidente do país, a Ucrânia tem como objectivo ter “um plano totalmente pronto” para a realização dessa segunda cimeira, em Novembro.

É a primeira vez que o Presidente ucraniano se mostra a favor da presença da Rússia numa conferência de paz, tendo, antes, afirmado estar contra sentar-se à mesa com representantes russos.

“Não se pode sentar à mesa para falar com alguém cujo único objectivo é destruir-nos”, afirmou o Presidente ucraniano numa entrevista à Reuters realizada em Maio deste ano, em antecipação da primeira cimeira de paz realizada no início de Junho deste ano da qual a Rússia esteve ausente.

A conferência realizada em Junho teve como local o resort de Bürgenstock, na Suíça, e reuniu representantes de 92 países com o objectivo de mostrar a visão de paz expressa por Zelensky.

Apesar da rejeição anteriormente expressa pelo Presidente, outros representantes ucranianos já tinham admitido que a Rússia poderia ser convidada para próxima cimeira.

À agência de notícias ucraniana Interfax, o vice-chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Ihor Zhovovka, tinha admitido em Junho que a Rússia poderia ser convidada, desde que tivesse em conta o plano delineado pela Ucrânia, sem fazer qualquer ultimato.

Na passada sexta-feira, o ministro adjunto dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Mikhail Galuzin, tinha recusado a presença russa numa segunda conferência, por rejeitar as condições impostas por Kiev para a sua realização que considerou serem um “ultimato”.

Estamos perante mais uma manifestação de fraude. Não aceitamos estes ultimatos e não vamos participar em cimeiras deste género, afirmou o ministro adjunto à agência de notícias russa RIA.

Segundo a Reuters, o Kremlin foi menos categórico e afirmou que não havia nenhuma matéria concreta relativamente à ideia de uma segunda cimeira.

A primeira cimeira discutiu três dos dez pontos apresentados pela Ucrânia como a fórmula de paz de Zelensky, incluindo a segurança alimentar, a segurança nuclear e a libertação de prisioneiros de guerra e de crianças. Segundo as autoridades ucranianas, a segunda cimeira iria discutir um plano elaborado antecipadamente por dezenas de países divididos em grupos de trabalho.

Zelensky afirmou que representantes dos Estados deverão reunir-se no Qatar no final de Julho ou início de Agosto para definir uma posição sobre a segurança energética. Em Agosto, na Turquia, deverá realizar-se uma reunião sobre segurança alimentar e, em Setembro, no Canadá, sobre prisioneiros de guerra e crianças.