Novo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico pede “cessar-fogo imediato” em Gaza

Na primeira visita a Israel e à Cisjordânia ocupada como chefe da diplomacia do Reino Unido, David Lammy reuniu-se com Netanyahu, Herzog e Mustafa e conversou com familiares dos reféns do Hamas.

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David Lammy, ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido ANDY RAIN / EPA
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De visita a Israel e aos territórios ocupados na Cisjordânia pela primeira vez desde que foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy pediu um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza, apelou à libertação de todos os reféns do Hamas e defendeu a criação de condições para a entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano.

“A morte e a destruição em Gaza são intoleráveis. Esta guerra tem de acabar já, com um cessar-fogo imediato, respeitado por ambas as partes. Os combates têm de parar, os reféns que ainda estão cruelmente detidos pelos terroristas do Hamas têm de ser libertados imediatamente e a ajuda tem de poder chegar à população de Gaza sem restrições”, defendeu Lammy, num comunicado divulgado pelo Foreign Office.

O novo ministro trabalhista – que sucede ao conservador David Cameron na chefia da diplomacia britânica, na sequência da vitória do Labour nas eleições legislativas realizadas no início do mês – reuniu-se no domingo com Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e com Mohammed Mustafa, primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana. Esta segunda-feira, encontrou-se com Isaac Herzog, Presidente israelita.

Para além disso, Lammy também conversou com familiares dos reféns do Hamas, nomeadamente com Sharon Sharbi, irmã de Yossi Sharabi, o refém com nacionalidade portuguesa que morreu em cativeiro e cujo corpo permanece na Faixa de Gaza.

“Os laços entre os povos britânico e israelita são tão fortes e robustos como históricos e impactantes; especialmente agora, enfrentando os desafios que temos pela frente”, disse Herzog, citado pela BBC.

O Governo trabalhista e, particularmente, o novo primeiro-ministro, Keir Starmer, estão pressionados internamente por causa da situação em Gaza. Apesar da vitória confortável nas legislativas de 4 de Julho, o Labour perdeu milhares de votos e alguns deputados devido à forma como o partido tem lidado com a guerra israelita no território palestiniano.

Os críticos de Starmer nesta matéria, onde se destacam o ex-líder trabalhista, Jeremy Corbyn, ou a antiga candidata a deputada pelo partido Faiza Shaheen, dizem que o Partido Trabalhista não tem sido suficientemente crítico das autoridades israelitas nem suficientemente comprometido com um cessar-fogo duradouro e permanente na Faixa de Gaza.

Agora que o Labour chegou ao poder, exigem o reconhecimento do Estado da Palestina e a suspensão da venda de armamento britânico para Israel, para além do cessar-fogo.

Questionado sobre a exigência relativa à venda de armas, Lammy disse que está a “analisar” as questões “jurídicas” sobre o caso e que “espera informar o Parlamento” sobre o assunto “o mais rapidamente possível”.

O ministro acrescentou ainda que nos próximos dias vai fazer uma declaração sobre a UNRWA – a par dos EUA, o Reino Unido é o único país que ainda não retomou o financiamento da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, depois de as acusações israelitas sobre um alegado envolvimento dos seus membros nos ataques do Hamas contra Israel a 7 de Outubro terem caído por falta de provas.

De acordo com as autoridades de saúde palestinianas, a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, já matou mais de 38.600 pessoas e feriu quase 90 mil. O Exército israelita iniciou a operação depois de os combatentes do Hamas terem sequestrado mais de 250 pessoas e matado cerca de 1200 a 7 de Outubro.

Um dos ataques israelitas de sábado, que terá matado pelo menos 141 pessoas, atingiu uma zona onde se encontravam deslocados palestinianos, perto de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza. Israel explica, no entanto, que o alvo era o chefe das Brigadas Ezzedine al-Qassam, a ala militar do Hamas, Mohammed Deif. Ainda não se sabe, porém, se Deif morreu ou sobreviveu.

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