Manu Chao, Eskorzo, Marcelo D2 e Eu.Clides ao vivo no Seixal, no Festival do Maio
Duas noites e quatro concertos com entrada livre, assim será a 5.ª edição do Festival do Maio, no Seixal, nos dias 19 e 20 de Julho. Com um trunfo, a abrir: Manu Chao.
Chegado à 5.ª edição, o Festival do Maio conseguiu finalmente garantir a ida ao Seixal do cantor e compositor Manu Chao. Um nome que estava na lista dos potenciais participantes desde o início, como explica ao PÚBLICO o também cantor e compositor Luís Varatojo, responsável pela programação: “Já andávamos há muito tempo atrás do Manu Chao. Mas quando começámos, em 2019, ele não estava a fazer espectáculos.” Mantiveram, apesar disso, sempre contacto com ele, através de agências, e este ano tiveram sorte, porque Manu Chao anda agora pela Europa. “E acabámos por construir a programação à volta disso.”
Manu Chao, como facilmente se perceberá, ajusta-se na perfeição aos propósitos deste festival, que veio ocupar, no Seixal, o lugar deixado vago pelo antigo Cantigas do Maio, mantendo a ideia de dar voz a canções de combate e de intervenção social e política. “E Manu Chao”, diz Varatojo, “é um cantor que tem muita intervenção na sua música, aliás um dos principais assuntos das suas letras tem que ver com os ilegais, a imigração, e isso está bastante na ordem do dia, ainda que com canções que foram escritas nos anos 1990.”
Com abertura de portas às 19h e início dos concertos às 21h, Manu Chao será o primeiro músico a actuar, na sexta-feira dia 19, E irá fazê-lo em formato acústico mais em trio, com mais um guitarrista e um percussionista. Na mesma noite, depois dele, subirão ao palco os granadinos Eskorzo, que celebram 30 anos de carreira e que já actuaram várias vezes em Portugal (nos festivais MED, Loulé; Maré d’Agosto, Açores; Artes à Rua, Évora; Festa do Avante!). Luís Varatojo: “É uma banda altamente enérgica e super política, mais da área da world music, e tem um disco novo [Historias de amor y otras mierdas, 2023] que vai direito a muitas das questões que queremos pôr em cima do palco, como a questão climática ou a misoginia na música actual. E achámos que ligavam muito bem com o Manu Chao.”
No segundo dia, sábado 20, o festival abre com Eu.Clides, cabo-verdiano a viver em Paris cujo primeiro álbum, Declive, também de 2023, foi descrito (e elogiado) por Mário Lopes no Ípsilon do PÚBLICO como um disco “entre lugares: o electrónico e o acústico, a fisicalidade da dança e o recolhimento introspectivo, Portugal e Cabo Verde”. Depois dele, actuará o brasileiro Marcelo D2, que depois de se ter apresentado em Janeiro de 2023 no Porto, Estoril e Ovar, com concertos anunciados como “bailes de pré-Carnaval”, lançou em Junho desse ano um novo disco, Iboru. “Ele é conhecido por fazer um rap com balanço de samba e neste disco fez o contrário: samba com um balanço de rap”, comenta Luís Varatojo.
Tal como nos anos anteriores, e já que neste festival não há publicidade, manter-se-ão as projecções de videopoemas. À lista dos já anteriormente gravados e exibidos, contando com poemas lidos por José Luís Peixoto, Manuel Wiborg, Catarina Wallenstein, Ana Deus, Cátia Oliveira (A Garota Não), André Gago, Capicua, Ivo Canelas, Joana Manuel, Luanda Cozetti, Selma Uamusse, Luca Argel e Miguel Borges, juntam-se este ano mais dois, diz Varatojo: “Uma actriz nova, a Inês Pires Tavares, e uma actriz veterana, a Maria João Luís.”
Coincidindo com os 50 anos do 25 de Abril, a programação não se centrou exclusivamente na efeméride por duas razões: o facto de se realizar em Julho e não em Abril ou Maio (como sucedera em anos anteriores) e não se ter conseguido uma programação distintiva das restantes com o mesmo propósito. “A programação era para se focar mais no 25 de Abril e era para ser mais nacional”, explica Luís Varatojo. “Mas não conseguimos reunir aquilo que queríamos para uma programação algo exclusiva.” Fica o espírito: “avisar a malta”, sempre.