Este ano, o Alkantara vai do feminicídio à luta do povo palestiniano

Carolina Bianchi, Francisco Thiago Cavalcanti, Mamela Nyamza e Basel Zaraa são as primeiras confirmações do festival lisboeta de teatro, dança e performance, que acontece entre 15 e 30 de Novembro.

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A Noiva e o Boa Noite Cinderela, de Carolina Bianchi, reúne histórias de feminicídio para criar um "um espectáculo de violência e morte" Christophe Raynaud de Lage
Sunday 25th June 2023.
National Arts Festival 2023,
1820's Settler's National Monument,
The Guy Butler Theatre, 
Makhanda (Grahamstown),
Eastern Cape, South Africa.

NATIONAL ARTS FESTIVAL 2023!

Day 4 - Hatched Ensemble. By Mamela's Artistic Movement NPC. Mamela Nyamza challanges the status quo with her new ensemble work.

South Africa's annual multi-disciplinary arts festival, live in Makhanda has been supporting the arts for 49 years since its inception in 1974.

The National Arts Festival runs from 21st June until 2nd July 2023. Come experience it for yourself, 'It Will Change You!'.

A series of images taken of various artistic, dance, music and theatre performance pieces and exhibited installations and exhibitions done by a host of artists, dancers, musicians and performers amongst others during the National Arts Festival 2023 held in Makhanda (Grahamstown), Eastern Cape, South Africa. 

This image taken on Sunday 25th June 2023.  

PICTURE: MARK WESSELS. 25/06/2023.
+27 (0)61 547 2729.
superkwazi@gmail.com
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Hatched Ensemble marca, finalmente, a estreia da sul-africana Mamela Nyamza em Portugal Mark Wessels
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Basel Zaraa, palestiniano radicado no Reino Unido, viaja em Querida Laila pelas suas memórias pessoais, que são também memórias colectivas, de luta e resistência Pietro Bertora
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Feminicídio, solidão, a relação complexa de corpos negros com a história do ballet (ou ao contrário) e a luta do povo palestiniano. É por aqui que passam os primeiros quatro espectáculos a terem presença confirmada na edição deste ano do Alkantara Festival, que acontece entre 15 e 30 de Novembro em diferentes espaços de Lisboa.

A Noiva e o Boa Noite Cinderela, da brasileira Carolina Bianchi, dará início ao festival de teatro, dança e performance, no palco da Culturgest, onde terá a sua estreia em Portugal (o espectáculo, aposta da edição do ano passado do Festival de Avignon, também passará, a 22 e 23 de Novembro, pelo Teatro Campo Alegre, no Porto). Acompanhada pelo seu colectivo Cara de Cavalo, Bianchi reúne histórias de mulheres que foram violadas e de seguida assassinadas para criar, resume o Alkantara Festival numa nota de imprensa, “um espectáculo de violência e morte, na fronteira entre realidade e pesadelo, sem a possibilidade de catarse ou salvação”.​

Numa estreia absoluta, no Teatro do Bairro Alto, Francisco Thiago Cavalcanti — “artista da dança, do teatro e da performance, brasileiro, queer, neurodiverso, não-branco, como se apresenta” — desvendará 52blue, produção do Alkantara em que Francisco dá corpo a uma baleia condenada à solidão. “Quando as baleias cantam”, escreve, “cantam para sobreviver, para acasalar, para viajar, para passar o tempo e também para nada”. A baleia desta criação emite um som muito agudo, que fere e afasta as demais. Canta “um som que não pode ser ouvido”.

Foto
Francisco Thiago Cavalcanti Jamille Queiroz

Aposta forte promete ser Hatched Ensemble, espectáculo com o qual Mamela Nyamza, bailarina e coreógrafa sul-africana, finalmente se estreará em Portugal, apresentando-se no São Luiz. Após o seu solo de 2007 Hatched, em que reflectia sobre a sua vida e percurso como mãe, lésbica e negra, Nyamza reúne no palco nove bailarinos com formação em ballet clássico, e de diferentes proveniências, num exercício de desconstrução crítica das ditas normas da dança clássica. Juntando música clássica ocidental e cantos africanos tradicionais, é um trabalho sobre e para corpos que já sentiram “um conflito com a sua própria identidade e questionaram onde pertencem”. “Os sapatos de ballet usados nesta peça representam o colonialismo, o mundo ocidental; são como ferramentas de opressão. Os tutus brancos representam o casamento, o mundo do ballet no geral. Como os dançarinos de ballet negros não conseguiam sentir-se enquadrados naquele palco”, comentou Mamela Nyamza. Estamos a criar o nosso próprio mundo de ballet. Estamos a tentar fazer um statement.”

O Alkantara também anunciou esta segunda-feira que trará a Portugal (e especificamente à Biblioteca Palácio Galveias) o espectáculo Querida Laila, de Basel Zaraa, artista palestiniano radicado no Reino Unido. Esta instalação-performance começou a nascer quando, aos cinco anos, a filha de Zaraa lhe perguntou sobre a casa de infância do pai (o campo de refugiados palestinianos em Yarmouk, na Síria): “Querida Laila, tens agora cinco anos e começaste a perguntar-me onde cresci, e porque é que não podemos ir lá.” O artista viaja pelas suas memórias pessoais, que são também memórias colectivas, de luta e resistência.

A edição do Alkantara que se avizinha, sublinha o festival, ficará marcada pelo regresso do Teatro Nacional D. Maria II como co-produtor e apresentador de espectáculos, ainda que a histórica casa permaneça fechada para obras.

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