A armada espanhola era mesmo invencível

Inglaterra não foi capaz de travar a melhor selecção do Euro 2024, que chegou ao quarto título só com triunfos.

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Nicp Williams abriu caminho ao triunfo da Espanha sobre Inglaterra Lisi Niesner / REUTERS
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Ainda não foi desta que o futebol regressou a casa, para desgosto dos ingleses, que viram a Espanha suceder a Itália e conquistar o quarto Campeonato da Europa (terceiro nas últimas cinco edições), estabelecendo novo recorde de títulos, com mais um do que a Alemanha. Foi um triunfo (2-1) construído na segunda parte e que confirmou a “roja” como a melhor selecção do Euro 2024.

Tal como em 2021, na final de Londres, a Inglaterra teve de contentar-se com o prémio de consolação e com as medalhas de vice-campeã, estatuto que até lhe assenta bem, já que nunca demonstrou verdadeira capacidade para destruir a aura de armada invencível da melhor equipa do torneio. Uma reputação que a Espanha construiu desde a primeira hora no grupo da “morte”, passando ainda Alemanha e França, com distinção, rumo à final.

Assim, sem surpresa nem rebuço, a “roja” mandou no Olímpico de Berlim, impondo-se com naturalidade e forçando a equipa de Gareth Southgate a organizar-se em dois blocos baixos que convidavam a formação de Luis de la Fuente a carregar em permanência, mas também a tentar encontrar soluções para jogar dentro de um espartilho que só a irreverência de Nico Williams e Yamal parecia capaz de desafiar.

Ao intervalo, as estatísticas traduziam de forma fiel a tendência do jogo, com os espanhóis a liderarem em todos os capítulos, à excepção dos desarmes e dos livres. No que diz respeito à posse de bola, os 70% da “roja” — convertidos em cinco remates, contra três ingleses — não deixavam margem para dúvidas.

Inglaterra chegara à final à custa de muita resiliência e de golos tardios, uma fórmula de que os “três leões” não estavam dispostos a abdicar. Mas a verdade é que a Espanha, apesar de ter tido quase sempre o encontro sob controlo, não conseguia penetrar nem criar oportunidades flagrantes para além de dois momentos protagonizados por Nico e Yamal, que, com 17 anos e um dia, “destronou” Renato Sanches como o mais jovem a disputar uma final.

Com Luke Shaw (autor do golo de Inglaterra na final do último Europeu) no lugar de Trippier, Yamal sentia dificuldades para explorar o corredor, mesmo com Carvajal de regresso (tal como Le Normand) ao “onze”, após cumprir castigo na meia-final.

E isso teve impacto, permitindo ainda que os ingleses explorassem o corredor para testar a atenção e concentração da defesa contrária, como se viu num par de investidas e num remate de Foden para a única defesa de Simón, mesmo a acabar a primeira metade, numa bola parada.

Mas a história da final do Alemanha2024 estava prestes a abrir um capítulo mais entusiasmante, com a segunda parte a começar com um golo de Nico Williams: Yamal flectiu para dentro e cruzou a bola à entrada da área, com Dani Olmo a atrair a marcação e Nico Williams a surgir solto para bater Pickford (47’).

Luis de la Fuente, que tinha sido forçado a substituir Rodri por Zubimendi, acabava de descobrir o mapa do tesouro. E só não desenterrou aí a arca com o troféu do Euro porque Dani Olmo, Morata e Nico Williams pouparam a Inglaterra a uma capitulação precoce, com três oportunidades de golo desperdiçadas no espaço de oito minutos.

Aturdida, a Inglaterra procurou sobreviver à avalanche espanhola para poder colocar a final em perspectiva e tentar um golpe de asa antes que fosse demasiado tarde. Southgate sacrificou Harry Kane (que continua sem conquistar um título na carreira), tentando a fórmula da meia-final, salva por Watkins, mas não foi, no imediato, além de um disparo de Bellingham, sem que justificasse intervenção de Simón. Mais complicada foi a tarefa de Pickford, a mergulhar para parar remate de Yamal e evitar uma inevitável sentença.

Mas o jogo tinha algo mais reservado para os ingleses. E se o dedo de Southgate não resultou com Watkins, funcionou em pleno com Palmer, que tirou um coelho da cartola, relançando a final a menos de 20 minutos dos 90, três após ter rendido Mainoo.

Com o jogo a caminhar rapidamente para o fim, a Espanha desafiou a lógica e arriscou. Manteve o pé no acelerador e foi recompensada. No fundo, a prova de que a coragem não é sinónimo de fraqueza. Nessa perspectiva, os espanhóis foram premiados com o golo do título, numa transição finalizada por Oyarzabal, a quatro minutos dos 90. Um golo decisivo a que os ingleses não foram capazes de responder graças a Dani Olmo. O atacante espanhol do Leipzig não marcou e terá que dividir o troféu de melhor goleador com mais cinco jogadores. Mas bem poderia reclamar o título, pois o golo que salvou, sobre a linha fatal, evitando o prolongamento, valeu bem por dois.

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