Skye, a ilha das fadas
“A segunda maior ilha da Escócia e a maior das Hébridas Interiores supera tudo”, todas as maravilhas que a leitora Antónia de Matos Serôdio vira antes no país.
Todas as palavras elogiosas são poucas para descrever a Escócia, esse país tão rico em património natural como em património histórico ou cultural, repleto de paisagens exuberantes, vales glaciares, castelos, lagos e monstros, kilts e gaitas-de-foles, sem esquecer os tão afamados whiskies.
Nada como percorrê-lo de carro para perceber que, entre os seus múltiplos atributos, é a natureza que o torna particularmente icónico, atractivo, fonte de inspiração no cinema ou na música e procurado por viajantes de todo o mundo. De clima instável, é tão emocionante quanto misterioso ou nostálgico e os lugares incrivelmente bonitos não param de se suceder. Até conhecer Skye tinha como certo que alguns deles eram mesmo insuperáveis.
Mas não, Skye, situada nas Terras Altas, a segunda maior ilha da Escócia e a maior das Hébridas Interiores, supera tudo!
Passada a Sky Bridge, a ponte que separa a ilha das fadas do restante território escocês, mergulhamos numa atmosfera mágica. Retrocedemos no tempo, voltamos às histórias habitadas por fadas, duendes e outros seres do fantástico que só cabem no imaginário infantil.
Percorrendo os pequenos povoados, as estradas quase desertas ou os múltiplos trilhos pedestres, facilmente somos transportados para o lado mais fantasioso da vida.
Sky Bridge, a ponte situada junto a Kyle of Lochalsh, é o único ponto que liga Skye ao continente. Depois, seguem-se paisagens poderosas, cenários idílicos, desvendados a cada quilómetro da estrada. Alguns dos mais emblemáticos da Escócia, como The Old Man of Storr, Quiraing, Creag an Fheilidh (Kilt Rock) ou Cuillin.
Circundada por outras pequenas ilhas localizadas na costa oeste, Skye possui uma história e um património muito ricos, onde não faltam monumentos antigos, castelos sombrios, histórias de guerras entre clãs rivais ou rebeliões jacobitas, fósseis de dinossauros e sítios pré-históricos.
Tem um dos relevos mais escarpados da Escócia e é a região menos povoada da Europa ocidental. A sua vida selvagem é igualmente admirável. Os variados habitats permitem a observação de baleias, lontras, golfinhos, águias douradas, águias marinhas de cauda branca e papagaios-do-mar.
Portree, a capital, é um recanto admirável, com um carácter próprio e um porto muito colorido. A pesca é uma das actividades mais importantes na economia local e os vários restaurantes da cidade dão-nos bem conta disso.
As localidades mais conhecidas são, no Norte, Dunvegan, Edinbane, Uig e Staffin. No Sul, Broadford, Armadale, Carbost, Elgol e Kyleakin.
Uig é uma pequena aldeia que se destaca de entre todas as que visitámos. De uma beleza ofuscante e nostálgica, vista de longe devolve uma imagem de isolamento, parece situada nos confins da terra. De perto o sentimento acentua-se. O mar infinito, o vento cortante, as casas dispersas, os bancos vazios, o ferry que num vaivém certifica o isolamento e a descontinuidade, confirma as suspeitas de que o limite do mundo bem pode estar por perto.
Quiraing, cujo nome vem do nórdico antigo Kví Rand e que significa 'dobra redonda', situado no Norte, não é apenas mais um postal bonito. De paragem obrigatória, é de uma beleza avassaladora.
Partes da paisagem de Quiraing ganharam nomes específicos: Needle é um pináculo irregular de 37 metros de altura, remanescente de um deslizamento de terra; The Table, uma área plana que desce do planalto do cume e The Prison um pico rochoso piramidal que pode parecer uma fortaleza medieval quando visto do ângulo certo. O sítio ideal para sentir a misteriosa natureza de Skye.
Creag an Fheilidh (Kilt Rock) é outra das atracções de tirar o fôlego. Um penhasco com 60 metros de altura, marco da notável geologia da ilha formado ao longo de milhões de anos. As altas colunas são feitas de rocha dura de basalto que se erguem sobre um arenito mais macio e se assemelham às pregas do tradicional kilt escocês. O alto dos penhascos é um local privilegiado para observação da diversificada vida selvagem de Skye, por ali passam habitualmente golfinhos, baleias e outras criaturas marinhas.
The Old Man of Storr, uma rocha em forma de pináculo que se ergue muito alto e se avista a quilómetros de distância, é certamente o monumento natural mais famoso e fotografado da ilha. Ou até da Escócia.
Para chegar a Skye o mais fácil é ir de carro, mas pode igualmente aceder-se por mar, há várias linhas de ferries disponíveis.
A influência do oceano Atlântico e a corrente do Golfo criam um clima oceânico ameno, mas, tal como na maioria das ilhas da costa oeste da Escócia, a precipitação é geralmente alta. Na bagagem não podem faltar o impermeável e o espírito aberto para desfrutar em pleno de tanta beleza. Com sol ou com chuva, a ilha das fadas é uma verdadeira maravilha da natureza.
Antónia de Matos Serôdio