Arroz branco, café e ovos associados a elevados níveis de PFAS no plasma e leite materno
Analisadas amostras de três mil mulheres grávidas que consomem mais arroz branco, café e ovos e que apresentaram níveis elevados de substâncias perfluoroalquiladas (PFAS) no plasma e no leite materno.
Uma nova pesquisa publicada na revista Science of The Total Environment sugere que os organismos que consomem mais alimentos como arroz branco, café, ovos e marisco apresentam níveis mais elevados de substâncias perfluoroalquiladas (PFAS). Segundo o The Guardian, o estudo, destinado a identificar alimentos que contêm níveis mais altos de PFAS, teve por base amostras de plasma e leite materno de três mil mulheres grávidas. Além disso, identificou uma associação entre o consumo de carne vermelha e os níveis de ácido sulfónico perfluorooctano (PFOS), um dos compostos PFAS mais comuns e perigosos.
“Os resultados apontam definitivamente para a necessidade de gestão ambiental e de manter as PFAS fora do meio ambiente e da cadeia alimentar”, refere Megan Romano, investigadora de Dartmouth e autora principal do estudo.
Megan enfatiza ainda a omnipresença que os produtos químicos podem assumir nos alimentos. “Estamos numa situação em que estão por toda a parte e vão ficar por aqui mesmo se fizermos uma remediação agressiva”, afirma.
As substâncias perfluoroalquiladas (PFAS) constituem uma vasta família de substâncias químicas sintéticas utilizadas, desde o final dos anos 1940, em vários produtos e processos industriais. Trata-se de compostos químicos persistentes, ou seja, que não se degradam com facilidade.
Já em anos anteriores outros estudos publicados em revistas científicas sugeriam uma relação entre as PFAS e determinados riscos para a saúde humana. “Muitas PFAS têm-se demonstrado tóxicas para a saúde humana. Várias [destas substâncias] têm sido associadas a diversos impactes negativos para a saúde humana, incluindo níveis aumentados de colesterol, redução do peso do bebé à nascença, efeitos no sistema imunitário, risco acrescido de cancro e perturbação da hormona tireoideia”, refere um relatório publicado em Junho de 2022 pelo HBM4EU, um projecto financiado pela União Europeia.
As PFAS podem acabar por contaminar os alimentos por várias vias. No arroz, os investigadores acreditam que se origine a partir do solo contaminado ou da água agrícola. Quanto aos ovos, os investigadores encontraram níveis mais altos de PFAS associados a ovos de galinhas de quintal, o que pode ser atribuído às aves mais comummente alimentadas com restos de comida, que podem conter os produtos químicos.
No café, os investigadores suspeitam que os grãos ou o solo possam estar contaminados. Os frutos do mar, por sua vez, estão frequentemente contaminados com PFAS devido à poluição da água.
Megan Romano explica que o trabalho dos investigadores permite também concluir que dietas ricas em frutas, grãos integrais e fibras dietéticas estão associadas a níveis mais baixos de alguns PFAS. Manter uma dieta variada é o mais benéfico. “Isto ajuda não apenas a reduzir a exposição a PFAS, mas também a outros contaminantes alimentares”, refere Romano.