Hospitais de dia que tratam doentes oncológicos estão “no limite”

Se não se investir em instalações, equipamentos e profissionais de saúde, “em pouco tempo estaremos a tratar doentes a fazer quimioterapias fora do tempo aceitável”, avisou administrador hospitalar.

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Alerta foi deixado pelo presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, no Parlamento Nelson Garrido
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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, alertou esta quinta-feira que a maior parte dos hospitais têm os seus hospitais de dia "completamente no limite" e defendeu que o investimento não pode se limitar às cirurgias oncológicas.

"O OncoStop [programa de recuperação de cirurgias oncológicas] não é suficiente. É preciso mais investimento noutras dimensões. Os hospitais de dia, onde se faz quimioterapia, onde são tratados doentes oncológicos, estão completamente no limite", afirmou aquele responsável.

Xavier Barreto falava numa audição, solicitada pelo grupo parlamentar do BE, no grupo de trabalho da comissão de Saúde para acompanhamento da execução do plano de emergência e transformação da saúde aprovado pelo Governo no final de Maio.

Segundo referiu, o investimento nas instalações dos hospitais de dia, nos seus equipamentos e nas equipas de profissionais de saúde é necessário para se "conseguir tratar mais doentes em tempo útil".

"Se não fizermos isso, em pouco tempo estaremos a tratar doentes a fazer quimioterapias fora do tempo aceitável", avisou o administrador hospitalar, para quem é necessário ter em conta, não apenas as cirurgias, mas também outras áreas que "estão no limite" como a quimioterapia e a radioterapia.

Perante os deputados, Xavier Barreto considerou ainda que os dados sobre o investimento que constam do relatório do Conselho das Finanças Públicas sobre o desempenho de 2023 do Serviço Nacional de Saúde, recentemente divulgado, são "no mínimo preocupantes".

Entre 2014 e 2023, "apenas 1,7% da despesa em saúde foi para investimento. E mesmo no ano passado, cerca de metade do montante que estava previsto para investimento não foi executado, isso tem consequências", realçou Xavier Barreto.

"Nós não podemos achar que os profissionais trabalham satisfeitos em instalações que muitas vezes estão decrépitas ou com equipamentos que estão completamente ultrapassados", avisou.

No final de Maio, o Governo aprovou o plano de emergência e transformação na saúde, composto por cinco eixos prioritários, que incluem 54 medidas para serem implementadas de forma urgente, prioritária e estrutural.

Um destas medidas é a regularização da lista de espera para cirurgia oncológica, através do programa OncoStop2024 a vigorar até final de Agosto, destinado especificamente aos doentes que estão acima dos tempos médios de resposta garantida para serem operados.

Na quarta-feira, no Parlamento, a ministra da Saúde anunciou que, dos 9.374 doentes que aguardavam cirurgia oncológica no início do programa de emergência para a saúde, em Abril, estão 349 por operar.