PAN denuncia abate de javalis “em frente a crianças” na serra da Arrábida. Ministério do Ambiente averigua

O Movimento pela Arrábida denunciou o abate de sete javalis com armas de fogo na presença de menores. Ministério do Ambiente está a averiguar o caso.

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PAN denuncia abate de javalis na Arrábida “em frente a crianças”. ICNF desmente presença de menores Danny Kroon/Unsplash
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Os javalis são vistos com frequência na serra da Arrábida e até se aproximam de moradores e banhistas, mas no passado dia 3 de Julho sete destes animais foram abatidos, alegadamente, “em frente a crianças e adultos”, denuncia Inês Sousa Real, porta-voz do PAN.

A deputada expôs a situação durante uma audição regimental no Parlamento da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho. Segundo a mesma, sete javalis que apareceram na Praia do Creiro foram mortos com carabinas, uma arma de fogo utilizada para a caça. “O abate terá decorrido junto de crianças”, destaca a deputada do PAN, em declarações ao P3.

Segundo o partido, os sete animais foram abatidos perto do restaurante Anicha-Bar. O PAN soube do caso através de uma denúncia do Movimento pela Arrábida que disse ter visto viaturas e guardas do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), bem como dois civis, a disparar contra os animais.

“Várias pessoas, turistas e moradores, cuidavam destes animais que eram tratados como membros da comunidade. O seu abate é de uma falta de sensibilidade atroz”, escreveu o PAN esta quarta-feira, 10 de Julho, no Instagram.

Numa nota enviada ao P3 esta sexta-feira, dia 12 de Julho, o ICNF adianta que os animais foram abatidos por “dois caçadores devidamente credenciados” e que acompanhou o momento a pedido dos mesmos. O comunicado reforça ainda que todos os restaurantes e apoios de praia já estavam encerrados e que não havia pessoas perto do local.

Inês Sousa Real, por outro lado, afirma que os javalis “eram alimentados junto ao restaurante e já estavam habituados à presença humana”. Como tal, alega, não representavam perigo para as pessoas que estavam na praia.

“O PAN já apresentou requerimento para que sejam prestados esclarecimentos. Não nos faz sentido que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas seja precisamente quem anda a abater animais que fazem parte integrante da natureza. O papel desta entidade deveria ser de fiscalização e controlo e não de abate”, completa Inês Sousa Real.

Os javalis, espécie omnívora que se alimenta, entre outras coisas, de raízes e bolotas, estariam na praia à procura de alimento. Uma das fotografias partilhada pelo Jornal de Notícias mostra um javali e uma cria a retirar restos de comida de um caixote do lixo.

A ministra lamentou a morte dos animais e o Ministério do Ambiente anunciou que está a averiguar o caso para que tal não se repita.

Na quarta-feira, horas depois de o partido ter denunciado o abate nas redes sociais, o presidente de uma outra associação, o Clube da Arrábida, desmentiu as afirmações, acrescentando que os animais não foram mortos em frente a crianças. Em declarações ao JN, Pedro Vieira lamentou que “o PAN difunda notícias que não correspondem à realidade e que a ministra condene uma acção que não conhece e que é perfeitamente legal”.

O presidente reconheceu que apareceram dois caçadores do ICNF na Praia do Creiro por volta das 20h30 de 3 de Julho para abater os animais que são selvagens e, dada a proximidade, estavam a pôr em causa a segurança da população. No entanto, afirmou que foram mortos seis javalis e não sete, como disse o PAN, e que os disparos aconteceram fora do areal e longe da presença de menores.

Pedro Vieira esclareceu ainda que o abate de javalis tem como único objectivo “corrigir a densidade populacional” destes animais e é uma acção legal que resulta de um protocolo entre o ICNF, a Câmara de Setúbal e o Clube da Arrábida.

Segundo o mesmo, a presença de javalis perto de banhistas e moradores é cada vez maior e tem motivado várias queixas. Disse ainda que muitos se aproximam de pessoas para lhes roubarem a comida.

O P3 contactou por email o Movimento pela Arrábida para confirmar as declarações do PAN, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Artigo actualizado às 16h53 do dia 12 de Julho para acrescentar a resposta do ICNF.

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