Peritos dizem que fome aguda se espalhou a todo o território de Gaza

Israel ordenou aos residentes da Cidade de Gaza que deixassem o local. ONU diz que ordens de evacuação são “confusas” e que por vezes levam civis para zonas onde há ataques.

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Crianças que sofrem de subnutrição num centro médico em Gaza Mohammed Salem / REUTERS
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Todo o território da Faixa de Gaza está em situação de fome aguda, segundo uma declaração de vários peritos das Nações Unidas, citando mortes de crianças e um relatório da IPC, que usa a classificação Integrated Food Security Phase para declarar vários níveis de fome.

As autoridades de Saúde da Faixa de Gaza indicaram que pelo menos 33 crianças morreram vítimas de subnutrição, a maioria no Norte da Faixa de Gaza, que tem sido a parte do território mais afectada pela falta de alimentos.

Os peritos invocaram, no entanto, a morte de três crianças em específico (Fayez Ataya, de 6 meses, Ahmad Abu Reida, 9 anos, e Abdulqader Al-Serhi, de 13) por subnutrição na parte central de Gaza entre o final de Maio e o início de Junho para declarar que já não é só o Norte (onde se inclui a Cidade de Gaza) mas todo o território a enfrentar uma situação de fome aguda.

“Quando a primeira criança morre de subnutrição e desidratação, é irrefutável que a fome se instalou”, disseram os peritos na sua declaração.

Citada pela CNN, a missão permanente de Israel em Genebra disse que os peritos estavam a “espalhar desinformação” e a “apoiar a propaganda do Hamas”.

Em Junho, o IPC relatou uma deterioração da situação humanitária na sequência do avanço do Exército israelita para algumas partes de Rafah, incluindo a tomada do posto de passagem para o Egipto, por onde estava a entrar alguma ajuda humanitária (que as organizações humanitárias diziam unanimemente ser insuficiente e Israel alegava que era apenas mal distribuída). Esta passagem está encerrada desde Maio.

Um cais flutuante dos EUA para facilitar a entrada de ajuda para a parte Norte e que foi danificado pelo mau tempo irá voltar a ser posto a funcionar durante alguns dias para acabar de escoar ajuda em Chipre, e será depois retirado definitivamente. O cais atraiu críticas por ter sido caro e pouco eficaz, continuando a ser a entrada de ajuda por terra a melhor, repetiram agências de ajuda humanitária.

A declaração da ONU em relação à fome foi um “aviso forte”, declarou o grupo Action Aid, pedindo de novo um cessar-fogo – há, de novo, negociações a decorrer para libertação dos reféns em troca de um cessar-fogo depois de o Hamas ter desistido da sua exigência de ter um cessar-fogo permanente numa fase inicial da libertação.

Mas uma série de ataques israelitas renovados estão, ameaçou o movimento islamista, a pôr este cessar-fogo em risco.

O Exército ordenou, esta quarta-feira, a saída de todos habitantes que ainda se mantém na Cidade de Gaza, depois de ao longo das últimas duas semanas ter emitido estas ordens para apenas algumas partes da cidade, aonde dizem que o Hamas e a Jihad Islâmica possam ter regressado, segundo a emissora britânica BBC.

O gabinete de Direitos Humanos das Nações Unidas expressou preocupação com essas ordens depois de no domingo Israel ter emitido ordens para a deslocação dos civis para oeste da Cidade de Gaza, para depois o exército intensificar ataques sobre os corredores que as pessoas teriam de usar para sair.

“As ordens de evacuação das IDF [Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês] são confusas, muitas vezes dizendo às pessoas para se deslocar para zonas onde há operações militares”, disse o gabinete de Direitos Humanos da ONU.

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