Pascal Quignard convoca uma companhia de solitários

Os Desarçonados é um livro em fuga. Que se recusa obedecer e declarar o género literário a que pertence. Um livro de caça e de guerra, de caçadores e guerreiros. A guerra é a vida.

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Os Desarçonados: Pascal Quignard em expedição antropológica ao matagal obscuro do humano Raphael GAILLARDE/Gamma-Rapho via Getty Images
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Este livro de Pascal Quignard foge resolutamente de qualquer enquadramento. Recusa-se a ser detido, a responder a quaisquer perguntas. Nem sequer acede a revelar a sua identidade. Ele é, sem dúvida – ou no usufruto jubiloso e violento de todas as dúvidas –, um suspeito em fuga. Um infractor altamente perigoso. E, como dirá o autor francês a dado ponto, livre como os gatos. Por isso, Os Desarçonados é tanto uma biologia especulativa, fantasiosa e sonhadora, capaz de descrever “a bolsa não-verbal oculta no fundo de cada corpo” (p.144), como a rigorosa expedição antropológica ao matagal obscuro do humano – “Embora o homem não tenha nunca a possibilidade de experimentar o seu fim, ele é o único dos animais no qual toda a vida é orientada pela imaginação da sua morte.” (p.51).

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