O plano da Turquia para acabar com milhões de cães de rua está a preocupar os activistas

Segundo o projecto de lei, os cães vão ser esterilizados e colocados para adopção. Os que em 30 dias não tiverem novos tutores serão eutanasiados. Existem 4 milhões de animais errantes na Turquia.

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A Turquia está dividida entre a esterilização e o abate para diminuir número de cães de rua Umit Bektas/Reuters
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Muitos ds habitantes têm o hábito de alimentar os cães vadios Umit Bektas/Reuters
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A maioria da população de Ancara é contra o abate Umit Bektas/Reuters
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Não existem veterinários municipais suficientes para vacinar e esterilizar todos os animais Umit Bektas/Reuters
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O país também não tem abrigos e associações para acolher milhões de cães Umit Bektas/Reuters
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O número de cães e gatos nas ruas da Turquia é um problema antigo, mas o partido do Presidente Recep Tayyip Erdogan acredita ter encontrado uma solução para diminuir a quantidade de matilhas.

O projecto de lei do partido Justiça e Desenvolvimento ainda não foi discutido no Parlamento, mas já anda a circular pelos meios de comunicação turcos. Segundo os mesmos, o plano é esterilizar e recolher os animais. Os que não forem adoptados em 30 dias serão eutanasiados.

Estima-se que existam nas zonas rurais da Turquia perto de quatro milhões de cães e gatos a viver nas ruas, escreve o Financial Times, o equivalente ao total de habitantes da cidade de Izmir, a terceira maior do país.

Tayyip Erdogan ainda não se pronunciou sobre o projecto de lei, mas em Maio já tinha dito que o problema dos cães atingiu um “ponto insustentável”, uma vez que muitos destes animais têm raiva e outras doenças que representam riscos para a saúde pública.

“Temos um problema de cães vadios que não existe em nenhum país desenvolvido”, declarou. Para o Presidente, o problema dos animais errantes está a atrasar o desenvolvimento da Turquia. No entanto, Erdogan nada disse sobre um possível abate de cães e gatos selvagens.

De acordo com a BBC, há mais de 20 anos que a Turquia tenta diminuir o número de matilhas de cães, mas a gestão tem sido feita de forma “inconsistente”. Estes animais são capturados das ruas, esterilizados, vacinados e devolvidos aos locais onde foram encontrados. No entanto, especialmente nas cidades mais pequenas, não existem abrigos ou associações suficientes para acolher os animais nem veterinários municipais capazes de vacinar e esterilizar todos.

Maioria da população é contra o abate

De acordo com o Guardian, na Turquia, graças a uma lei aprovada em 2004 pelo próprio Erdogan, os cães têm o direito de viver na rua. No país, há quem tenha o hábito de dar ração seca e até pedaços de carne para os animais. Por outro lado, destaca o Financial Times, também há quem considere os cães errantes “impuros”.

Num inquérito feito em 2023 à população de Ancara, 80% dos inquiridos concordam que os cães devem ser retirados das ruas, contudo, reforça a BBC, mostrou-se contra a eutanásia. Menos de 3% concordou com o abate.

Segundo a Reuters, o projecto de lei está a gerar preocupação entre os activistas pelos direitos dos animais que recordam uma medida governamental tomada em 1910, quando 80 mil cães de rua foram levados para uma ilhota desabitada perto de Istambul e deixados a morrer à sede e à fome. Em declarações à mesma agência, o presidente da associação Animal Rights Federation, Ahmet Kemal Senpolat, acredita que a esterilização é o melhor passo a seguir para que a população de cães diminua, "mas de forma humana".

Perante as críticas, Erdogan reforçou que o objectivo da medida é conseguir que todos os cães recolhidos das ruas sejam adoptados. "Se conseguirmos isso, não haverá necessidade do próximo passo", completou.

Segundo dados do Governo turco citados pela BBC, os cães errantes provocaram 3500 acidentes rodoviários nos últimos cinco anos que culminaram na morte de 55 pessoas e deixaram 5 mil feridas. Ocasionalmente, atacam a população, nomeadamente, crianças e idosos.

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