Montenegro avisa que reivindicações das forças de segurança não podem prejudicar interesse colectivo

Primeiro-ministro defendeu que é preciso “ter o sentido de responsabilidade de não fazer nenhum interesse particular, por mais legítimo e justo que seja, claudicar o interesse colectivo”.

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Luís Montenegro passa revista às forças em parada durante a cerimónia de Compromisso de Honra de 217 guardas provisórios do curso de novos elementos da Guarda Nacional Republicana PAULO NOVAIS / LUSA
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Os representantes das forças de segurança não têm grande expectativa sobre a reunião desta terça-feira com a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, avisou nesta segunda-feira que as suas reivindicações não podem pôr em causa o interesse colectivo do país.

Na Figueira da Foz, perante 217 militares que completaram o curso de GNR, Montenegro defendeu "maior justiça e equilíbrio nas remunerações". Todavia, não saiu da proposta aventada pela tutela.

Declarou Montenegro: "A nossa única limitação é apenas fazer coincidir este esforço com um outro que está acima de tudo: quem tem, como nós temos, a missão de cuidar pelo bem-estar de todo um país, tem de ter o sentido de responsabilidade de não fazer nenhum interesse particular, por mais legítimo e justo que seja, claudicar o interesse colectivo de todo um povo e de toda uma nação."

O primeiro-ministro lembrou que sem segurança não é possível garantir os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos nem os valores da democracia. E agradeceu as palavras do comandante-geral da GNR, tenente-general Ribeiro Veloso, nas quais considera ter encontrado "realismo, sentido de responsabilidade e sentido de compromisso".

Na sua intervenção, Ribeiro Veloso disse que este é um tempo o de "arregaçar as mangas e fazer mais e melhor" com os meios de que a GNR dispõe. Notou o reduzido número de mulheres (16 em 234) que iniciaram o 54.º curso de formação de guardas da GNR e congratulou-se por todas o terem terminado.

Bruno Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia e porta-voz da Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações da GNR, ouviu com atenção as palavras de Montenegro. “É o mesmo diapasão”, reagiu, numa curta chamada telefónica.

A ministra da tutela convocou para esta terça-feira de manhã uma nova ronda negocial. Primeiro, logo pelas 09h30, reúne-se com representantes associativos da GNR. Depois, às 10h30 e às 11h30, com representantes sindicais da PSP.

Bruno Pereira não vai esperançado. “Não sei se haverá alguma medida complementar que vá apresentar”, comenta. Armando Ferreira, do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), também não. “Depois do que o senhor primeiro-ministro disse, a expectativa é resolver pela via parlamentar, no próximo Orçamento do Estado.”

O MAI propõe um aumento de 300 euros mensais, passando de forma faseada o suplemento fixo de 100 para 400 euros. Seriam 200 euros mensais a partir deste dia 1 de Julho, mais 50 euros a partir de 1 de Janeiro de 2025 e outros 50 a partir de Janeiro de 2026. A plataforma propõe um aumento de 400 euros pago em três vezes (200 euros este ano, 100 euros em 2025 e outros 100 em 2026). E o Sinapol e outros sindicatos reivindicam um suplemento de missão igual ao da Polícia Judiciária (600 euros).