Biden diz que está “empenhado com firmeza” em manter-se na corrida à Casa Branca

Presidente dos EUA afirma que “é tempo de acabar” com a especulação acerca da sua candidatura e desafia quem o quer ver fora da corrida a aparecer na convenção do partido, em Agosto.

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Joe Biden tenta contrariar a ideia de que está a ficar isolado no Partido Democrata Nathan Howard / REUTERS
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É logo na primeira frase que Joe Biden vai directo ao assunto: “Apesar de toda a especulação na imprensa e não só, estou empenhado com firmeza em continuar nesta corrida, em corrê-la até ao fim e em vencer Donald Trump.”

Depois de duas semanas em que a sua candidatura viveu ensombrada pela prestação no debate contra Trump na CNN e em que o espectro da desistência esteve a pairar, o Presidente dos Estados Unidos escreveu uma carta aos congressistas do Partido Democrata para lhes garantir que não está nos seus planos abandonar a disputa eleitoral.

“Eu não me teria candidatado novamente se não acreditasse em absoluto que sou a melhor pessoa para derrotar Donald Trump em 2024”, escreveu Biden na carta, reproduzida por diversos meios de comunicação norte-americanos. O Presidente-candidato diz ter passado os últimos dias a “ouvir as preocupações das pessoas” e garante que “não é cego” perante elas, mas argumenta que “é tempo de acabar” com o falatório sobre uma possível retirada da corrida.

Joe Biden já tinha antes afastado essa possibilidade, reconhecendo que o seu desempenho no debate não foi bom, mas argumentando que ainda sabe desempenhar o cargo. “Não debato tão bem como dantes, mas sei aquilo em que sou bom. Sei como dizer a verdade”, disse, num comício, logo após o frente-a-frente.

As garantias não tranquilizaram muitos apoiantes e políticos do Partido Democrata, de onde se têm erguido vozes – ainda tímidas e nenhuma de primeira linha – a pedir a Biden que se retire da campanha. O New York Times chegou a noticiar que o próprio Presidente tinha consciência da delicadeza do momento, e que até admitira uma desistência, mas a Casa Branca desmentiu prontamente essa ideia.

Agora, terminada a pausa nos trabalhos do Congresso devido ao 4 de Julho (Dia da Independência), Biden tenta impedir que o apelo suba de tom e faz um pedido às tropas.

“Temos um trabalho. E é derrotar Donald Trump. Temos 42 dias até à convenção democrata e 119 até às eleições. Qualquer falta de determinação ou de clareza sobre a tarefa que temos pela frente apenas ajuda Trump e nos prejudica. É tempo de nos unirmos, caminharmos como um partido unido, e de derrotarmos Donald Trump.”

Biden desafiante

Apesar da carta, não é certo que o assunto desapareça tão cedo do horizonte de Biden. O site Axios cita legisladores democratas segundo os quais os apelos à sua desistência vão aumentar nos próximos dias.

Para reforçar a sua legitimidade como candidato, Biden dedica o primeiro terço da carta a relembrar o processo que levará à sua nomeação, em Agosto. “Eu recebi mais de 14 milhões de votos, 87% de todos os votos durante o processo de nomeação. (…) Os eleitores do Partido Democrata votaram. Eles escolheram-me para ser o nomeado. Agora dizemos simplesmente que este processo não contou? Que os votantes não têm voz na matéria? Eu recuso-me a fazê-lo”, escreve Biden.

De seguida, o candidato elenca alguns sucessos do seu mandato – como a baixa taxa de desemprego, por exemplo – e ataca as propostas do oponente, que acusa de querer cortar os impostos aos mais ricos e os apoios sociais à classe média e aos mais pobres. Biden também se refere à reversão do direito ao aborto e avisa que o Partido Republicano “não vai ficar por aqui”, agora que tem “uma maioria de direita” no Supremo Tribunal.

Por fim, o Presidente descreve Trump como uma ameaça para a democracia americana. “Depois de 6 de Janeiro [de 2021], Trump provou que não tem condições para ser Presidente. Não podemos permitir que se aproxime daquele cargo novamente.”

A convenção democrata, na qual se prevê que Joe Biden seja oficialmente nomeado como candidato do partido à Casa Branca, decorre entre 19 e 22 de Agosto, em Chicago. O Presidente tem mais de 95% dos 3949 delegados do seu lado, pelo que, na prática, apenas uma desistência do próprio permitiria escolher outro candidato.

Esta segunda-feira, numa entrevista ao popular programa Morning Joe da MSNBC, Biden desafiou quem o insta a sair da corrida a apresentar-se na convenção e a propor isso mesmo. “Eu não vou a lado nenhum”, garantiu.

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