Transferências com o número de telemóvel disponíveis em dois dos cinco maiores bancos

BPI e BCP foram os primeiros a lançar novo serviço que permite transferências através de número de telefone ou do NIPC. Caixa admite lançamento até ao final de Julho.

Foto
Transferências através do número de telemóvel têm registado forte adesão dos mais jovens Matilde Fieschi
Ouça este artigo
00:00
04:02

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O SPIN, designação dada ao novo serviço criado pelo Banco de Portugal (BdP) que permite, no caso de particulares, a realização de transferências bancárias através do número de telemóvel do beneficiário, em alternativa à inserção dos 25 dígitos do IBAN (International Bank Account Number, na designação em inglês, ou número de identificação de conta bancária), apenas está a ser disponibilizado em dois dos cinco maiores bancos nacionais a operar no mercado. A Caixa Geral de Depósitos é das instituições que ainda não disponibilizam o serviço que pretende reforçar a segurança das transferências bancárias.

A nova funcionalidade, lançada a 24 de Junho, também vem facilitar as transferências entre empresas, ao permitir a sua realização através do número de identificação fiscal de pessoa colectiva (NIPC). E pode, para clientes particulares ou empresariais, ser utilizada não apenas nas transferências realizadas através de apps (aplicações para telemóveis), mas também nas realizadas pelo serviço de Internet, o homebanking, ou ao balcão.

Quando lançou a medida, que terá de ser oferecida pelos bancos sem qualquer custo para os clientes, a instituição liderada por Mário Centeno referiu que existiam 14 instituições prontas a arrancar com o serviço, representando cerca de 30% do mercado, não tendo sido, no entanto, revelada a sua identidade.

Mas, neste universo, apurou o PÚBLICO, constava apenas uma das cinco maiores instituições financeiras a operar no mercado nacional, o BPI, a que se juntou, esta semana, o Millennium BCP.

Apesar de três dos cinco maiores bancos ainda não terem disponibilizado o SPIN – que pretende evitar, juntamente com outra funcionalidade criada recentemente pelo supervisor, certo tipo de burlas –, isso não significa que se encontrem em incumprimento, uma vez que o supervisor bancário fixou um período transitório para a sua operacionalização, que decorre até 16 de Setembro.

Entre as instituições que ainda não disponibilizam a nova funcionalidade está, assim, a Caixa, que admite, no entanto, poder fazê-lo até ao final do mês. Isso mesmo adiantou fonte oficial, ao referir que a instituição “está a contar disponibilizar o SPIN na segunda quinzena de Julho”.

Menos precisa foi a resposta do Novo Banco, que se limitou a dizer que “terá o serviço dentro do prazo definido”. Já o Banco Santander não respondeu ao pedido de esclarecimento do PÚBLICO, e no seu site não se encontra qualquer informação sobre o mesmo.

O SPIN pode ser usado nas transferências a crédito ou imediatas e, para aceder a esta funcionalidade, os clientes, particulares e empresas, apenas precisam de manifestar, junto das instituições bancárias, a vontade de a utilizar, sendo que, em boa parte das contas bancárias, essa informação já está disponível.

A solução criada pelo BdP é mais abrangente que o MB Way (a app criado pela SIBS, gestora da rede Multibanco), sendo disponibilizada de forma automática, “sem necessidade de cartões ou de instalação de aplicações, e em todos os canais”, como fez questão de frisar Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal com o pelouro dos sistemas de pagamentos.

O SPIN, juntamente com outra inovação introduzida em Maio pelo supervisor, o da identificação automática do beneficiário de uma transferência, pretende evitar burlas como as que ficaram conhecidas por “Olá pai ou Olá mãe”, que têm lesado muito portugueses.

Entretanto, o supervisor bancário anunciará brevemente outra medida que pretende reforçar a segurança dos pagamentos realizados através de referências (mais conhecidas por referências multibanco) e de débitos directos. Trata-se da identificação do beneficiário final desses pagamentos ou do intermediário financeiro no caso de contas domiciliadas fora de Portugal.

O BdP está ainda a trabalhar na possibilidade de também ser identificado o ordenante ou pagador, importante no combate ao financiamento do terrorismo e no branqueamento de capitais.

De acordo com dados do BdP, no primeiro semestre de 2023, as burlas, incluindo todos os meios de pagamento, ascenderam a 1,8 milhões de euros, o que corresponde a 0,006% do universo total de pagamentos ou a seis fraudes por cada milhão de euros, um montante que, contudo, se tem agravado, uma vez que se situava em 0,003%, no mesmo período de 2021.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários