Roberto Martínez: “Ser previsível faz parte do que queremos fazer”

Seleccionador de Portugal contorna a questão do monopólio dos livres directos e elogia momento da equipa. Bernardo Silva também defende que a selecção tem estado a um bom nível.

Foto
Roberto Martínez RONALD WITTEK / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:59

O lançamento do jogo dos quartos-de-final do Euro 2024 (sexta-feira, 20h, TVI), diante da França, serviu para Roberto Martínez explicar o registo de "previsibilidade" de Portugal no torneio, para aceitar as críticas dos adeptos e para assegurar que todos os jogadores estão aptos a competir. E para contornar a questão dos livres directos.

"As críticas fazem parte do meu trabalho. Eu tenho a informação, os critérios, os dados de preparação do jogo, tudo o que precisamos para tomar decisões. As críticas mostram a paixão que há pela selecção e aceito isso. Eu vejo os treinos e tomo decisões em relação a isso", respondeu, quando confrontado com a imagem de uma selecção que ofensivamente não tem sido capaz de desmontar a organização dos adversários.

A esse respeito, desvaloriza a necessidade de Portugal ser mais imprevisível com bola. "Ser previsível... Todos sabemos como jogam as grandes equipas, o importante é a execução. Tivemos quatro jogos, tivemos 30 treinos, acho que agora estamos preparados, estamos focados, com muita autocrítica, mas o estilo é claro e não precisamos de mudar e de, jogo a jogo, tentarmos ser imprevisíveis. Ser previsível faz parte do que queremos fazer no relvado".

Previsível também tem sido o marcador dos livres directos. Cristiano Ronaldo bateu todos os que Portugal conquistou no torneio, com eficácia zero. Martínez assumiu que a decisão é do seleccionador, mas não explicou por que razão é sempre o capitão de equipa a marcar. "Essa decisão passa pelo seleccionador. Os jogadores praticam isso no treino, o Cris e o Bruno [Fernandes] são os dois jogadores que têm a responsabilidade. Algumas vezes é o perfil, a posição, o momento. Temos a sorte de ter dois jogadores com um nível muito alto".

Depois, puxou dos galões da estatística para provar que a selecção tem feito quase tudo bem feito. Têm faltado os golos. "Os jogos são muito competitivos, os adversários trabalham bem, é difícil marcar o primeiro golo. Somos das selecções que mais arriscam, que mais chegam ao último terço, que mais rematam, mas queremos melhorar".

Quanto à fadiga acumulada no prolongamento e no desempate por penáltis da eliminatória anterior, o técnico garante que não terá impacto no jogo com a França, que todos "estão preparados". E sobre as precauções a ter face a um adversário deste teor: "O importante é controlar o contra-ataque, a França tem vários jogadores que podem atacar o espaço, o Kylian, o Dembélé, o Thuram, e precisamos de respeitar isso. Controlar os ataques rápidos e defender bem a nossa área".

Bernardo: "Não estamos num mau lugar"

Antes, foi Bernardo Silva a usar da palavra, sem qualquer problema em assumir que a prestação pessoal pode estar abaixo das expectativas dos adeptos portugueses. "Sinto que estou a dar o meu melhor e vou continuar a fazê-lo, sabendo que posso melhorar bastante. Não sei se de fora parece mais fácil do que lá dentro, mas jogar uma fase final do Europeu, contra equipas organizadas, que defendem baixo, que fazem linhas de cinco e de seis, e que aceitam ficar atrás da linha da bola, às vezes não é fácil criarmos a quantidade de ocasiões de golo que queremos".

"Mas acho que a selecção não está num mau lugar para continuar a lutar pelo Campeonato da Europa", prosseguiu, deixando claro que quando o seleccionador achar que o seu rendimento já não é suficiente para ser escolha, estará de fora a dar o melhor. "Para jogar 10 minutos, cinco ou zero", garantiu.

Sem identificar um favorito num jogo entre selecções com grande qualidade, admite que o plano estratégico do adversário seja diferente daqueles que Portugal encontrou até à data. "Não sei como é que a França vai jogar. Calculo que não irão defender com todos os jogadores atrás da bola durante os 90 minutos, por isso acredito que possa haver mais espaço", limitou-se a prever.

E quando se pergunta se Portugal terá, diante da França, de ser melhor do que tem sido até agora, a resposta é esta: "Eu não estou de acordo quando dizem que Portugal não tem estado a um bom nível. Estamos entre os oito melhores da Europa e isso é sinal de que o trabalho tem sido muito bem feito".

Sugerir correcção
Ler 3 comentários