Vítor Almeida é o nome escolhido para presidir ao INEM

O médico do Hospital de São Teotónio é nome escolhido pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para presidir ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), após a demissão de Luís Meira.

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Vítor Almeida é médico com experiência nas viaturas médicas do INEM e no Servico de Helicópteros de Emergência Médica na regiao centro Rui Gaudêncio

O médico anestesista Vítor Almeida é o nome escolhido pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para presidir ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), após a demissão de Luís Meira, na passada segunda-feira, na sequência do episódio em torno de um novo ajuste directo para a operação dos helicópteros de emergência médica. O nome do médico foi avançado pela Sic Notícias e entretanto confirmado pelo PÚBLICO.

Vítor Almeida, médico no Hospital de São Teotónio, em Viseu, já foi presidente do colégio da competência em Emergência Médica da Ordem dos Médicos e é um forte defensor da criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência. Fez parte do grupo que em 2019 apresentou uma proposta para que essa especialidade fosse criada, que acabou por ser chumbada em Dezembro de 2022 pela Ordem dos Médicos após um longo debate interno que acabou com 51 votos contra, 21 a favor e três abstenções.

Recorde-se que na apresentação do Plano de Emergência e Transformação da Saúde a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou que faz parte dos planos do Governo relançar a questão da criação desta nova especialidade, bem como a criação de um departamento de urgência e emergência médica na nova Direcção Executiva do SNS.

A proposta para a criação da especialidade foi apresentada, em 2019, pelo colégio da competência de Emergência Médica ao conselho nacional da Ordem dos Médicos, que aprovou a criação de um grupo de trabalho. Este grupo elaborou a proposta de currículo para a especialidade, que teria cinco anos de formação, que foi colocada a discussão. Na altura em que a proposta foi chumbada, em declarações ao PÚBLICO, Vítor Almeida, lamentou a posição assumida pelos presidentes dos colégios de medicina interna, medicina geral e familiar e pediatria.

“Houve um alinhamento claro contra aquilo que achamos ser um pilar fundamental para os problemas da área assistencial da urgência, da qualidade que podemos dar aos doentes. Os argumentos apresentados no geral carecem de fundamentação científica. Quase todos estavam relacionados com o modelo organizacional, laboral e salarial. A Assembleia da Representantes é soberana, temos de aceitar este voto”, disse, considerando, contudo, que a decisão não representava a maioria dos médicos nem dos portugueses que se confrontam com os problemas nas urgências.

“A especialidade não ia resolver os problemas de imediato, mas ia criar quadros próprios bem formados que podiam acudir a qualquer situação de urgência. Íamos colher frutos daqui a cinco anos”, disse, lamentando que Portugal se mantenha como um dos quatro países europeus que não tem a especialidade de medicina de urgência médica. “Hoje foi proposto um modelo de formação que ia permitir mais qualidade e menos mortes evitáveis”, disse, então, reforçando que a proposta estava “devidamente estruturada nos saberes exigidos a nível europeu”.

O nome de Vítor Almeida já tinha estado na shortlist de três nomes apresentados ao então ministro da Saúde, Paulo Macedo, para assumir a presidência do INEM em 2014, a par de Teresa Cardoso Pinto, da delegação sul do INEM. À data, Paulo Campos foi quem assumiu este cargo.

Vítor Almeida nasceu em Lisboa, em 1966. Estudou Medicina em Hanôver, Alemanha e voltou a Portugal aos 28 anos, para exercer medicina geral e familiar no interior do país. Somou a especialidade em anestesiologia, pelos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

O médico participou também em missões internacionais, nomeadamente na retirada de refugiados da guerra civil da Guiné, em 1998; prestou assistência médica em Israel; foi destacado com a GNR para o Iraque, onde participou no socorro a um autocarro de passageiros vítima de atentado suicida bombista; e voltou à Guiné, em 2015, como chefe na missão Ébola.

Mais recentemente, em 2023, Vítor Almeida integrou uma equipa com quatro médicos, dois portugueses e duas luso-ucranianas, na Ucrânia numa missão humanitária para dar formação na área de transporte de doente crítico. A iniciativa foi coordenada pela Ordem dos Médicos (OM), através do seu Gabinete de Apoio Humanitário (GAHOM), com o apoio do ministério da Saúde.

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