Montenegro defende que extremismos só se combatem com “bons governos”

Sublinhando que a votação do Chega nas eleições europeias foi mais baixa do que nas legislativas, o primeiro-ministro considerou que o “o combate aos extremismos só sairá vencedor com governos bons”.

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"Nós somos o partido do povo", defendeu Luís Montenegro TIAGO PETINGA / LUSA
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O presidente do PSD defendeu, esta quarta-feira, que o combate aos extremismos "só é viável e só sairá vencedor" com governos bons, fazendo notar que em Portugal o Chega perdeu representação depois de três meses de uma governação social-democrata.

Numa intervenção nas jornadas do Partido Popular Europeu (PPE), em Cascais, Luís Montenegro salientou que, nas últimas eleições europeias, dos 21 eurodeputados portugueses 17 pertencem a "forças políticas moderadas e altamente comprometidas com o projecto europeu", somando AD, PS e IL.

"Mas também há em Portugal uma extrema-direita e activa", disse, salientando que o Chega conseguiu 50 deputados nas eleições legislativas em Março, mas teve muito menos representação nas europeias de Junho.

"Não quero dizer que tenha sido responsabilidade dos primeiros três meses do Governo do partido que dirijo, mas é um sinal importante que me parece dever partilhar convosco", referiu.

O primeiro-ministro português e presidente do PSD defendeu que "o combate aos extremismos só é viável e só sairá vencedor com governos bons, com governos que efectivamente se preocupem com os problemas reais das pessoas", quer em cada Estado-membro, quer na União Europeia.

"Nós somos o partido do povo, o partido das pessoas, temos de ter sempre o foco nos reais problemas das pessoas", afirmou.

Entre os desafios da União Europeia para os próximos cinco anos, Montenegro incluiu "a regulação dos fluxos migratórios", salientando que a Europa não pode "esquecer-se dos seus índices demográficos" e deve ser aberta, não só do ponto de vista económico, mas também humanitário.

"Só seremos capazes de dar bons projectos de vida a esses que nos procuram se tivermos uma política migratória com regulação: não nos podemos deixar intimidar pelos que querem fechar as portas da Europa, mas também não nos podemos deixar encantar pelos que querem as portas da Europa completamente abertas", afirmou, considerando que é necessário "assegurar segurança sentida e percepcionada" pelos cidadãos.

No início da sua intervenção, Montenegro fez questão de lembrar o apoio do Governo português para a eleição do socialista António Costa como presidente do Conselho Europeu.

"Sabem que me empenhei, apesar de sermos de famílias políticas diferentes, pessoalmente e em nome do meu Governo para que um socialista que combati como adversário político possa ser o próximo presidente do Conselho Europeu. Confio na escolha que foi feita e, apesar das guerras políticas a propósito da governação em Portugal, conheço bem o seu posicionamento e sei da sua capacidade para gerir diálogos, negociações e convergências", disse.

Montenegro disse que o PPE tem agora "justificadas razões" para esperar "dos outros o mesmo comportamento", referindo-se ao apoio dos socialistas e liberais para a votação que deverá confirmar Ursula Von der Leyen como presidente da Comissão Europeia e Roberta Metsola à frente do Parlamento Europeu.

Montenegro chegou acompanhado de Von der Leyen, e tinha à sua espera o antigo titular deste cargo Durão Barroso, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e vários eurodeputados eleitos pelo PSD, incluindo o cabeça de lista Sebastião Bugalho.

As jornadas do PPE decorrem até sexta-feira, na maioria à porta fechada, incluído a intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que aconteceu durante a manhã desta quarta-feira.