Plano Ferroviário Nacional: um compromisso para o futuro de Portugal

Espanha, em 30 anos, construiu cerca de 4000 km de rede de alta velocidade, com cooperação entre partidos, deixando de lado a gincana política.

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O estado da ferrovia em Portugal é uma questão de interesse nacional, que transcende governos e ciclos políticos. Este é o momento de pensarmos além do imediato e de assegurarmos um futuro sustentável e eficiente para as próximas gerações.

Em 2015, herdámos uma verdadeira hemorragia ferroviária que precisava de ser estancada com urgência. A prioridade do Governo do Partido Socialista foi recuperar o que estava abandonado e devolver a confiança aos portugueses, garantindo que a oferta era cumprida. Iniciámos a reabilitação das oficinas e a reparação dos comboios, injetando mais material circulante na rede. Este foi um esforço monumental, necessário para trazer de volta à vida um sistema ferroviário que tinha sido negligenciado por décadas. Lançámos o Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART), que além de um forte contributo para o Estado social, ao permitir deslocações a baixo preço, foi crucial para um incremento de aproximadamente 54% de passageiros na CP entre 2015 e 2023.

Mas a tarefa não parou por aí. Para termos um sistema ferroviário à altura das necessidades do país, era imperativo modernizar e expandir a rede. Lançámos o Ferrovia2020, com 2000M€ para a modernização e eletrificação de praticamente toda a rede ferroviária nacional. Neste momento, estão concretizados mais de 1000M€. Embora conscientes dos atrasos, devido à falta de capacidade do país para executar, é vital garantir ciclos contínuos de investimento para manter a prontidão das empresas do setor.

Do lado da operação, a compra de novos comboios foi essencial, mas é um processo complexo e demorado. Conseguimos avançar e os primeiros 22 novos comboios estão prestes a chegar. Os 117 novos comboios, a maior encomenda da nossa história, aguardam decisão judicial para avançar.

Orgulhamo-nos de ter lançado o projeto de Alta Velocidade, que transformará a mobilidade em Portugal, reduzindo significativamente os tempos de viagem entre as principais cidades e integrando melhor o nosso país com a rede ferroviária europeia. Espanha, em 30 anos, construiu cerca de 4000km de rede de alta velocidade, com cooperação entre partidos, deixando de lado a gincana política.

Agora é a nossa vez, é preciso não deixar cair novamente a ferrovia e implementar o PFN. Este plano é uma visão estratégica para o futuro. Um país com planos rodoviários robustos nunca teve um plano ferroviário à altura. Chegou a hora de mudar isso. O PFN deve servir como linha orientadora para futuros investimentos, independentemente de quem esteja no governo. Deve ser um compromisso nacional, uma aposta clara e estruturada.

O PFN é vital para garantir a estabilidade do planeamento a longo prazo. Levará a ferrovia a todas as capitais de distrito, reduzirá os tempos de viagem e promoverá melhores ligações com infraestruturas portuárias e aeroportuárias. É, acima de tudo, um instrumento para garantir a coesão territorial e a sustentabilidade ambiental, objetivos que todos partilhamos.

A concretização do plano permitirá aumentar significativamente a quota modal do caminho de ferro para 20% nos passageiros, atualmente 5%, e nas mercadorias para 40%, atualmente cerca de 13%, porque teremos mais rede, mais capacidade, mais operação e mais comboios. O debate público que lançámos sobre a ferrovia gerou um consenso alargado, refletindo a prioridade nacional que ela representa.

É crucial que o atual Governo dê continuidade ao caminho que começámos. Este é um momento que exige a união de esforços e compromisso com o futuro do país. A ferrovia deve manter-se como uma prioridade no debate público e nas decisões políticas.

Todos podemos contribuir para um momento histórico. A aprovação do PFN será um passo decisivo para um Portugal mais conectado, mais verde e mais competitivo. Contamos com o apoio de todos para fazer deste plano uma realidade e para continuar a construir um futuro melhor para o nosso país.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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