Orbán pediu um cessar-fogo a Zelensky para acelerar negociações de paz
Objectivo do encontro será discutir paz. Primeiro-ministro húngaro tem bloqueado regularmente ajuda militar à Ucrânia.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán pediu ao Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para considerar um cessar-fogo para apressar negociações para o fim da guerra na Ucrânia, numa visita realizada ao país nesta terça-feira, 2 de Julho. Esta foi a primeira visita de Orbán à Ucrânia após a invasão da Rússia, apesar das ligações entre Budapeste e Moscovo e a oposição sobre a ajuda a Kiev.
Numa breve conferência de imprensa conjunta após as conversações, Orbán afirmou que valorizava o esforço de Kiev para promover a visão de paz de Zelensky numa cimeira internacional em Junho, na Suíça, e o seu objectivo de realizar uma segunda cimeira no seguimento ainda este ano.
"Pedi ao Presidente para reflectir sobre a possibilidade de inverter a ordem e acelerar as conversações de paz, começando por estabelecer um cessar-fogo", disse Orbán.
"Um cessar-fogo associado a um prazo permitiria acelerar as conversações de paz. Explorei esta possibilidade com o Presidente e estou grato pelas suas respostas honestas e pela sua negociação", acrescentou.
Zelensky, que não comentou as declarações de Orbán por ter falado antes do primeiro-ministro húngaro, defendeu a possibilidade de um amplo acordo de cooperação bilateral entre a Ucrânia e a Hungria.
"(...) O conteúdo do nosso diálogo de hoje sobre todas as questões pode tornar-se a base de um documento bilateral entre os nossos Estados, um documento que regulará todas as nossas relações mútuas", afirmou o Presidente ucraniano.
A Hungria assume neste momento a presidência rotativa do Conselho da União Europeia — durante seis meses —, sendo que Viktor Orbán se destaca dos outros líderes ocidentais sobre a guerra na Ucrânia.
"O objectivo da presidência húngara é contribuir para a resolução dos desafios que se colocam à União Europeia. É por isso que a minha primeira viagem foi a Kiev", escreveu Orbán no Facebook após a sua chegada à capital da Ucrânia.
O primeiro-ministro húngaro tem bloqueado regularmente a ajuda militar à Ucrânia e continua a apelar a um cessar-fogo.
No início do ano, o chefe do executivo da Hungria chegou a vetar um pacote de ajuda financeira à Ucrânia de 50 mil milhões de euros, que acabou por ser aprovado após fortes críticas de Kiev.
O líder eurocéptico húngaro, no poder sem interrupções desde 2010, também se opôs a qualquer discussão sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), considerando que o país "não está preparado".
Na cimeira de líderes da UE, em Dezembro de 2023, concordou finalmente em abandonar o assunto, enquanto os seus 26 homólogos decidiram abrir negociações de adesão com Kiev.
Na segunda-feira, o Presidente da Ucrânia felicitou a Hungria pelo início da presidência da UE e disse esperar que o país promova "valores, objectivos e interesses europeus comuns".
Viktor Orbán mantém-se próximo da Rússia e do Presidente Vladimir Putin, com quem o Ocidente cortou relações desde o início da guerra na Ucrânia em 2022.
A Rússia continua a ser uma fonte importante das necessidades energéticas da Hungria.
O líder húngaro também desaprova as sanções europeias votadas contra a Rússia e está a tentar atenuá-las, sem no entanto as bloquear totalmente.
Viktor Orbán descreveu várias vezes a invasão russa da Ucrânia de 2022 como uma "operação militar", utilizando a expressão imposta pela Presidência russa, tendo-se reunido com Vladimir Putin em Pequim, em Outubro de 2023, para discutir temas relacionados com a cooperação energética.