Fados, fogaças e Cabrões: Há que ir a Alcochete para comer bem

Os ventos marítimos do estuário do Tejo pedem peixe na grelha e bom vinho, mas nesta vila há mais. Petiscos, produtos das salinas e o bolo do coração de todo o alcochetano fazem o roteiro gastronómico

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Taberna dos Cabrões, Alcochete Tiago Pais
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Rua do centro de Alcochete Tiago Pais
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Ovos rotos no restaurante Joana Come a Tapa, Alcochete Tiago Pais
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Restaurante Alfoz, Alcochete Tiago Pais
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Fogaças de Alcochete, na Padaria Popular Tiago Pais
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Salinas do Samouco, Alcochete Tiago Pais
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Berbigão, restaurante Alfoz, Alcochete Tiago Pais
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O rio Tejo visto da sala do restaurante Alfoz, em Alcochete Tiago Pais
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Encara Lisboa de frente, vive ao lado da ponte, mas mantém o sentimento de ilha. Em Alcochete, muitos repetem que, por causa da localização geográfica, esta vila não é sítio de passagem. É preciso ter Alcochete como destino e razão da viagem.

A pacatez ainda não se perdeu totalmente, apesar do crescimento imobiliário e dos muitos trabalhadores da capital que escolheram viver em Alcochete, garantido o percurso em meia hora de carro. Durante a semana, já não há tantos pescadores, acabaram os salineiros e fecharam as fábricas de seca do bacalhau. No entanto, as ruelas continuam cheias de roupa estendida, mantêm-se as fachadas coloridas das tertúlias, casas de encontro para aficionados da tauromaquia.

Apesar da sua proximidade com Lisboa e do crescimento imobiliário, a vila de Alcochete retém o seu encanto pitoresco e as ruelas do centro continuam cheias de estendais de roupa. Tiago Pais
A extracção de sal já foi uma das principais actividades económicas de Alcochete. Resta a memória - e as salinas do Samouco, agora convertidas em museu a céu aberto. Tiago Pais
As fachadas coloridas das tertúlias, casas de encontro para aficionados de tauromaquia, fazem parte da identidade de Alcochete. Tiago Pais
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Apesar da sua proximidade com Lisboa e do crescimento imobiliário, a vila de Alcochete retém o seu encanto pitoresco e as ruelas do centro continuam cheias de estendais de roupa. Tiago Pais

Não há rua sem um restaurante de peixe grelhado, à espera da maré de clientes que sobe ao fim de semana. E, à porta da Tasca da Ti Raquel, uma das últimas tabernas, continuam a juntar-se os amigos para uma cerveja e um petisco.

Houve já promessas de acabar com esta vida lenta e familiar e, por arrasto, com o pitoresco da vila. Primeiro foi a ponte, depois o centro comercial outlet que não traz ninguém a estas ruas. Agora, vem aí o aeroporto – mas calma! As aterragens são a mais de dez quilómetros de distância e, para chegar ao centro de Alcochete, será preciso querer. As razões para o fazer enchem o olho e a barriga.

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Os bolinhos de água-mel são feitos duas vezes no ano, quando se retira o mel dos favos. Tiago Pais

O bolo de qualquer alcochetano

Lígia Coelho é alcochetana e filha de um padeiro que durante boa parte da vida ia para o Montijo vender os bolos de Alcochete. Entre eles, estavam os bolinhos de água-mel, raros, feitos duas vezes no ano, quando se retira o mel dos favos, e a fogaça de Alcochete, feita todo o ano e no goto de todo alcochetano. “Até é o bolo de anos de alguns miúdos”, conta Lígia, ao balcão da Padaria Popular.

Sem grandes mistérios, garante que “é um bolo muito básico, qualquer pessoa sabe fazer”: junta-se farinha, açúcar amarelo, ovos, canela, mel e limão, que lhe dá o sabor distintivo.

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A fogaça “até é o bolo de anos de alguns miúdos”, conta, ao balcão da Padaria Popular, Lígia Coelho, alcochetana e filha de um padeiro. Tiago Pais
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A fogaça é um bolo religioso com a sua lenda: terá sido criado para oferecer a Nossa Senhora da Atalaia, que protegeu pescadores num dia de tormenta. Tiago Pais

Antes da pandemia, pela Páscoa, os mais velhos ainda traziam as suas fogaças cruas a cozer nas padarias do largo. É um bolo religioso com uma lenda quinhentista associada: terá sido criado para oferecer a Nossa Senhora da Atalaia, que protegeu pescadores num dia de tormenta. A tradição mantém-se viva com o Círio dos Marítimos, celebração pascal que reconta a lenda e termina com um leilão de fogaças.

Na Padaria Popular, com a gerência de Lígia desde 2001, fazem-se de três tamanhos: as maiores de interior mais húmido, menos cozido; as mais pequenas, assemelhadas a bolachas gordas.

Padaria Popular
Largo Almirante Gago Coutinho, 2, Alcochete
Tel.: 966635644
Das 7h às 19h, sábado até às 13h
Encerra ao domingo

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As salinas do Samouco, que outrora empregaram boa parte de Alcochete, estão a ganhar nova vida, com o objectivo de criar actividade económica que alimente a sua recuperação. Tiago Pais

Salinas em renascimento

A dez minutos do centro da vila de Alcochete, bem perto da ponte Vasco da Gama, as salinas que outrora empregaram boa parte de Alcochete estão a ganhar nova vida. O objectivo é criar actividade económica que alimente a recuperação desta zona, diz Márcia Pinto, bióloga marinha e fundadora do Salina Green, um projecto de agricultura biológica em salinas.

A marca está à venda na Loja das Salinas, uma espécie de recepção das Salinas do Samouco. Nesta loja compra-se sal, os produtos Salina Greens e inicia-se uma caminhada interpretativa por este ecossistema.

A Salina Greens produz e vende plantas halófitas, como a salicórnia, a acelga marítima ou a beldroega-do-mar, disponíveis na Loja das Salinas. Tiago Pais
A Loja das Salinas é também o ponto de partida para uma caminhada interpretativa por este ecossistema. Tiago Pais
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A Salina Greens produz e vende plantas halófitas, como a salicórnia, a acelga marítima ou a beldroega-do-mar, disponíveis na Loja das Salinas. Tiago Pais

A recuperação das salinas é uma forma de minimizar o impacto ambiental da ponte e de manter pássaros e outras espécies que se alimentam e abrigam nestas zonas húmidas.

“As salinas são zonas protegidas que precisam desta aliança entre o homem e a natureza para a gestão do nível das águas”, explica Márcia Pinto, que não quer deixar a conservação desta zona dependente de fundos estatais ou privados. Por isso, a Salina Greens produz e vende plantas halófitas, como a salicórnia, a acelga marítima ou a beldroega-do-mar, infusões com estas e outras plantas e o sal vegetal, uma mistura de halófitas desidratadas e em pó, de sabor salgado e ricas nutricionalmente.

Loja das Salinas
Complexo das Salinas do Samouco, Alcochete
Tel.: 212348070
Das 7h às 17h, fim-de-semana das 8h às 12h30 e das 13h30 às 17h
Não encerra

Sobre a mesa, há cozinha tradicional portuguesa servida com apuro. As iscas extrafinas são um bom cartão-de-visita. Tiago Pais
Os torresmos são uma das entradas obrigatórias da Taberna dos Cabrões (Alcochete). Tiago Pais
Além de cozinheiro e alma da casa, Serafim Tavares é também o mestre de cerimónias da Taberna dos Cabrões. Quando termina o serviço na cozinha, visita a sala para pôr (mais) um sorriso na cara dos clientes. Tiago Pais
A Taberna dos Cabrões fica em São Francisco de Alcochete. Tiago Pais
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Sobre a mesa, há cozinha tradicional portuguesa servida com apuro. As iscas extrafinas são um bom cartão-de-visita. Tiago Pais

Almoço com espectáculo

No regresso das salinas em direcção ao centro da vila, a Taberna dos Cabrões ganhou fama como um dos melhores restaurantes deste estuário. As iscas à portuguesa e os rins grelhados são quase tão louvados como a decoração feita de cornaduras, dizeres brejeiros e trocadilhos. O responsável é Serafim Tavares, um beirão criado no Montijo, que lidera a grelha.

A morada já foi outra, na Estrada Nacional 119, a chegar ao Montijo. Actualmente está no extremo oposto da estrada, em São Francisco de Alcochete, mas a mudança não roubou o espírito à casa. Servidos os torresmos com azeitonas (duas imprescindíveis entradinhas), os bifes de novilho, ovas eximiamente grelhadas ou os famosos ossos carregados, Serafim sai da cozinha para a sobremesa, pelas três da tarde.

Vale a pena o almoço tardio para assistir às piadas repetidas, mas recebidas sempre com gargalhadas renovadas. Entra na sala cheia com um chocalho na mão e mete-se com todos os clientes, os que conhece e os que nunca viu — sobre estes últimos pode dizer “há gado novo!”. Com todos parece firmar amizade eterna.

Taberna dos Cabrões
Avenida São Francisco de Assis, 408, Alcochete
Tel.: 212320056
Das 10h às 19h
Encerra ao domingo
Preço médio: 20 euros

No clube de vinhos Wine Up, Joaquim Sousa cruza tertúlias sobre pintura, poesia ou escultura com os vinhos que vai descobrindo em feiras e quintas de todo o país. Tiago Pais
As paredes do Wine Up estão forradas a telas e, nas prateleiras, alguns objectos curiosos juntam-se a centenas de garrafas vazias. Tiago Pais
“Vinhos singulares, pouco conhecidos e que gosto de divulgar” são, segundo Joaquim Sousa, os protagonistas do Wine Up. Tiago Pais
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No clube de vinhos Wine Up, Joaquim Sousa cruza tertúlias sobre pintura, poesia ou escultura com os vinhos que vai descobrindo em feiras e quintas de todo o país. Tiago Pais

Vinhos como obras de arte

Num edifício castiço do Largo de São João, no centro da vila, junta-se a arte ao vinho. As paredes estão forradas a telas (uma delas até plastificada, para se proteger as mãos curiosas das crianças) e, nas prateleiras, alguns objectos curiosos juntam-se a centenas de garrafas vazias, sinais de horas bem passadas.

O Wine Up é o clube de vinhos de Joaquim Sousa, uma segunda edição da casa que já teve morada em Lisboa. Aqui, na esplanada ou no restaurante, uma tertúlia sobre pintura, poesia ou escultura é sempre brindada com os vinhos que o proprietário vai descobrindo em feiras e quintas de todo o país.

“São sobretudo vinhos singulares, pouco conhecidos e que gosto de divulgar”, resume Joaquim. Na sala traseira está a mesa dos jantares vínicos, onde se organizam provas por região, por casta, verticais ou sob outros temas mais criativos. A refeição, porém, quer-se tradicional. Cecília Fernandes, chef, vai mudando a carta com frequência e ao balcão estão sempre as suas sobremesas frescas, como as tortinhas de laranja com ar de obra de arte. Parecem fazer parte da decoração.

Wine Up
Largo de São João, 8, Alcochete
Tel.: 917224296
Das 12h30 às 23h30
Não encerra
Preço médio: 30 euros

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Os suculentos camarões crocantes, panados em corn flakes, são um dos muitos petiscos gulosos servidos no Joana Come a Tapa. Tiago Pais
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Joana e Miguel Ribeiro - ela ex-bancária, ele ex-jogador do Vitória de Setúbal - são o duo responsável pelo Joana Come a Tapa. Tiago Pais

Um intervalo no peixe grelhado

Como estão mesmo ao pé do rio, Joana e Miguel Ribeiro não querem nada com água. O Tejo está nas traseiras do Joana Come a Tapa e, em redor, as ruas estão cheias de grelhadores de peixe. Sorrir e acenar foi a forma de marcar a diferença: aqui há uns quantos mariscos e polvo, mas tudo o resto são petiscos gulosos com carne ou vegetarianos.

Como uma resolução de ano novo, em Janeiro de 2019, o casal abriu este pequeno espaço em Alcochete para fugir àquilo de que estavam fartos. Ele, ex-jogador do Vitória de Setúbal, trabalhava em bares, ela queria sair da banca.

Passaram a receber clientes como recebiam os amigos em casa e as receitas de Joana, já muito testadas nesses jantares, fazem a carta: ovos rotos mais coloridos do que é habitual, com pimentos e rúcula, camarões crocantes, panados em corn flakes e suculentos por dentro, ou, o borracho de cozido, um frito feito com a massa leve do pastel de vento brasileiro e recheio de cozido à portuguesa. “Não sabíamos o que lhe chamar e eu lembrei-me de como chamava a Joana quando ainda namorávamos: borracho”, conta Miguel.

Com a abertura do restaurante, o interesse de Miguel Ribeiro pelo mundo dos vinhos e da cerveja artesanal cresceu. Entre os clientes amantes de vinho e visitas a produtores, construiu uma carta com dezenas de referências e foi forrando a parede de garrafas. O frigorífico das cervejas, com garrafas belgas, alemãs e portuguesas, é o mais recheado da vila.

Joana Come a Tapa
Rua Comendador Estêvão de Oliveira, 6, Alcochete
Tel.: 925876858
Das 12h30 às 16h e das 19h às 22h
Fecha de segunda a quarta
Preço médio: 20 euros

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A vista é um dos grandes atractivos do Terraço da Vila, mas o menu de cocktails e a piscina aberta ao público não lhe ficam atrás. Tiago Pais

Cocktail com vista

O estuário do Tejo ganhou uma nova vista no ano passado com a abertura do Terraço da Vila, o bar no último piso do hotel Upon Villa.

A paisagem vai mudando ao longo do dia, com as vagas de água que enchem o rio e fazem uns quantos pescadores sair nos seus barcos, ou com a vaza do estuário, que põe os mariscadores de olhos no chão; à esquerda está a Vasco da Gama e as salinas, para onde voam dezenas de pássaros e, à direita, o centro da vila de Alcochete. De facto, a vista é um dos grandes atractivos, mas o menu de cocktails e uma piscina aberta ao público em geral não lhe ficam atrás.

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Tiago Pais
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Os cocktails de autor do Terraço da Vila dão um extra de cor ao pôr-do-Sol reflectido no Tejo. Tiago Pais

Esta paisagem é inspiração para alguns dos cocktails de assinatura da carta, como o Alcochete Sunset, um copo do azul (Blue Curaçau) ao laranja (sumo de citrinos), ou o Vasco da Gama Bridge, parte da oferta sem álcool, com sabores de maracujá, leite de coco ou ananás. Estes são bons copos para um fim de tarde com pôr-do-sol, mas há motivos para subir a este último andar também pela manhã. Aos domingos, pode-se adoptar uma vida de hotel escolhendo um dos menus de brunch com acesso à piscina.

Terraço da Vila
Avenida Dom Manuel I, 465, Alcochete
Tel.: 210733790
Das 12h às 00h, domingo das 11h30 às 22h
Encerra de segunda a quinta

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“A primeira coisa que pedi aos arquitectos foi uma cabana para assar sardinhas na praia”, diz Fernando Pessoa. “Eles fizeram-me isto” - sendo que “isto” é o Alfoz, um clássico da restauração alcochetana, cénico, em cima do rio, e de serviço requintado. Tiago Pais

Clássico com vista

“A primeira coisa que pedi aos arquitectos foi uma cabana para assar sardinhas na praia. Eles fizeram-me isto”. “Isto” é o Alfoz, clássico da restauração alcochetana, cénico, em cima do rio, e de serviço requintado; quem fala é Fernando Pessoa, empresário com nome de poeta, nascido e criado em Alcochete.

Com 17 anos, depois de trabalhar uns meses num café, decidiu que queria ter um restaurante e, com a ajuda de um dos latifundiários da vila, conseguiu o empréstimo para fundar a Tasca do Victor (de que já não é dono). Aos 20 anos, o jovem afoito foi ter com o Porto de Lisboa com ideia de fazer um restaurante romântico no lugar de uns armazéns na margem do rio.

Conseguiu construir aqui um edifício inspirado num barco com o apoio de outro notável conhecido na vila: Joaquim Machaz, fundador da Vela Latina, em Lisboa, “um mestre mundial da restauração e da hotelaria que achou graça a o miúdo ter um restaurante”, recorda, agora com 59 anos e 30 anos de Alfoz.

Desse ímpeto de jovem adulto fez-se uma casa discreta por fora, arrebatadora por dentro, onde o peixe grelhado e marisco ao natural, ambos da lota de Setúbal, brilham. Além destes há um tributo às antigas secas de bacalhau de Alcochete: a caldeirada de línguas de bacalhau com ovo escalfado, uma criação da mãe de Fernando Pessoa para o Alfoz. Na sala, José Costa, um sócio mais recente, recebe e aconselha o melhor vinho a toda a sorte de estrelas nacionais e internacionais, de todos os géneros musicais e todos os clubes de futebol.

Alfoz
Avenida Dom Manuel I, Alcochete
Tel.: 212340668
Das 12h30 às 15h e das 19h às 22h30, domingo das 12h30 às 16h
Encerra à segunda e à terça
Preço médio: 50 euros

Restaurante Al Foz, Alcochete Tiago Pais
Fernando Pessoa, empresário com nome de poeta e fundador do Al Foz, tem como seu sócio José Costa, que se encarrega da sala e dos vinhos. Tiago Pais
O peixe grelhado e marisco ao natural, ambos da lota de Setúbal, brilham à mesa do Al Foz, em Alcochete. Tiago Pais
O peixe grelhado e marisco ao natural, ambos da lota de Setúbal, brilham à mesa do Al Foz, em Alcochete. Tiago Pais
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Restaurante Al Foz, Alcochete Tiago Pais

Este artigo foi publicado no n.º 7 da revista Solo.

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