PFAS tóxicos são absorvidos pela pele em níveis mais altos do esperado, revela estudo

A absorção dérmica de PFAS, químicos sintéticos associados a diversos problemas de saúde, “pode significar uma exposição significativa” a estas substâncias, afirma a autora do estudo.

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Há uma grande variedade de produtos que contêm PFAS e que entram em contacto com a pele, como maquilhagem Nelson Garrido
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As PFAS, substâncias químicas potencialmente tóxicas conhecidas como “químicos eternos”, são absorvidas pela pele humana em níveis muito mais altos do que se pensava anteriormente, revela uma investigação citada pelo jornal The Guardian.

A absorção dérmica “pode ser uma fonte significativa de exposição a esses químicos nocivos”, disse a autora principal do estudo, Oddný Ragnarsdóttir, ao diário britânico. O estudo, desenvolvido por investigadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, usou tecidos cultivados em laboratório para determinar a quantidade de PFAS que pode ser absorvida através da pele.

As substâncias perfluoroalquiladas (PFAS), uma família com mais de 16.000 substâncias químicas sintéticas, são usadas para tornar produtos resistentes à água, às manchas e ao calor. São informalmente conhecidas como “químicos eternos” porque não se degradam com facilidade e se acumulam nos solos, na água e nos organismos vivos, como seres humanos. As PFAS têm sido associadas a problemas de saúde como cancro, defeitos de nascimento, doenças hepáticas e de tireóide, entre outras.

Os seres humanos são normalmente expostos a estes químicos através da água e da alimentação, mas têm recentemente sido feitos estudos sobre a inalação e absorção dérmica destas substâncias. Há uma grande variedade de produtos que contêm PFAS e que entram em contacto com a pele, como curativos, maquilhagem, roupas impermeáveis, produtos de cuidado pessoal e produtos para bebés.

Cientistas e representantes da indústria afirmam que as PFAS usadas em produtos de cuidados de higiene pessoal ou maquilhagem não são absorvidos pela pele porque as moléculas estão ionizadas, de modo que podem repelir a água. “A nossa pesquisa mostra que essa teoria nem sempre é verdadeira”, disse Ragnarsdóttir ao The Guardian.

Durante a investigação, foi determinada a quantidade absorvida pelo tecido de 17 tipos de PFAS diferentes. O material absorveu “quantidades substanciais” de 15 deles, incluindo 13,5% de PFOA, uma das substâncias químicas mais tóxicas na família dos PFAS. Com aplicação prolongada, o tecido absorveu 38% de PFOA. Reguladores nos Estados Unidos já tinham descoberto que nenhuma quantidade deste químico presente em água potável é segura para o ser humano.

As PFAS de “cadeia-curta”, comuns na indústria porque são alegadamente mais seguras, também foram absorvidas em altos níveis pelo tecido sintético usado no estudo: quase 60% de absorção por cada dose aplicada.

“[A descoberta] é importante porque vemos uma mudança na indústria em direcção a químicos com cadeias mais curtas, porque se acredita que são menos tóxicos. No entanto, o trade-off pode ser que absorvemos mais deles, então precisamos saber mais sobre os riscos envolvidos”, disse o co-autor do estudo, Stuart Harrad, ao The Guardian.

Editado por Andrea Cunha Freitas

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