De ida para o Conselho Europeu, Costa agradece “apoio” e Montenegro mostra “orgulho”

O primeiro-ministro garantiu que a “colaboração e cooperação” do Governo com o Conselho Europeu “serão totais” e o presidente eleito dos líderes europeus prometeu “colaboração e atenção”.

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António Costa e Luís Montenegro na residência do primeiro-ministro, em São Bento FILIPE AMORIM / EPA
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Quatro dias depois da eleição de António Costa como presidente do Conselho Europeu, Luís Montenegro recebeu o seu antecessor em São Bento e voltou a apoiá-lo, mostrando "orgulho" na sua nomeação e disponibilidade para cooperar daqui para a frente. Retribuindo o gesto, o ex-primeiro-ministro agradeceu o "empenho" do actual executivo na sua escolha e comprometeu-se a "honrar essa confiança" e a prestar "atenção" a Portugal. Ambos elegeram a agenda estratégica 2024-2029 como prioridade futura, num momento de sincronia, que Costa considerou ser "uma marca da qualidade da nossa democracia".

À entrada para um almoço entre os dois, Luís Montenegro começou por desejar "felicidades" e um "bom trabalho" a António Costa, sublinhando que "a exigência desta função é enorme". O primeiro-ministro assinalou que "a confiança" que o agora presidente eleito do Conselho Europeu recebeu dos líderes europeus "foi esmagadora" e considerou que isso "revela que as características que, ao longo das últimas semanas elogiámos como sendo as mais relevantes para o exercício desta função, têm um consenso generalizado na União Europeia" (UE), assim como "auguram que, não obstante os tais desafios, o trabalho que vai desenvolver será seguramente positivo".

"Para nós, portugueses, é um motivo de orgulho, de satisfação termos mais um português num cargo relevantíssimo numa organização internacional, no caso, na União Europeia, que nos diz tanto e com a qual partilhamos tantas das nossas decisões", afirmou o chefe do executivo, que garantiu que a "disponibilidade do Governo para a colaboração e a cooperação serão totais".

Nomeadamente, "para que se alcancem os consensos e, às vezes, as maiorias necessárias para que UE possa dar avanços". Montenegro focou-se, em particular, na necessidade de executar os objectivos da "muito exigente" agenda estratégica 2024-2029, como o "possível alargamento [da UE]", que terá "implicações grandes do ponto de vista da alteração e reforma das instituições".

Mas também a negociação do próximo quadro plurianual financeiro — que "trará novas exigências" porque "Portugal é um país com interesses estratégicos muito próprios" —, a "manutenção das políticas de coesão e a participação em novos processos de financiamento para projectos comuns" ou ainda a "política da água".

O primeiro-ministro assinalou também que Portugal continuará "empenhado em garantir ajuda à Ucrânia" e em dar "contributos positivos para a situação no Médio Oriente", enquanto "mediador", e argumentou, por fim, que é necessário um "aprofundamento das relações internacionais" da UE e de Portugal com países da América do Sul, os Estados Unidos da América, a Índia ou a China.

"Marca da qualidade da nossa democracia"

No regresso à residência que há até três meses era sua, António Costa agradeceu também "o apoio e o empenho" do primeiro-ministro para a sua eleição: "Sei bem o esforço que o senhor primeiro-ministro fez para mobilizar o conjunto dos apoios, no Partido Popular Europeu e no conjunto do Conselho", afirmou.

O ex-líder do PS defendeu que esta é "uma marca da qualidade da nossa democracia nos 50 anos do 25 de Abril" e disse esperar "honrar essa confiança do conjunto dos líderes europeus, mas, em particular, que Portugal" depositou. "Sempre que os portugueses desempenham funções no exterior, quaisquer que sejam, é uma forma de valorizar o país e é isso que quero fazer", declarou, dando como exemplos, o "trabalho das comunidades emigrantes", dos "responsáveis políticos" e da selecção nacional.

António Costa sublinhou que irá focar-se em "contribuir para um consenso alargado em torno dos 27" Estados-membros e em "exercer a representação externa da União em matéria de política externa e segurança comum", destacando também a execução da agenda estratégica 2024-2029.

Ao lado do seu sucessor, retribuiu a "disponibilidade" para a "colaboração e atenção" com o Governo português e desejou a Montenegro a "continuação das maiores felicidades nas funções que exerce". Após um aperto de mão, o actual e o ex-líder do executivo seguiram para um almoço.

António Costa foi eleito presidente do Conselho Europeu pelos chefes de Estado e de governo na quinta-feira, com o apoio de Luís Montenegro, depois de os grupos europeus dos socialistas, dos liberais e do Partido Popular Europeu terem feito um acordo para a distribuição dos lugares de topo da União Europeia.

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