Eleições em França. Jovens preferiram a esquerda. Mais desfavorecidos a extrema-direita

Os dados foram divulgados por um estudo realizado pelos institutos Ipsos Talan, que indica ainda que a esmagadora maioria dos mais desfavorecidos votou na extrema-direita da União Nacional.

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A maioria dos jovens terá votado na esquerda, segundo o estudo dos centros Ipsos Talan Fabrizio Bensch / REUTERS

A maioria dos jovens entre os e 18 e os 24 anos terá votado na união das esquerdas da Nova Frente Popular na primeira volta das eleições em França, segundo um estudo divulgado pelo centro de estudos eleitorais francês Ipsos Talan. O estudo indica ainda que a esmagadora maioria das camadas mais desfavorecidas terá preferido votar no partido de extrema-direita União Nacional, com 54% dessas camadas a indicar esse voto.

O estudo, divulgado após as eleições, foi realizado com base numa amostra de 10.286 eleitores inquiridos entre 27 e 28 de Junho.

Na divisão do voto por idades, constata-se que 48% dos jovens da faixa etária de 18-24 anos indicaram um voto na Nova Frente Popular, seguido de 33% que indicaram que votaram na União Nacional. Os números da Frente Popular vão descendo à medida que aumenta a idade dos votantes.

Em sentido contrário, o voto na coligação macronista Juntos é menor nos mais jovens e vai aumentando juntamente com a idade dos votantes, atingindo o máximo na faixa etária de mais de 70 anos, com 32% dos inquiridos.

Já a extrema-direita da União Nacional, que venceu as eleições neste domingo, obteve mais de 30% nas escolhas de todas as faixas etárias, com a excepção dos mais de 70 anos, em que predominou o voto na coligação de Macron. A faixa etária em que a União Nacional teve mais apoio foi entre os 50 e os 59 anos, com 40% dos votos.

No que toca à divisão entre os sexos, tanto a maioria dos homens (36%), como das mulheres (32%) votou maioritariamente na União Nacional, algo que, segundo o jornal francês Le Figaro, quebra a tendência de afastamento das mulheres da extrema-direita, tendo-se registado uma subida dos 17% das mulheres inquiridas em 2022.

União Nacional vence nos mais desfavorecidos e nos que auferem menos salário

Na divisão em termos do meio social autodeclarado, a prevalência nas classes mais desfavorecidas foi da União Nacional. 55% dos inquiridos que se caracterizavam como "categorias desfavorecidas" votaram na União Nacional e nos seus aliados de extrema-direita.

Na classe trabalhadora, a vitória também é da União Nacional, embora afastada por apenas três pontos percentuais do segundo lugar, ocupado pela Nova Frente Popular, que obteve mais votos dessa classe que das outras. A extrema-direita, nesta classe, teve 38% dos votos, segundo o estudo.

Já a coligação de Macron encontra o seu principal apoio na classe média alta e nas classes mais altas, com 28% e 27% de percentagem, respectivamente. Na classe mais privilegiada, a lista que obteve mais apoio foi a da Nova Frente Popular, com 28% dos votos.

No que toca ao rendimento líquido médio auferido pelos inquiridos, os que auferem menos de 1250€ (abaixo do salário mínimo líquido francês de 1398€) dividem-se entre a União Nacional, à frente com 38% desta faixa salarial, e a Nova Frente Popular, com 35%. Porém, independentemente do rendimento, o vencedor em termos de percentagens foi sempre a extrema-direita da União Nacional.

Nova Frente Popular vence entre pessoas com mais estudos, União Nacional é a preferida do operariado

Quanto ao nível de estudos dos inquiridos, a Nova Frente Popular tem mais apoio vindo de pessoas com mais estudos, nomeadamente com estudos universitários, com 37% dos inquiridos desta categoria a escolher a união das esquerdas.

É algo que contrasta com a União Nacional, que foi a preferida entre as pessoas com níveis de estudos mais abaixo, com especial foco nos que não completaram o equivalente ao ensino secundário, tendo tido 48% dos apoios de quem não completou esse nível de estudos.

A União Nacional obteve também o maior nível de apoio junto da maioria das categorias profissionais, com especial foco nos operários, que representaram uma maioria absoluta nesta classe profissional (57%). A Nova Frente Popular obtém mais apoios nos executivos e profissões intelectuais e liberais e aproxima-se da União Nacional nas "profissões intermédias", que ocupam postos intermédios nas hierarquias laborais.

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