Galiza e Norte de Portugal unem-se para defender prioridade da alta velocidade Porto-Vigo

Depois de anos de avanços e recuos, as regiões do noroeste peninsular querem pressionar os governos de Portugal e Espanha a avançar com a ligação de alta velocidade no eixo atlântico.

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As duas regiões também reivindicam uma actualização "urgente" do comboio Celta Nelson Garrido
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Depois das pressões feitas pela presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, e da autarquia de Lisboa para que fosse dada uma prioridade à ligação ferroviária de alta velocidade entre as capitais ibéricas, o norte de Portugal e a Galiza unem-se numa declaração conjunta que reafirma a prioridade da ligação entre as duas regiões com vínculos sociais, linguísticos e históricos. Valença do Minho recebe nesta terça-feira os líderes da Governo da Galiza (Xunta), Alfonso Rueda, e da CCDR-Norte, António Magalhães Cunha, para uma assinatura de um memorando que vem exigir que não se invertam as prioridades nas ligações ferroviárias de alta velocidade.

Perante um mapa com duas ligações internacionais previstas (uma para Vigo e outra para Madrid), a Xunta e a CCDR-Norte fazem uma “defesa clara” desta “infra-estrutura prioritária e estratégica”. Os dois organismos lembram “o potencial de utilização e rentabilidade da linha Galiza-Portugal” e as promessas feitas ao longo da última década. Com este cenário, os líderes das duas regiões – ainda que Portugal tenha um grau menor de autonomia dada a ausência de regionalização – reforçam que a ligação entre Vigo-Porto e Lisboa “constituí uma acção prioritária” que deve ser acompanhada por “um orçamento e um cenário realista” para concretizar a obra nos prazos previstos: 2032.

Ainda que de forma não explícita, o comunicado também refere a ligação Lisboa-Madrid: “Entendemos que outras ligações também podem ter razão de ser, mas apenas se forem enquadradas numa visão ampla, inclusiva, estruturada e coordenada para se alcançarem os melhores resultados”, lê-se no memorando a que o PÚBLICO teve acesso.

Mas, para o agora, fica o pedido da Galiza e do Norte de Portugal para que seja feita uma actualização “com urgência” das condições oferecidas na actual ligação internacional entre Porto e Vigo, já que o comboio Celta é feito com uma automotora a diesel, numa viagem lenta, apesar de a linha estar na totalidade electrificada. Hoje há apenas dois comboios diários em cada sentido, num tempo de viagem que ronda as 2h22 quando um automóvel faz a mesma ligação em 1h30.

A 14 de Maio, o primeiro-ministro, Luís Montenegro anunciou a criação de um aeroporto internacional na zona do Campo de Tiro de Alcochete e a ligação de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, a par da ligação já prevista entre Lisboa, Porto e Vigo. Este colocar da ligação com Madrid no mapa levou a algumas movimentações da região norte e da Galiza com medo que a ligação passasse para um segundo plano.

A Linha de Alta Velocidade Porto-Vigo deverá ter um custo a rondar os 900 milhões de euros e assegurar a ligação entre as duas cidades em menos de uma hora. A obra está prevista para 2032 e contará com estações intermédias no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença.

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