O sistema magnético mais complexo do maior reactor de fusão nuclear do mundo está concluído – com a ajuda do Japão e da Europa

As bobinas serão componentes-chave do ITER, o megaprojecto experimental de fusão nuclear que vai imitar o processo que alimenta o Sol e as estrelas e fornece à Terra luz e calor.

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Ilustração das bobinas de campo toroidais que se encaixam em torno do tokamak Iter
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Após duas décadas de concepção, produção, fabrico e montagem, o ITER, o maior reactor de fusão nuclear do mundo, que está a ser construído em Cadarache, no Sul de França, assinala esta segunda-feira um marco importante: a conclusão e entrega de 19 enormes bobinas de campo toroidais, que fazem parte do sistema magnético mais complexo do reactor, provenientes do Japão e da Europa.

Um comunicado publicado pelo site de divulgação de ciência Terry Collins Associates destaca que Masahito Moriyama, ministro da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia do Japão, e Gilberto Pichetto Fratin, ministro do Ambiente e da Segurança Energética de Itália, estarão presentes na cerimónia de entrega das bobinas, juntamente com outros membros do projecto ITER.

As bobinas serão componentes-chave do ITER, o megaprojecto experimental de fusão nuclear que utilizará o confinamento magnético para imitar o processo que alimenta o Sol e as estrelas e fornece à Terra luz e calor. A investigação sobre a fusão nuclear tem como objectivo desenvolver uma fonte de energia segura, abundante e sustentável.

O projecto ITER é uma colaboração de mais de 30 parceiros, incluindo a União Europeia, a China, a Índia, o Japão, a Coreia do Sul, a Rússia e os Estados Unidos. A maior parte do financiamento do ITER é efectuada sob a forma de entrega de componentes.

As bobinas de campo toroidais em forma de D serão colocadas à volta do recipiente de vácuo do ITER, uma câmara em forma de donut chamada tokamak. No interior deste recipiente, núcleos atómicos leves fundir-se-ão para formar outros mais pesados, libertando uma enorme energia da reacção de fusão, frisa o comunicado do site Terry Collins Associates.

Dez bobinas foram fabricadas na Europa, sob os auspícios da empresa comum europeia ​F4E - Fusion For Energy. Oito outras bobinas e uma de reserva foram fabricadas no Japão, sob gestão do ITER Japão, que integra os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia Quântica (QST).

Cada bobina tem 17 metros de altura e nove metros de diâmetro, pesando cerca de 360 toneladas. Todas as bobinas funcionarão em conjunto como um único íman – o íman mais potente alguma vez fabricado –, gerando uma energia magnética total de 41 gigajoules. Na verdade, o campo magnético do ITER será cerca de 250.000 vezes mais forte do que o da Terra.

O conjunto de bobinas foi introduzido numa caixa de aço inoxidável maciça e adequada para o efeito, com um peso de cerca de 200 toneladas, suficientemente forte para resistir às imensas forças que serão geradas durante o funcionamento do ITER.

Mais de 40 empresas estiveram envolvidas na criação das bobinas do campo toroidal, incluindo as europeias ASG Superconductors e Iberdrola. No que toca ao Japão, houve uma colaboração entre a Mitsubishi Heavy Industries, a Toshiba Energy Systems e a Hyundai Heavy Industries.

“A conclusão e entrega das 19 bobinas de campo toroidais do ITER é um feito monumental”, afirmou, citado em comunicado, Pietro Barabaschi, director-geral do projecto ITER. “Felicitamos os governos dos Estados-membros, as agências internas do ITER, as empresas envolvidas e as muitas pessoas que dedicaram inúmeras horas a este esforço notável.”

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