Moscatel, pátina e património neolítico, na Quinta do Anjo

A Adega Venâncio da Costa Lima, não tem apenas alguns dos melhores moscatéis do mundo. É também o ponto de partida perfeito para conhecer a aldeia da Quinta do Anjo.

peninsula-setubal,abre-conteudo,iniciativas-publico,palmela,enoturismo,vinhos,
Fotogaleria
Grutas do Casal Pardo, Quinta do Anjo (Palmela) Goncalo Villaverde
peninsula-setubal,abre-conteudo,iniciativas-publico,palmela,enoturismo,vinhos,
Fotogaleria
Adega da Venâncio da Costa Lima, Quinta do Anjo (Palmela) Goncalo Villaverde
peninsula-setubal,abre-conteudo,iniciativas-publico,palmela,enoturismo,vinhos,
Fotogaleria
Prova de vinhos na Adega da Venâncio da Costa Lima, Quinta do Anjo (Palmela) Goncalo Villaverde
peninsula-setubal,abre-conteudo,iniciativas-publico,palmela,enoturismo,vinhos,
Fotogaleria
Oficina de tanoaria da Venâncio da Costa Lima, Quinta do Anjo (Palmela) Goncalo Villaverde
peninsula-setubal,abre-conteudo,iniciativas-publico,palmela,enoturismo,vinhos,
Fotogaleria
Elsa Sousa, responsável pelo serviço de enoturismo da Adega Venâncio da Costa Lima Goncalo Villaverde
peninsula-setubal,abre-conteudo,iniciativas-publico,palmela,enoturismo,vinhos,
Fotogaleria
Adega da Venâncio da Costa Lima, Quinta do Anjo (Palmela) Goncalo Villaverde
Ouça este artigo
00:00
03:57

Elsa Sousa não é — ou não era da área dos vinhos. Trabalhou durante 25 anos no mundo bancário, até que, durante a pandemia, e já depois dos 50, foi cumprir um sonho antigo: estudar Gestão Hoteleira. Foi nesse contexto que surgiu o convite para reabrir o enoturismo na Adega Venâncio da Costa Lima.

Elsa pode não ter nascido e crescido na empresa, mas é da Quinta do Anjo, aldeia do concelho de Palmela, desde sempre. E isto nota-se. E faz a diferença. Não descansou por isso enquanto não criou o programa “Das Grutas ao Vinho, na Quinta do Anjo”, que junta o que de melhor tem a casa e a terra. É composto por uma caminhada com cerca de 1h30 de duração e contempla uma visita às grutas locais, à adega, às caves e ainda provas de degustação, com quatro vinhos da casa.

“Olhem para esta maravilha, isto é lindo”, diz, com o entusiasmo quase de menina, enquanto olha para a Serra do Louro, já em pleno Parque Natural da Arrábida, ao mesmo tempo que aponta para as oliveiras, os marmeleiros e as flores do cardo, que os queijeiros locais utilizam como coagulante. “Ainda hoje os habitantes da Quinta do Anjo são chamados de montanhões e montanhoas, pela proximidade da serra”. Vivia-se do que a terra dava. “Sempre foi terra de bom queijo, bom pão e bom vinho. Entre finais de Agosto e Outubro toda a aldeia cheirava a mosto.”

Muito mudou, entretanto, e foi para preservar e promover o que ainda resta destes tempos e deste ambiente de aldeia que criaram este programa “diferenciado”. Se há algo que não mudou e está ali desde sempre, pelo menos desde o Neolítico, são as grutas da Quinta do Anjo — ou Grutas do Casal Pardo.

Esta necrópole artificial escavada na rocha, descoberta em 1876, foi classificada como Monumento Nacional. É este um dos pontos de passagem, porventura o ponto maior, desta proposta. Uma caminhada curta em extensão, que ainda assim convém ser feita pela manhã, para evitar o calor — se bem que no kit esteja contemplada uma garrafa de água e um chapéu de palha.

A necrópole de grutas artificiais do Casal do Pardo, nos arredores da Quinta do Anjo, foi descoberta em 1876. Goncalo Villaverde
As grutas artificiais escavadas na rocha foram classificadas como Monumento Nacional em 1934. Goncalo Villaverde
Os cardos, cuja flor é utilizada como coagulante no fabrico de queijo, salpicam de roxo a paisagem em redor da Quinta do Anjo. Goncalo Villaverde
O contexto rural é parte fundamental da identidade da Quinta do Anjo. Goncalo Villaverde
Fotogaleria
A necrópole de grutas artificiais do Casal do Pardo, nos arredores da Quinta do Anjo, foi descoberta em 1876. Goncalo Villaverde

Moscatéis de eleição

Depois de cerca de 90 minutos de caminhada, nada como voltar ao ponto de partida, não só para provar os vinhos, mas também para ficar a conhecer os cantos à casa. Um percurso pelas diferentes áreas da empresa, desde a linha de produção até às caves, tudo enquanto enquanto os trabalhadores… trabalham.

“A nossa adega é uma adega viva. Não temos um circuito específico de enoturismo”, confessa Elsa. Foi criada em 1914, por Venâncio da Costa Lima, e produz anualmente três milhões de litros, dos vinhos de mesa aos certificados — entre os quais Pioneiro, Rubrica, Carácter e Foral de Palmela são alguns exemplos. E, é claro, o Moscatel, a estrela da região e da casa.

Foto
“Ainda hoje os habitantes da Quinta do Anjo são chamados de montanhões e montanhoas, pela proximidade da serra”, explica Elsa Sousa, ela própria natural desta aldeia às portas da Arrábida. Goncalo Villaverde

O sucesso, tal como o reconhecimento, tem sido muito, tendo ganho já uma mão-cheia de prémios internacionais, desde logo no famoso Muscats du Monde, que elege os melhores moscatéis do planeta. Distinções que surgiram tanto no Moscatel de Setúbal como no Moscatel Roxo.

Quer um quer outro fazem parte da prova, tal como uma referência de branco e outra de tinto, tudo acompanhado por produtos regionais locais: doce de tomate, queijo de Azeitão, torta de laranja amarga ou bolo de requeijão com mirtilos. Idealmente seguindo uma ordem específica, até para respeitar o empenho que Elsa despendeu para criar este (bem conseguido) pairing.

Adega Venâncio da Costa Lima
Rua Venâncio da costa Lima, 139, Quinta do Anjo (Palmela)
Tel: 212888020
Web: vcl.wine
Loja: segunda, das 10h às 12h e das 13h às 18h; terça, das 10h às 19h; sábado, das 9h às 13h e das 15h às 19h
Programa “Das Grutas ao Vinho, na Quinta do Anjo”, 30 euros por pessoa. Requer marcação prévia.


Este artigo foi publicado no n.º 7 da revista Solo.

Sugerir correcção
Comentar