Além da greve dos trabalhadores da CP convocada por vários sindicatos para esta sexta-feira (até às 00h), estava convocada outra pelo Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) de 27 de Junho e 14 de Julho, "parcial" e a "serviços específicos". As paralisações previstas - entretanto desconvocadas por acordo entre empresa e sindicato - afectaram as viagens regulares, mas também nas consideradas especiais, caso do programa turístico do Comboio Histórico do Douro.
Apesar de desconvocada a greve, não se prevendo mais "perturbações na circulação", o Histórico não fará as suas viagens previstas para os dias 29 e 30 de Junho, confirmou a CP.
O Comboio Histórico do Douro, que voltou aos carris a 15 de Junho, leva os visitantes numa viagem de 36 quilómetros entre as estações da Régua e do Tua (ida e volta, com paragem no Pinhão).
Circula com locomotiva a vapor construída em 1925 e cinco carruagens históricas — quartas-feiras, sábados, domingos —, tendo agendadas no total 51 viagens até 27 de Outubro. O programa especial, que conta com oferta de cálice de vinho do Porto, águas e rebuçados da Régua e animação musical, tem o preço base de 54 euros.
Quem tenha reservado a viagem para este fim-de-semana, segundo indica a CP num email, deve "efectuar o pedido de reembolso através do preenchimento do formulário de contacto online 'Reembolso por Atraso ou Supressão', com o envio da digitalização do original do bilhete". No email, o cliente é direccionado para uma página no site da CP onde poderá ser feito o pedido de reembolso (o link referido incluído no email não parece estar a funcionar correctamente, mas o formulário a preencher online encontra-se aqui).
Quase 75% dos comboios suprimidos
A greve levou à supressão de 934 comboios dos 1247 programados (74,9%) entre as 00h00 e as 22h00, segundo dados enviados à Lusa pela empresa. Os serviços mínimos previam a circulação de 318 comboios, tendo circulado 313. No que diz respeito aos comboios de longo curso, foram suprimidos 58 dos 76 programados (76,3%), enquanto nos regionais, foram suprimidos 236 dos 311 programados (75,9%).
Estava prevista a circulação de 574 comboios urbanos de Lisboa, mas só foram efetuados 147. Já no Porto realizaram-se 65 dos 254 programados. No caso dos urbanos de Coimbra, circularam oito dos 32 programados.
O secretário-geral da Fectrans, José Manuel Oliveira, frisou hoje à noite à agência Lusa que a greve "paralisou praticamente a empresa em todos os setores de atividade". "Quer os que são visíveis pelo público quer o que não são, como oficinas, setor técnico e administrativos, também estiveram praticamente paralisados ou com pouca atividade", frisou o dirigente sindical.
Os sindicatos esperam que, na sequência da greve, seja agendada uma nova reunião negocial, vincando que o impacto da paralisação deve levar a tutela e a administração da CP a fazerem "uma reflexão". Também hoje o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse que a forma de evitar greves na CP - Comboios de Portugal, como a de hoje, é através do diálogo, afirmando que haveria uma reunião com os sindicatos.
Na quinta-feira, a CP tinha alertado que eram esperadas perturbações na circulação, em especial até sábado. A decisão do Tribunal sobre esta paralisação e outra convocada entre os dias 27 de Junho e 14 de Julho inclui, além dos tradicionais serviços mínimos em comboios de socorro e transporte de mercadorias perigosas e bens perecíveis, uma lista de comboios que devem ser assegurados.