China pondera prorrogar taxas sobre toluidina importada da UE

Revisão das taxas aplicadas desde 2013 por Pequim ocorre num momento de forte tensão comercial entre a China e a União Europeia.

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Porto de Qingdao, na China CHINA DAILY / REUTERS
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A China anunciou esta quinta-feira que está a considerar levantar ou prorrogar as taxas antidumping sobre importações de toluidina da União Europeia (UE), um composto orgânico utilizado no fabrico de corantes, produtos farmacêuticos e pesticidas.

Em 2013, a China impôs taxas alfandegárias sobre a toluidina importada da UE, por concorrência desleal, que variam entre 19,6% e 36,9% e, em 2019, prorrogou-as por mais cinco anos. O termo dumping significa a venda abaixo do custo de produção.

A revisão das taxas pelo Ministério do Comércio chinês surge num contexto de tensões comerciais entre a UE e Pequim, depois de a Comissão Europeia ter anunciado recentemente taxas punitivas sobre as importações de veículos eléctricos oriundos daquele país asiático.

Em represália, a China abriu uma investigação antidumping contra certas importações de carne de porco e produtos à base de carne de porco provenientes da UE. A imprensa oficial chinesa avançou também possíveis aumentos dos impostos sobre as importações de veículos de grande porte e uma outra investigação por concorrência desleal contra os produtos lácteos europeus.

Comité central define política económica

Também esta quinta-feira, o Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou que a terceira sessão plenária do 20º Comité Central do partido, reunião que tradicionalmente define a orientação da política económica da China, vai decorrer em meados de Julho.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, a reunião vai analisar principalmente questões relacionadas com o esforço global para aprofundar a reforma da China e fazer avançar a modernização do país. Mais de 370 membros do Comité Central do PCC vão participar na cimeira, que é considerada a mais importante das sete realizadas pela organização política durante os cinco anos de mandato do órgão dirigente.

A realização desta sessão plenária tem sido marcada pela incerteza, uma vez que, nas últimas quatro décadas, tem sido habitualmente realizada em Outubro e Novembro. Esta é a primeira vez desde 1984 que não se realizou no ano seguinte ao congresso do PCC, que se realiza a cada cinco anos.

Um ano e meio após a China abolir a política "zero covid", que penalizou fortemente a actividade empresarial, a tão esperada recuperação pós-pandemia foi breve e menos robusta do que o previsto. Tem sido prejudicada por um clima económico incerto que está a deprimir as despesas das famílias, enquanto uma crise imobiliária e o elevado desemprego dos jovens estão a pesar sobre o poder de compra. Em Maio, Xi Jinping apelou a que o desemprego dos jovens passasse a ser uma "prioridade absoluta".

Para além do conteúdo económico, a terceira sessão plenária foi utilizada no passado para dar detalhes sobre investigações a altos quadros do regime afastados. A atenção está virada para a divulgação de informações sobre Qin Gang e Li Shangfu, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa destituídos, que não são vistos em público desde Junho e Agosto de 2023, respectivamente, e que perderam todos os seus cargos governamentais.

No entanto, ambos continuam a ser membros do Comité Central, uma vez que a expulsão exige uma resolução formal em sessão plenária.

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