Jazz no Parque e Festival Sassetti com muito para ver e ouvir no Barreiro e em Lisboa

Até domingo, coincidem nas datas e com programas atractivos dois festivais de jazz: o do Barreiro e o que celebra o nome e a obra de Bernardo Sassetti, em Lisboa, no São Luiz.

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L.U.M.E., um dos grupos que vão actuar no Barreiro este ano CÁTIA BARBOSA
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Seis dias de jazz, três no Barreiro e três em Lisboa, ambos com programas aliciantes, é o que os promotores do Jazz no Parque e do Festival Sassetti propõem para este fim-de-semana. O único senão é o facto de coincidirem no tempo, estendendo-se desta sexta-feira a domingo. Mas num país onde os festivais de jazz se foram multiplicando e disseminando ao longo dos anos, até a sobreposição pode ser desculpada como sinal de que haverá público para ambos.

Iniciado em 2019, por iniciativa da Câmara do Barreiro, e interrompido nos dois anos seguintes devido à pandemia, o Jazz no Parque regressou em 2022 e chega este ano à sua quarta edição. Jorge Moniz, pianista e baterista, que tem assegurado a curadoria do festival desde o início, diz ao PÚBLICO que a inspiração para arrancar com esta iniciativa veio da tradição do movimento associativo local, seguido da fundação e do crescimento das escolas de jazz. “O meu pai, que tem agora 96 anos, lembra-se de que na sua juventude os bailes eram acompanhados por bandas de jazz da época, de influência americana.” A ideia que presidiu à primeira edição, mantém-se, afirma: “Funcionando o festival num parque público com entrada gratuita, teria de ser minimamente mainstream, mas ao mesmo tempo tentei não descer demasiado a essa ideia e manter uma certa ortodoxia. E é isso que continuo a tentar fazer: mostrar jazz sem entrar no facilitismo.”

O programa inclui, além de músicos e grupos de jazz portugueses e estrangeiros, um espaço para as escolas de jazz locais, que actuam no Parque da Cidade (onde decorre todo o festival) no sábado e no domingo: no dia 29 toca o Ensemble da Escola de Jazz do Barreiro (17h) e no dia 30 o Ensemble da Academia de Jazz – Os Franceses (17h). O festival abre esta sexta-feira com o Septeto de Tomás Pimentel (22h) e os L.U.M.E. – Lisbon Underground Music Ensemble (23h30), seguindo-se, no sábado, o Quinteto de Clara Lacerda (18h), Kevin Hays Trio com Drew Gress + Greg Hutchinson (22h) e o Ensemble Robalo/Porta Jazz + Hans Koller (23h30). Domingo será a vez do ERNTE (18h) e do Wolfgang Muthspiel Trio (19h30).

“Em termos de jazz nacional, queremos dar uma perspectiva do todo e não apenas centrada no jazz que se faz em Lisboa”, diz Jorge Moniz. “Se calhar, tenho até uma preferência por bandas do Norte, porque têm menos possibilidades de se mostrar no Sul.” Este ano, Moniz optou por formações maiores. “É a edição em que há mais músicos em palco. Os L.U.M.E., já era para os ter trazido e este ano consegui. Por outro lado, quis mostrar o grupo do Tomás Pimentel, que é aquele onde estão mais ‘dinossauros’ do nosso jazz. E quis também mostrar novos valores, como a Clara Lacerda, que vem do Norte, ou o Ensemble Robalo/Porta Jazz, onde há uma mistura de vários músicos do país, incluindo alguns estrangeiros. E achei graça aos ERNTE, liderados por um saxofonista alemão, o Uli Kempendorff, que já tinha estado no festival com a Julia Hülsmann [em 2022]. É um grupo que faz versões de temas antifascistas ou de intervenção, dando roupagem jazzística a canções conhecidas como o Venham mais cinco, do Zeca Afonso.”

Em Lisboa, Sassetti

Enquanto isso, o Festival Sassetti, que é itinerante, realiza-se desta vez em Lisboa, em três salas do Teatro São Luiz, pretendendo não só “aproximar público, músicos, professores e estudantes” como “incentivar os músicos a tocarem os seus próprios projectos, desta forma honrando a liberdade criativa que Bernardo Sassetti prezava, valorizava e que tanto o caracterizava”.

O primeiro dia, sexta-feira, abre com o contrabaixista Carlos Barretto a solo, às 18h, seguindo-se o Aaron Parks Trio (21h) e uma jam session com o Duarte Ventura Trio (22h30). No sábado, depois de uma apresentação dos alunos do workshop que antecedeu o festival, com Aaron Parks, Ben Street e Greg Hutchinson (14h), actuarão o Vértice Trio (18h) e o João Barradas 4teto a tocar temas de Bernardo Sassetti (21h). A fechar, nova jam session, desta vez com o Eunice Barbosa Trio. No domingo, actuarão dois trios: Perselí, com Fuensanta, voz e contrabaixo; José Soares, saxofone; e Alistair Payne, trompete (18h); e TGB, ou Tuba, Guitarra e Bateria, com, respectivamente, Sérgio Carolino, Mário Delgado e Alexandre Frazão (21h). A encerrar o festival, a terceira e última jam session, desta vez com o José Cavaco Trio (22h30).

O Festival Sassetti é organizado pela Casa Bernardo Sassetti, em co-produção com o São Luiz Teatro Municipal, com apoios da Direcção-Geral das Artes, da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas, do Hot Clube de Portugal e do Três Agá Estúdio. A primeira edição realizou-se em Loulé, em Julho de 2022, e a segundo no Porto, em Dezembro de 2023. Os bilhetes individuais para cada concerto têm o preço único de cinco euros e as jam sessions são de entrada gratuita, limitada à lotação da sala.

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