Quase 50 mil espécies animais e vegetais estão em risco de extinção

Há mais 1000 espécies animais e vegetais na lista vermelha do que no ano passado. Mas também há boas notícias, como a mudança no estatuto de conservação do lince-ibérico.

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A IUCN destaca a recuperação do lince-ibérico como uma boa notícia: depois de ter estado perto da extinção, este animal deixou de estar classificado como "em perigo" Daniel Rocha
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Mais de 45 mil espécies estão em risco de extinção actualmente, um aumento de 1000 face a 2023, anunciou nesta quinta-feira a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), com a conservação do lince-ibérico em destaque como boa notícia.

A IUCN divulgou nesta quinta-feira uma actualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, que inclui agora, no total, dados de 163.040 espécies animais e vegetais, mais 6000 do que no ano passado.

Os cactos Copiapoa, do deserto de Atacama, no Chile, o elefante de Bornéu, no Brunei, e o lagarto gigante da Gran Canária, em Espanha, estão entre as espécies mais ameaçadas, segundo a IUCN.

A organização internacional de conservação atribui a culpa às pressões das alterações climáticas, às espécies invasoras e à actividade humana, como tendências nas redes sociais. Por exemplo, os cactos Copiapoa são cobiçados como plantas decorativas, impulsionando um comércio ilegal que tem crescido nas redes sociais, onde entusiastas e comerciantes exibem e vendem as plantas.

A actualização da Lista Vermelha aponta que 82% das espécies desses cactos estão agora em risco de extinção, um aumento de 27 pontos percentuais do que o registo de 2023.

De acordo com a organização, os contrabandistas e os caçadores furtivos ganharam maior acessibilidade ao habitat das plantas devido à expansão de estradas e à construção de habitações na zona do Atacama.

O relatório agora publicado também destaca o elefante asiático de Bornéu como uma espécie em extinção, estimando-se que apenas cerca de 1000 destes animais permaneçam na natureza.

A população diminuiu nos últimos 75 anos principalmente devido à desflorestação extensiva, destruindo grande parte do habitat dos elefantes.

Conflitos com humanos, perda de habitat devido à agricultura e plantações de madeira, mineração e desenvolvimento de infra-estruturas, caça furtiva, exposição a agro-químicos e acidentes rodoviários também ameaçam a espécie, sustenta a IUCN.

A lista ainda revelou o declínio dos répteis endémicos das Ilhas Canárias e em Ibiza devido às cobras invasoras.

No entanto, a IUCN lembra os esforços de conservação que permitiram recuperar o lince-ibérico depois de estar perto da extinção. O número de linces ibéricos adultos multiplicou-se por dez neste século e o animal deixou de estar classificado como "em perigo" passando a espécie "vulnerável" na Lista Vermelha.

"Os esforços de conservação permitiram recuperar esta espécie depois de estar perto da extinção, com um aumento exponencial da sua população que passou de 62 espécimes adultos em 2001 para 648 em 2022", precisou a IUCN.

PÚBLICO -
Aumentar

Segundo a organização, a população total do lince ibérico (Lynx pardinus), incluindo jovens e adultos, é estimada em mais de 2000 exemplares.

Desde 2010, mais de 400 linces ibéricos foram reintroduzidos em partes de Portugal e Espanha e o animal ocupa agora pelo menos 3320 quilómetros quadrados, contra 449 quilómetros quadrados em 2005. De acordo com o Censo 2023 do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), existem em Portugal 191 exemplares de lince ibérico.