“Golpe de Estado” na Bolívia fracassa após Presidente substituir chefia militar

Movimento foi liderado pelo ex-comandante do Exército da Bolívia, Juan José Zuniga, demitido do cargo na última semana na sequência de ameaças ao ex-Presidente Evo Morales.

A member of the military police walks amid tear gas as Bolivia's President Luis Arce "denounced the irregular mobilization" of some units of the country's army, in La Paz, Bolivia June 26, 2024. REUTERS/Claudia Morales
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Comandante do Exército foi demitido após ameaçar Evo Morales Claudia Morales / REUTERS
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Manifestantes frente aos soldados do Exército da Bolívia Claudia Morales / REUTERS
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Militares que cercavam palácio presidencial desmobilizaram depois de Luis Arce denunciar tentativa de golpe de Estado Luis Gandarillas / EPA
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Forças Armadas tinham munições de gás lacrimogéneo Claudia Morales / REUTERS
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Tomada de posse de José Wilson Sánchez como comandante do Exército da Bolívia Josue Cortez / REUTERS
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Estudantes junto a cartaz em que se lê: "Não ao golpe de Estado" Patricio Pinto / REUTERS
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O Presidente da Bolívia, Luis Arce, alertou nesta quarta-feira, 26 de Junho, para “movimentações irregulares” de unidades do Exército, denunciando uma tentativa de golpe de Estado. Militares tomaram durante várias horas a praça central de La Paz, capital boliviana, liderados pelo general Juan José Zuniga, entretanto detido.

“Hoje, o país está perante uma tentativa de golpe de Estado. O país enfrenta, mais uma vez, os interessados no fim da democracia, afirmou Luis Arce a partir do palácio presidencial em La Paz, já cercado por militares.

Na rede social X, o chefe de Estado denunciou movimentos irregulares de certas unidades do Exército boliviano. A democracia deve ser respeitada, escreveu, exigindo a retirada das tropas.

As forças armadas acabaram por desmobilizar ao final da tarde, com a polícia de La Paz a recuperar o controlo da Praça Murillo, onde fica a sede do Governo.

A tentativa de golpe de Estado, como denunciada por Arce, foi liderada por Juan José Zuniga, ex-comandante geral do Exército da Bolívia demitido do cargo na última semana, na sequência de ameaças ao ex-Presidente Evo Morales.

“Apelamos a uma mobilização nacional para defender a democracia de um golpe de Estado que está a ser preparado sob a liderança do general Zuniga, escreveu esta quarta-feira o antigo chefe de Estado nas suas redes sociais.

Evo Morales governou de 2006 a 2019, ano em que se demitiu e se exilou na Argentina, pressionado pelas Forças Armadas para pôr fim à instabilidade política e aos protestos que assolavam o país.

A poucos meses de novas eleições presidenciais, em 2025, as tensões voltaram a aumentar na Bolívia, com Morales a insistir numa nova candidatura, contra o antigo aliado Luis Arce.

Antes de ser afastado do comando do Exército, Juan José Zuniga defendeu que o ex-chefe de Estado não deve poder voltar a candidatar-se e ameaçou travá-lo caso entrasse na corrida à presidência.

Neste momento, militares e tanques das Forças Armadas estão posicionados na Praça Murillo”, no centro de La Paz, escreveu Evo Morales, na rede social X. Peço a todos para que defendem a pátria de alguns grupos militares que actuam contra a democracia e o povo.

General Zuniga foi detido

Entretanto, no interior do palácio presidencial, Luis Arce empossou José Wilson Sánchez comandante do Exército, na sucessão de Zuniga. No seu primeiro discurso, Sánchez apelou à desmobilização dos soldados que rodeavam o edifício e aos seus dirigentes para que evitassem episódios de violência.

Pelas 19h locais (meia-noite de quinta-feira em Portugal continental), a detenção de Juan José Zuniga foi divulgada pela televisão estatal boliviana.

“Perante os últimos acontecimentos na cidade de La Paz”, sede do Governo e do Parlamento, o procurador-geral do Estado, Juan Lanchipa, “determinou a instauração de todas as acções judiciais (…) contra o general Juan José Zuniga e todos os de mais participantes nos factos ocorridos e que constituem infracções penais, destacou o Ministério Público, em comunicado citado pela agência Efe.

Segundo a agência de notícias espanhola, os militares estavam armados, com tanques, encapuzados e com caixas de munições de gás lacrimogéneo e registaram-se vários feridos.

Os Estados Unidos já reagiram, afirmando estar a acompanhar a situação na Bolívia e apelando à calma e contenção.

A União Europeia condenou “qualquer tentativa de golpe” e expressou “a sua solidariedade com o Governo e o povo boliviano”, nas palavras do alto representante para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell.

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