Governo cria grupo de trabalho para incluir barragens no código do IMI

Ministro das Finanças promete conclusões do grupo de trabalho até ao final do ano, para ter efeitos no IMI a liquidar em 2025.

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Ministro das Finanças, Miranda Sarmento, ouvido no Parlamento sobre IMI das barragens Paulo Pimenta
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O Governo "vai criar brevemente" um grupo de trabalho para estudar a questão do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) das barragens, e a respectiva alteração ao Código do IMI, por se tratar de "um tema de complexidade muito grande", garantiu esta quarta-feira o ministro de Estado e das Finanças, Miranda Sarmento, durante uma audição parlamentar.

Ouvido na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, o governante garantiu que o grupo de trabalho será coordenado por "uma personalidade independente, do ponto de vista técnico e académico irrepreensível", a escolher nas próximas semanas, e será composto pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), pela Agência Portuguesa do Ambiente, por organismos representativos dos avaliadores, pelo Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e, ainda, pela Associação Nacional de Municípios, e pela Associação Nacional de Energia Renováveis.

O propósito do grupo de trabalho é "dotar o Governo de uma solução técnica estrutural para resolver este problema para o futuro", garantiu Miranda Sarmento durante a audição, que foi pedida pelos grupos parlamentares do Chega, do BE e do PSD sobre a cobrança de impostos relativos às barragens.

"A solução passa pela alteração do Código do IMI, de forma de permitir que estes aproveitamentos hídricos passem a ter uma avaliação específica e concretizada na lei para estas situações", garantiu o ministro, acrescentando que, "se tudo correr bem", o Governo pretende entregar as alterações ao código do IMI no Parlamento até ao final do ano.

"Se este Parlamento aprovar esta alteração, o IMI de 2025, pago em 2026, será de acordo com as novas regras", garantiu Miranda Sarmento, que, por várias vezes, garantiu que "a cobrança [deste imposto] é devida" e "é imperiosa".

Foram várias as questões colocadas pelos deputados, nomeadamente quanto à cobrança de impostos na venda de seis barragens no Douro da EDP à franco-belga Engie, que ficaram sem resposta, com o titular da pasta das Finanças a garantir que "os despachos do anterior Governo não são suficientes" e que não os irá alterar, por considerar que é necessária “uma clarificação adicional”, como é o caso da inclusão ou não de maquinaria das barragens. E ainda porque, tratando-se “de um processo sobre o qual o Ministério Público entendeu abrir um processo-crime”, existe o entendimento de que, “enquanto este processo não estiver terminado”, a AT não pode decidir se vai liquidar ou não o imposto.

Se a decisão do tribunal for a de que os impostos em causa são devidos, “a AT terá um ano para os liquidar”.

Entretanto, o ministro referiu que o fisco já inscreveu na matriz 169 aproveitamentos hídricos e liquidou o IMI referente a 2019 a 2022, acrescentando não ter dúvidas de que "a AT tem feito tudo para cumprir o interesse público".

Na mesma audição, a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, esclareceu que caducou a cobrança de IMI de 2019 de barragens que não foram avaliadas e inscritas na matriz atempadamente, pelo que este imposto já não pode ser cobrado.

"Quanto a todas aquelas barragens em que, por variados motivos, não foi possível concluir as avaliações e as inscrições na matriz e emitir declarações de IMI, aí, sim, 2019 caducou e não é possível já ser liquidado" esse imposto, afirmou a responsável, citada pela Lusa, sem, no entanto, detalhar quantas e que barragens estão em causa.

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