Os jogadores de Portugal um a um

De 0 a 10, a análise ao desempenho individual dos jogadores utilizados por Roberto Martínez frente à Geórgia. Cristiano Ronaldo merece especial destaque, bem como António Silva e João Palhinha.

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António Silva e Cristiano Ronaldo substituídos frente à Geórgia Piroschka Van De Wouw / REUTERS
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Na derrota frente à Geórgia no Euro 2024, a selecção portuguesa teve dois jogadores em clara agonia e três especialmente bem. De resto, andaram todos pela mediania, ainda que tenha parecido mais um problema colectivo do que propriamente individual.

Diogo Costa – 5/10

Não comprometeu individualmente e não foi responsável por nada, mas continua a também não ser um guardião decisivo. Segundo o GoalPoint, tem três defesas e quatro golos sofridos no Euro 2024. Não faz dele culpado, mas também não inspira elogios, até porque no lance que valeu o penálti poderia ter feito mais quando tentou evitar um canto.

Diogo Dalot – 4/10

Não deu muito a nível ofensivo e também não foi especialmente forte sem bola, sendo ultrapassado várias vezes pelo endiabrado Kvaratskhelia. Quando passou para central pôde ter mais descanso, até porque o adversário já quase não atacava. Não ganhou o lugar a João Cancelo ou Nuno Mendes e é bastante provável que vá sentar-se no banco nos oitavos-de-final.

António Silva – 2/10

Ofereceu o primeiro golo à Geórgia, com um mau passe em zona ofensiva, e ofereceu o segundo, com um penálti cometido numa abordagem descuidada. Não fez uma temporada de encher o olho na Liga portuguesa e também não parece ao melhor nível no Europeu. Mesmo com bola, vertente na qual já em vários momentos mostrou qualidade, não foi forte, tendo poucas iniciativas em condução e poucos passes verticais. Mais do que isso: falhou muitos passes, alguns deles bastante fáceis. Jogo muito fraco.

Danilo – 4/10

Ganhou grande parte dos duelos disputados, ainda que quase todos de fácil abordagem, por serem bolas longas da Geórgia para o espaço. Não foram lances difíceis, mas o médio/defesa do PSG não comprometeu nessas bolas. O problema é que correu vários metros com apoios trocados no 1-0 e poderia ter sido mais competente nessa transição. No 2-0, foi ele quem falhou inicialmente o corte que obrigou Diogo Costa a esforço para evitar um canto.

Gonçalo Inácio – 7/10

Muito forte com bola, somando incontáveis passes para o terço ofensivo. Verticalizou bastante bem o jogo, mesmo que sem especial seguimento por parte dos colegas. Não foi por Inácio que Portugal criou pouco.

Pedro Neto – 7/10

Bom jogo de Pedro Neto, sobretudo na primeira parte. Foi forte no drible, aproveitando que o dois contra um da Geórgia em Conceição raramente foi feito contra Neto. Ultrapassou o seu marcador vezes sem conta e tirou alguns cruzamentos de grande qualidade, apesar de mal lidos pelos colegas. Criou também alguns lances de oportunidades de golo. Sem bola também foi competente, ganhando vários duelos. Dispensável foi a simulação de uma falta que lhe valeu um cartão amarelo.

Palhinha – 8/10

Só esteve em meio jogo, mas foi monstruoso. Jogo muito bom do médio do Fulham, que foi preponderante no momento defensivo, quer nos duelos, quer nos desarmes. E nesse domínio conseguiu ser importante também no meio-campo ofensivo, permitindo a Portugal manter-se em zona de ataque com recuperações altas de Palhinha. Teve ainda uma boa bola a isolar Ronaldo. Se saiu ao intervalo estando a jogar tão bem é porque Martínez quis evitar que ele pudesse ver mais algum cartão amarelo o que o impediria de jogar nos oitavos-de-final. Provavelmente, esta troca já vinha escrita de casa no bloco do seleccionador nacional, dando meio jogo a Palhinha e meio jogo a Rúben Neves.

João Neves – 5/10

Jogo assim-assim. Sem bola foi o que é sempre, com muita predisposição para os duelos e várias recuperações somadas no meio-campo. Com bola não comprometeu, mas também não foi o que já mostrou conseguir ser. Nunca joga mal, mas não foi dos dias mais fulgurantes, sobretudo pela incapacidade de sair com bolas limpas de zonas de pressão, virtude que muito o define. Não foi por ali o problema, mas também não veio dali a solução. E não ganhou bilhete para o “onze” nos oitavos-de-final.

Francisco Conceição – 6/10

Ganhou algumas faltas e trouxe muita imprevisibilidade, mas leu mal os momentos de um contra um. Chegou a colocar-se, por opção própria, em zonas de um contra três e perdeu várias bolas assim. Fica difícil definir o jogo do portista, já que foi, por um lado, dos mais irrequietos, enérgicos e motivados, mas também foi, por outro, muito incapaz ao nível da decisão. No fim de contas, foi positivo, mas sabe fazer bem melhor.

João Félix – 5/10

Este jogo pode definir na perfeição o que tem sido a carreira de João Félix. Teve largos minutos nos quais tocava na bola, mas não se mexia depois disso. Sem vontade, sem energia e sem desequilíbrios a partir da movimentação. Depois, durante dez minutos, decidiu correr, pedir a bola, movimentar-se depois do passe e “pintou” um trio de lances de grande qualidade. É confrangedor ver que, no fundo, é de nível mundial quando quer. Mas quer pouco, apesar de na primeira parte ter tido alguns momentos.

Ronaldo – 3/10

Discussões, quedas forçadas, gritos e sorrisos irónicos para o árbitro. Protestou com o árbitro por si próprio e pelos outros – umas vezes com razão, outras sem ela. Caiu bastante no relvado, viu ser-lhe exibido um cartão amarelo por protestos e foi pouco útil no processo ofensivo. Em apoios frontais deu poucas soluções e perdeu bolas e como avançado de área não foi tão sagaz como costuma ser a ler os cruzamentos dos colegas – ou então os colegas não o perceberam a ele. Seja como for, não foi feliz. Saiu irritado aos 65 minutos, provavelmente consigo próprio – ou não.

Gonçalo Ramos – 5/10

Se tivesse tido uma entrada fulgurante, eventualmente até com golos, poderia lançar dúvidas em Roberto Martínez sobre quem deveria ser o ponta-de-lança nos oitavos-de-final? Provavelmente, não. Mas a ínfima probabilidade de o fazer não foi explorada pelo avançado do PSG, que esteve muito apagado. Passou ao lado do jogo e, apesar de se ter movimentado bastante, não conseguiu ter impacto a criar situações de finalização e a aproveitar algo que outros criassem. Esteve perto do golo já perto do fim, depois do desvio inexistente de Diogo Jota, mas faltou-lhe mais “faro” nesse lance.

Diogo Jota – 5/10

Trouxe algum “nervo”, como sempre, mas também não foi feliz. E ainda falhou uma finalização de calcanhar, em boa posição, que daria o 2-1 já perto do final do jogo. Nos dias bons, é lance fácil para um dos extremos mais fortes do mundo na finalização.

Nélson Semedo – 6/10

Entrou com alguma dinâmica no corredor, ofereceu algumas soluções e ainda teve um lance para finalizar já perto do final do jogo. Em 15 minutos fez mais do que Dalot em 90.

Matheus Nunes – 5/10

Sem impacto no jogo. Ainda tentou fazer a diferença, mas não foi feliz no plano da execução – no passe e no remate. Tendo jogado 15 minutos não poderia levar nota negativa, mas também não pode passar do intermédio.

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