Produtores de energia não estão a abandonar combustíveis fósseis com rapidez necessária

A coligação de associações Beyond Fossil Fuels alerta que algumas empresas energéticas na Europa não planeiam parar gradualmente de produzir electricidade a partir de gás fóssil até 2035.

Foto
Uma central da italiana Enel (uma das visadas nesta análise) a cerca de 70 quilómetros de Roma GIAMPIERO SPOSITO / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:02

Os planos de transição de cinco grandes produtores de electricidade europeus prevêem investimentos significativos em energias renováveis, mas não para cortarem os combustíveis fósseis com rapidez suficiente, lamentou nesta quarta-feira um colectivo de organizações não-governamentais (ONG).

De acordo com uma análise de documentos das empresas energéticas Enel (italiana), Engie (francesa), EPH (checa), Iberdrola (espanhola) e Statkraft (norueguesa), estas "não planeiam parar gradualmente de produzir electricidade a partir de gás fóssil até 2035, conforme recomendado pela Agência Internacional de Energia (AIE) e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC)", alerta, num relatório, a coligação de associações Beyond Fossil Fuels.

A Enel, a Engie e a EPH, em particular, "continuam a ser importantes promotoras de centrais eléctricas a gás fóssil", acrescentam as ONG no documento, que chama a atenção para projectos baseados na utilização de hidrogénio e biometano (gás proveniente de resíduos orgânicos).

Estas últimas soluções verdes ainda são "imaturas ou não operam à escala comercial", segundo este colectivo que representa cerca de 60 organizações civis europeias, incluindo a WWF e a Reclaim Finance.

No seu conjunto, os planos de transição da EPH, Enel e Engie "não permitem prever uma saída rápida dos combustíveis fósseis", salientou Pierre-Alain Sebrecht, diretor da Reclaim Finance, citado no comunicado.

"O seu compromisso de desenvolver novas centrais eléctricas a gás bloqueará as emissões futuras e prejudicará a capacidade da Europa de cumprir as suas metas climáticas", acrescentou.

Pierre-Alain Sebrecht sublinhou que "também prejudica o cumprimento dos compromissos de neutralidade carbónica dos actores que os apoiam financeiramente".

Mesmo que não se comprometam a abandonar os combustíveis fósseis até 2035, a Iberdrola e a Statkraft "demonstram que é possível um plano de transição coerente para um sistema eléctrico sustentável (eólico, solar, armazenamento e redes)", destacaram ainda os autores do relatório.