A Nigéria anunciou nesta terça-feira a proibição de plásticos de utilização única nos gabinetes governamentais, como prelúdio de uma proibição a nível nacional que terá início em Janeiro do próximo ano, uma medida que poderá provocar uma tempestade num país extremamente dependente dos plásticos.
Um estudo recente da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional revelou que a Nigéria está entre os maiores poluidores de plástico do mundo, gerando mais de 2,5 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, dos quais mais de 70% acabam nos mares e em aterros. "Se olharmos para a política nacional de gestão de resíduos de plástico, adoptada em 2020, esta previa que, até 2025, algumas categorias de plástico fossem proibidas na Nigéria", afirmou o vice-ministro do Ambiente, Iziaq Salako.
"O que o governo federal está a fazer é preparar as mentes dos nigerianos para o que está para vir, e dar o exemplo", afirmou.
A maior parte dos produtos que serão proibidos são plásticos de utilização única, incluindo palhinhas, talheres, garrafas de plástico e pequenas saquetas de água, muito usadas na Nigéria, que representam um grande problema para o país, afirmou.
A Nigéria anunciou esta medida nacional para reduzir a poluição causada pelos resíduos de plástico em 2020, quando o total anual de resíduos de plástico era de cerca de 1,5 milhões de toneladas, de acordo com o plano visto pela Reuters. O documento destaca a forma como uma gestão adequada dos resíduos de plástico pode criar uma economia circular, em que a concepção, a produção e a utilização do plástico conduzem à reciclagem para reutilização.
Desde então, os resíduos de plástico aumentaram acentuadamente em cidades em rápido crescimento como Lagos, com uma população estimada entre 17 e 20 milhões de habitantes, e onde uma investigação realizada este ano pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) concluiu que cerca de 50 a 60 milhões de saquetas de água usadas são deitadas fora, diariamente.
Em Janeiro, o estado de Lagos anunciou a proibição de plásticos de utilização única e de esferovite, amplamente utilizados em serviços de restauração e de entrega por vendedores ambulantes, alegando que entopem os esgotos e os canais de água.
A Nigéria está também a elaborar uma nova medida de utilização de plástico que visa uma abordagem faseada para eliminar os resíduos de plástico. Dentro de cinco anos, espera-se que os produtores passem a utilizar alternativas ao plástico e o objectivo é regulamentar rigorosamente as importações.
Os analistas afirmam que, embora a implementação possa ser difícil no início, a proibição a nível nacional já devia ter sido adoptada há muito tempo. "É bom começar pela parte mais fácil, que são os plásticos de utilização única, e iniciar a implementação nos gabinetes governamentais é um bom sinal", afirmou Leslie Adogame, directora executiva da Sustainable Research and Action for Environmental Development, uma organização nigeriana sem fins lucrativos.