Israel passa a exigir recrutamento militar de judeus ultra-ortodoxos

Procuradoria-Geral israelita deu instruções às Forças de Defesa para iniciar a 1 de Julho o recrutamento militar de 3000 estudantes ultra-ortodoxos.

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Partidos religiosos israelitas opõem-se ao recrutamento militar de judeus ultra-ortodoxos ABIR SULTAN
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O Supremo Tribunal de Justiça israelita determinou esta terça-feira que os judeus ultra-ortodoxos passem a ser recrutados para cumprir serviço militar, numa decisão histórica que aumenta a pressão sobre a coligação governamental de Benjamin Netanyahu.

O debate sobre o serviço militar de ultra-ortodoxos é tão antigo quanto o Estado de Israel. Em 1948, foi o líder sionista David Ben-Gurion, primeiro chefe do Governo israelita, a dispensar do serviço militar os estudantes de escolas religiosas, as yeshivot. A excepção chega agora ao fim, com 3000 judeus ultra-ortodoxos (haredim) a ser chamados para as Forças de Defesa — pelo menos, é essa a ordem dada pela justiça israelita.

Um painel de nove juízes do Supremo Tribunal foi unânime ao considerar ilegal uma decisão governamental de Junho de 2023, apoiada pelos partidos religiosos, que impedia o início do recrutamento de haredim para as Forças Armadas.

A deliberação judicial salienta que o processo de integração deve começar de imediato, uma vez que não existe, hoje, enquadramento legal para manter excluída do serviço militar uma comunidade que já representa 13% da população. No total, serão cerca de 63 mil os jovens haredim actualmente isentos do serviço militar.

“A não-aplicação da lei sobre serviço militar cria uma grave discriminação entre aqueles que são obrigados a alistar-se” e os que estão isentos, justificou o tribunal, citado pela imprensa israelita. “Hoje, no contexto de uma guerra severa, o fardo da desigualdade é mais pesado que nunca — e exige a promoção de uma solução sustentável para este problema.”

Em Israel, o serviço militar é obrigatório para todos os cidadãos (três anos para os homens, dois para as mulheres), à excepção dos haredim e dos árabes israelitas. Terminado o período obrigatório, tornam-se reservistas e podem voltar a ser convocados pelas Forças de Defesa (IDF).

Horas depois de anunciada a decisão do tribunal, o gabinete da Procuradoria-Geral israelita deu instruções às IDF para iniciar a 1 de Julho o recrutamento de 3000 estudantes ultra-ortodoxos, a ser integrados até ao final de 2024.

Na mesma deliberação, o Supremo Tribunal também impediu o Governo de continuar a financiar as yeshivot ultra-ortodoxas, onde estudam os jovens até agora livres da obrigação militar, alegando a cessação do regime a que esses fundos estavam vinculados.

Dezenas de reservistas israelitas recusam-se a voltar a Gaza

Um total de 42 reservistas israelitas assinaram uma carta na qual se recusam a regressar à frente de combate na Faixa de Gaza, informou esta terça-feira o diário israelita Haaretz.

A recusa é interpretada como uma crítica directa à invasão militar de Rafah, na fronteira com o Egipto, que "não trará de volta com vida os reféns" detidos pelo Hamas, argumentam.

"Ou Rafah ou os reféns — e nós escolhemos os reféns", diz a carta, a primeira do género nos últimos oito meses de agressão israelita à Faixa de Gaza.

Segundo os signatários, a ofensiva israelita contra a cidade, iniciada a 6 de Maio, põe em perigo as suas vidas e "as das pessoas inocentes de Rafah", além de comprometer as dos reféns. "Na sequência da decisão de entrar em Rafah em troca de um acordo de reféns, anunciamos que a nossa consciência não nos permite comparecer.”

Um dos reservistas, Tal Verdi, comandante de blindados de 28 anos, garantiu ao Haaretz que, se fosse chamado, iria combater na fronteira libanesa contra o grupo xiita Hezbollah, aliado do Hamas, mas não para Gaza.

Verdi contou como foi chamado a combater em Shifa, bairro na cidade de Gaza, no Norte do enclave palestiniano: "Quatro meses depois, fui chamado a regressar ao mesmo sítio, para ocupar lugares que já tinha conquistado.”

Menos de uma semana depois de ser lançada a ofensiva em Rafah, os militares regressaram ao Norte, partindo do princípio de que os islamistas palestinianos se tinham reagrupado onde já tinham sido neutralizados uma vez.

Noutra resposta à necessidade de reforço das Forças de Defesa, que as campanhas militares israelitas em várias frentes têm mantido sob pressão, o Knesset (Parlamento) aprovou na manhã desta terça-feira um projecto de lei que aumenta a idade de reforma dos reservistas.

A proposta, apoiada pelo Ministério da Defesa, prevê a prorrogação por mais alguns meses de uma medida temporária que aumenta a idade de recrutamento dos soldados na reserva de 40 para 41 anos para os soldados e de 45 para 46 anos para os oficiais. Com Lusa

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