Brasil deporta família de alegado membro do Hamas, a pedido dos EUA

“O pedido partiu do Departamento de Estado” norte-americano, revelou à Reuters fonte da Polícia Federal do Brasil, sob anonimato.

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Muslim Omar foi detido pela Polícia Federal à chegada ao Brasil REUTERS/PILAR OLIVARES
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O Brasil deportou este domingo um cidadão palestiniano e a sua família, a pedido do Governo dos Estados Unidos, por alegadas ligações ao Hamas.

Muslim Omar tinha chegado ao Brasil na sexta-feira com a mulher, grávida de sete meses, o filho de seis anos e a sogra, vindos da Malásia. Recebidos pela polícia, ficaram dois dias retidos no Aeroporto de São Paulo, até embarcarem num voo para Doha, capital do Catar.

"O pedido partiu do Departamento de Estado dos Estados Unidos", revelou à Reuters fonte da Polícia Federal, sob anonimato. "Já tinha sido provado perante um juiz que ele estava profundamente envolvido com o Hamas", acrescentou, sem especificar quais as ligações ao movimento islamista.

O advogado da família, Bruno Henrique de Moura, ainda apelou à justiça federal para reverter a decisão, mas sem sucesso. Segundo o representante da família, a viagem ao Brasil seria para visitar o irmão de Muslim Omar, a residir no país.

Omar, de 37 anos, é director executivo do Asia Middle East Center, um think tank focado nas relações entre Ásia e Médio Oriente e sediado em Kuala Lumpur, na Malásia, país onde nasceu o seu filho. Segundo fonte da Polícia Federal, terá viajado para o Brasil pela primeira vez a 1 de Janeiro de 2023.

Bruno Henrique de Moura alega que as autoridades brasileiras "simplesmente acederam a um pedido dos Estados Unidos que teve motivações políticas" e porque o nome de Muslim Omar integra uma lista de suspeitos de terrorismo vigiados pelo FBI.

"Os Estados Unidos usam essa lista para dificultar a vida de activistas pró-Palestina", argumentou.

Já a juíza Milenna da Cunha, que aprovou a deportação, sustentou a decisão referindo o alerta enviado pela embaixada dos Estados Unidos à Polícia Federal, sobre "um membro do Hamas" que chegaria ao Brasil na sexta-feira.

Cita também publicações nas redes sociais de Omar, que mostram um encontro em Doha com Ismail Haniyeh, líder do bureau político do Hamas.

No despacho a que a Reuters teve acesso, Milenna da Cunha menciona ainda suspeitas da polícia, que acredita que Muslim Omar tenha viajado com a família para São Paulo para que o seu segundo filho tivesse nacionalidade brasileira.

O embaixador palestiniano em Brasília, Ibrahim al Zeben, assegura que não recebeu qualquer contacto oficial a propósito deste caso.

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