Mondim de Basto: já abriu o centro interpretativo das fisgas do Ermelo

O Centro Interpretativo Fisgas de Ermelo abriu esta terça-feira para revelar o património natural e cultural de Mondim de Basto. Em destaque: a cascata no rio Olo, visitada por milhares de pessoas.

Foto
Fisgas do Ermelo dão mote ao novo centro interpretativo de Mondim de Basto DR/CMB
Ouça este artigo
00:00
04:36

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

As fisgas do Ermelo, um acidente geológico por onde as águas do rio Olo caem em cascata, já eram um dos locais mais visitados do concelho de Mondim de Basto. Agora, há mais um motivo de visita: o centro interpretativo acaba de abrir ao público, esta terça-feira, e promete dar a conhecer mais pormenores sobre a cascata, assim como de todo o património natural e cultural do município.

O centro está instalado na antiga casa florestal do Fojo, num ponto de passagem obrigatória para o miradouro das fisgas do Ermelo, estando, neste momento, o acesso cortado devido às obras de instalação de uma plataforma de observação que visa melhorar as condições de visita às quedas de água que têm um desnível de 400 metros e são consideradas uma das maiores da Península Ibérica.

"Houve uma preocupação grande de valorizarmos as fisgas, o Parque Natural do Alvão (PNA) e a aldeia de Ermelo, mas também que a partir daqui possamos divulgar o concelho num todo", afirmou o presidente da autarquia de Mondim de Basto, Bruno Ferreira, que falava aos jornalistas após a cerimónia de inauguração do centro. A obra custou cerca de 280 mil euros e foi financiada em 240 mil euros.

Neste "novo produto turístico do concelho" é possível descobrir, através de painéis interactivos, os principais locais a visitar, como o santuário da Senhora da Graça, que é possível observar através da janela do centro, mas também onde comer e dormir. O espaço dá ainda a conhecer Ermelo e as gentes que se dedicam às principais actividades da aldeia, como o pastor, o apicultor, a tecedeira ou ainda o contador de histórias.

Foto
As quedas de água do Ermelo têm um desnível de 400 metros e são consideradas uma das maiores da Península Ibérica João Guilherme

Após a cerimónia de inauguração, o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, classificou o centro como uma "mais-valia não só para o território, mas também para a oferta turística". "Portugal vive hoje essencialmente da diferenciação da sua oferta. O turismo natureza, o turismo associado à gastronomia, os lugares que normalmente estavam fora da primeira linha são hoje um activo. São um activo cada vez mais procurado e são um activo que importa também valorizar no sentido de acrescentar valor à nossa operação", salientou.

Pedro Machado considerou que este centro interpretativo, localizado em pleno PNA, é também um produto que permite ter uma "procura turística ao longo do ano inteiro" e que ajuda a esbater a sazonalidade.

No miradouro está a ser colocada uma plataforma de madeira amovível, sem elementos de fixação ao solo, com grades de protecção para garantir a segurança, sem qualquer tipo de intervenção invasiva que possa prejudicar o património existente.

Foto
O acesso ao miradouro das fisgas do Ermelo não deverá abrir este Verão João Guilherme

A previsão inicial apontava para que o miradouro estivesse acessível aos turistas neste Verão, no entanto, Bruno Ferreira disse que "começa a ser difícil" que a obra fique concluída neste prazo e explicou que, no decorrer da empreitada, foi necessário proceder a alguns ajustes ao projecto "para cumprir as regras estabelecidas para a aprovação do projecto". O projecto só foi aprovado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) em Maio do ano passado, depois de apresentadas várias versões por parte do município.

A intervenção é financiada pelo programa Valorizar, do Turismo de Portugal, mas, devido à reformulação do projecto e à extensão do prazo, o município pediu uma reprogramação da candidatura. O secretário de Estado do Turismo disse que o pedido está em avaliação e que a pretensão apresentada pelo presidente da câmara "é enquadrável naquilo que é hoje o orçamento disponível do Turismo de Portugal". "E, portanto, é uma questão de avaliação, análise e eventualmente alguns esclarecimentos, mas chegaremos a bom porto", referiu.

Mondim de Basto quer conservar e divulgar as levadas do Alvão

Em declarações aos jornalistas após a inauguração do Centro Interpretativo Fisgas de Ermelo, o presidente da autarquia anunciou ainda a intenção de valorizar, divulgar, sinalizar e conservar a rede de cinco levadas do Alvão, que já são uma atracção turística no concelho, adiantando que, para o efeito, o município submeteu uma candidatura ao programa Valorizar, do Turismo de Portugal, no valor de 480 mil euros.

No ano passado, a autarquia apresentou uma rede de cinco levadas na serra do Alvão, as mais utilizadas pelas empresas de animação turística, e que permite caminhar ao longo destes canais feitos pelo homem para transportar água para irrigação dos campos agrícolas ao longo de cerca de 44 quilómetros, aliando a água à floresta. Foi também criada uma plataforma online, onde é disponibilizada informação sobre as levadas de Piscaredo, Vilarinho, da Porca Russa, do Moinho do Lombo e de São João São, e visa "facilitar ao máximo a visitação" no concelho.

Aquilo que o município pretende agora é "fazer um upgrade daquilo que é a valorização que as levadas do Alvão precisam, nomeadamente a nível da sinalética, da criação de infra-estruturas e a nível da comunicação", salientou Bruno Ferreira. "O município de Mondim de Basto deu o pontapé de saída, com meios próprios, mas a verdade é que, com financiamento, poderemos criar um produto com outra qualidade", afirmou.