Jovic, o grupo C, a prisão e a mulher que pode ou não ter razão

Da Sérvia já se espera que falhem como equipa. Mas quem tem Vlahovic, Tadic e Mitrovic pode fazer coisas divertidas. E convém não nos esquecermos de Jovic, sob pena de a mulher escrever para cá.

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Luka Jovic celebra pela Sérvia Michaela Stache / REUTERS
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A Sérvia tem estado em agonia neste Euro 2024. Como quase sempre, é uma selecção que faz arregalar os olhos, pelos nomes que por ali andam, mas de parco valor quando chega a hora de conciliar talento individual numa boa equipa de futebol.

Contra a Inglaterra, foi uma equipa muito “poucochinha” – tal como foi “poucochinho” o triunfo dos ingleses, em bom rigor. Contra a Eslovénia, os sérvios empataram aos 90+6’, num jogo em que o melhor que fizeram foi despejar cruzamentos na área. Sem esse golo, estariam quase eliminados. Com ele, estão bem dentro da luta.

E a luta é nesta terça-feira, a partir das 20h. Em Munique, haverá Dinamarca-Sérvia (Sport TV1). Em Colónia, ao mesmo tempo, jogarão Inglaterra e Eslovénia (RTP 1). Os ingleses vão a jogo com quatro pontos, eslovenos e dinamarqueses com dois e sérvios com um. No fundo, pode dar para todos.

Durante alguns anos, fazer previsões sobre o desempenho dos sérvios era dizer algo como “cuidado com eles”. Agora, já poucos se deixam enganar. A frase é mais algo do género “esses acabam por falhar, é muita parra e pouca uva”.

Outra forma de os definir é dizendo que, como equipa, vão ser fracos. Mas quem tem Vlahovic, Tadic, Mitrovic e Milinkovic-Savic pode sempre fazer coisas divertidas. E convém não nos esquecermos de Luka Jovic.

É que quem não destaca o ex-jogador do Benfica pode ter problemas, algo que aconteceu no Guardian. O jornal inglês destacou, no Mundial 2022, que a Sérvia tinha dois avançados letais, falando de Mitrovic e Vlahovic. A mulher de Jovic, a famosa modelo Sofija Milosevic, escreveu uma carta ao jornal a criticar que não tenham dito que a Sérvia tem três grandes avançados – e não apenas dois. “Não fizeram o vosso trabalho de casa”, apontou. Cara Sofija, Jovic está destacado.

Fazer as pazes com o poder

Em rigor, aquilo que a modelo sérvia argumenta é que há, em Luka Jovic, talento de primeira água. Descontando o enviesamento pessoal da afirmação, é justo que se diga que Jovic pode mudar qualquer coisa nesta última jornada. Foi ele quem marcou o golo sérvio frente à Eslovénia e, até pela motivação inerente a isso, poderá ser um jogador-chave nesta terça-feira.

A Sérvia tem sentido muitas dificuldades para criar jogo e, sobretudo, para o esticar. Vlahovic até tem essas valências, mas não o tem feito. E Jovic, estando bem, consegue oferecer um dinamismo superior a um ataque ao qual têm faltado soluções.

E pode ser que, com isso, conquiste o apreço do alto poder sérvio – algo que lhe tem faltado. Na altura da pandemia, Jovic decidiu não cumprir as regras do isolamento e foi ameaçado pelo poder. “Temos o exemplo negativo das nossas estrelas do futebol, que ganham milhões e ignoram a obrigação de isolamento”, apontou Ana Brnabic, então líder do governo. E o ministro do interior, Nesbojsa Stefanovic, foi mais longe: “O facto de serem atletas e ricos não os impede de serem punidos. Ou respeitam as regras ou vão para a cadeia”.

Neste dia, um craque do futebol sérvio foi ameaçado publicamente com uma pena de prisão. As pazes foram começadas há uns dias, naquele minuto 96, e podem ser acabadas nesta terça-feira, em Munique.

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