Áustria “assalta” o grupo D com um halterofilista refinado

Com Wimmer, campeão europeu de halterofilismo nas camadas jovens, a Áustria tem mais um jogador de força e técnica, perfeito para o modelo de Ralf Rangnick. E podem continuar a surpreender a Europa.

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Patrick Wimmer, jogador da Áustria Piroschka Van De Wouw / REUTERS
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A selecção austríaca tem sido uma das boas surpresas do Euro 2024. Uma equipa de virtudes variadas, um futebol rico e uma boa mistura de talento técnico com poder físico. Como diria Gabriel Alves, é uma equipa com a força da técnica e a técnica da força.

E o preceito é mais literal do que parece. É que nesta terça-feira, quando defrontar os Países Baixos (17h, Sport TV2), a Áustria deverá ter no “onze” Patrick Wimmer – Wimmsy, para os amigos – que é o halterofilista deste Euro 2024.

Enquanto austríacos e neerlandeses jogam no histórico Estádio Olímpico de Berlim, franceses e polacos jogarão em Dortmund (Sport TV1), num grupo que tem altas probabilidades de apurar três equipas para os oitavos-de-final: Países Baixos e França têm quatro pontos, Áustria tem três.

E não será uma quimera imaginar a armada de Viena em lugar de apuramento directo. O futebol tem sido rico e, mesmo sem a estrela Alaba (lesionado), tem havido gente a compensar essa lacuna.

Um deles é Wimmer, que entrou ao intervalo no jogo anterior e é apontado como titular nesta última partida, pela boa resposta que deu.

A história deste jogador é algo incomum. Tem estudos de engenharia mecatrónica, nunca gostou muito de jogar futebol e a preferência era mesmo o halterofilismo – chegou a ser campeão europeu nas camadas jovens.

Segundo conta o Guardian, só foi para o futebol quando a avó o obrigou a isso, porque queria que ele se juntasse à irmã mais velha, que já jogava.

Halterofilista? Faz sentido

De um jogador vindo do halterofilismo espera-se pouca técnica e um jogo baseado na força. E há dois enganos nisso. O primeiro é que o halterofilismo é uma modalidade bastante técnica e longe de se basear em força bruta. O segundo é que Wimmer também está longe desse ideal unidimensional de mera força.

O extremo do Wolfsburgo oferece à equipa muita qualidade técnica no corredor, mesmo não sendo um driblador. Com passe, recepção e condução de alto nível, é alguém que cria muitas oportunidades de golo – chegou a ser, em 2022/23, o segundo jogador das “big 5” com mais grandes oportunidades criadas, à frente de Messi e só atrás de Kevin de Bruyne.

Tem, depois, um lado que já se aproxima mais do tal ideal “bruto” de halterofilista. Wimmer é um extremo muito forte no trabalho defensivo – é um dos extremos da Europa mais fortes na recuperação de bola, além de ajudar muito em “perseguições” aos laterais adversários, por ser rápido, forte e resistente fisicamente.

No fundo, não é um fantasista puro, mas tem uma técnica bastante assinalável, conjugada com muito poder físico. É um halterofilista.

Na equipa da Áustria, isto soa a perfeição. A selecção de Ralf Rangnick tem mostrado precisamente uma boa combinação de jogadores técnicos com gente mais física, havendo também muita mobilidade entre os jogadores ofensivos: e Wimmer até nisso cai bem, já que joga frequentemente pela direita, pela esquerda e até no centro do ataque.

“Faço o que me apetecer na altura, não tenho medo de errar. O futebol é um jogo de erros. O importante é que, quando perder a bola, recue no campo”, diz Wimmer, citado pelo Guardian, sobre o seu papel na selecção. E a tarefa parece perfeita: risco e criatividade com bola e muita ajuda a defender. Nada mais Wimmer do que isto.

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