O Trengo está de volta e quer pôr a mulher no mapa circense

O festival de circo organizado pela companhia Erva Daninha traz 24 apresentações e 13 espectáculos entre esta terça-feira e 30 de Junho, passando por vários espaços no Porto.

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O Trengo voltou para sua nona edição Edinho Ramon, cortesia Trengo
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A noite do São João acabou, mas o Porto não deixa de estar em festa. O Trengo, festival de circo que arranca nesta terça-feira e se prolonga até domingo, vai encher teatros, praças e jardins da cidade com actuações para toda a família.

Organizado pela companhia Erva Daninha, o festival já vai na sua nona edição e este ano, à boleia das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, destaca o papel da mulher numa área artística ainda "tão dominada pela figura masculina”, como explica Julieta Guimarães. "Com isto não queremos dizer que nos esquecemos dos homens, só estamos a reforçar que não nos esquecemos das mulheres [no circo]", acrescenta a co-fundadora da Erva Daninha.

Exemplo disso é o espectáculo de funambulismo Résiste, protagonizado pela companhia francesa Les filles du renard pâle, com direcção artística de Johanne Humblet – espectáculo terá acompanhamento musical ao vivo e será apresentado no Rivoli na sexta e no sábado, às 21h30 e às 19h, respectivamente. Julieta Guimarães salienta também a performance B.O.B.A.S, da companhia Jimena Cavalletti, que, recorrendo ao humor, imagem de marca desta companhia espanhola, desafia o papel que cabe ao homem nas cerimónias fúnebres – na sexta-feira no Parque do Covelo, o espaço nuclear do Trengo, às 19h15, e no sábado no Bairro Pinheiro Torres, às 17h30.

Sopla!, Companhia Truca Circus Luis Montero Garcia-Manjaron/ Cortesia Erva Daninha
Heqeta, Companhia Absurda, Portugal. A maioria dos espectáculos pode ser vista por toda a família de forma gratuita Ashleigh Georgiou, cortesia Erva Daninha
O Trengo regressa para a sua nona edição. Desta terça-feira até 30 de Junho em vários espaços do Porto David Garrone/ Cortesia Erva Daninha
Foradada, Companhia África Llorens Eva Freixa/ Cortesia Erva Daninha
A 9.ª edição do Trengo pretende enaltecer o papel da mulher no circo Jean-Marc Schenider/Cortesia Erva Daninha
Os espectáculos no Rivoli são pagos e a entrada custa de 3 a 9 euros Dani Hernandez/ Cortesia Erva Daninha
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Sopla!, Companhia Truca Circus Luis Montero Garcia-Manjaron/ Cortesia Erva Daninha

Para apresentar várias linguagens de circo, o mosaico artístico do festival conta este ano com apresentações do Panamá, da Argentina, de Espanha, de Itália, de França e do Brasil. “A maior parte das performances acontecem ao ar livre e destinam-se a um público bastante familiar, desde os pequenos aos mais velhos", explica Julieta Guimarães. "Os apontamentos em sala são para públicos mais específicos. É aí que procuramos fazer coisas mais experimentais." O festival abre esta terça-feira com La Piedra de Madera, do colectivo espanhol Eia, e Niente Panico!, projecto a solo do italiano Giuliano Garufi – ambos acontecem ao ar livre no Parque do Covelo, às 18h30 e 19h30, respectivamente.

As co-produções com festivais internacionais estarão em destaque neste Trengo 2024, a começar pelo espectáculo Pó de Pedra, com direcção artística de Daniel Seabra e que fará a sua estreia nacional – quinta e sexta-feira, também no Parque do Covelo, às 18h30. "Com o crescendo da extrema-direita na Europa e celebrando o 50.º aniversário da democracia em Portugal, neste espectáculo criado a partir de situações quotidianas e experiências pessoais, transformamos materiais vulgares em elementos dramatúrgicos", lê-se no texto de apresentação de Pó de Pedra. Este espectáculo é o culminar de um ciclo de residências artísticas com apoio da Associação Europeia de Festivais, e co-produzido com os festivais Pitched, da Irlanda, o Circada, de Espanha e o italiano Terminal.

Apoios e futuro

É a pensar já em 2025, ano em que a Erva Daninha vai celebrar os seus vinte anos e o Trengo festejará dez, que o festival quer alargar as parcerias internacionais e colocar artistas ligados ao festival a viajar pela Europa. "Estamos só à espera da resposta do apoio da Europa criativa", assegura a co-fundadora da Erva Daninha. Outro dos objectivos será também “alargar o número de espectáculos e o número de espaços onde estes se realizam", mas não querem aumentar o número de pessoas em cada um. "Valorizamos a proximidade com o público”, justifica.

Apoiado desde 2018 pela Direcção-Geral das Artes (DGArtes)​, o Trengo conseguiu para esta sua nona edição o contributo da Associação Europeia de Festivais​. “Dar apoio aos conteúdos criados em território nacional continua a ser o nosso maior objectivo”, clarifica Julieta Guimarães, que salienta a importância da Bolsa Trengo, destinada a auxiliar novos trabalhos artísticos circenses​. “Apesar de termos mais apoios agora, a evolução continua a ser muito lenta. É mesmo importante reforçar que não se faz circo contemporâneo apenas lá fora, ainda que não seja essa a mensagem que as programações dos teatros nacionais passam”, remata.

A grande maioria dos espectáculos do Trengo tem entrada gratuita, à excepção de alguns que decorrem no Rivoli, no Coliseu Ageas e no CCC Espaço Agra e cujos preços variam entre os 3 e os 9 euros.​ Toda a programação do festival pode ser consultada aqui.

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