Madeira: PSD pede diálogo e estabilidade, PS recusa reunir com Albuquerque
Albuquerque retirou o Programa do Governo da discussão no Parlamento regional para evitar um chumbo, mas os socialistas não querem qualquer diálogo e insistem na saída do presidente do executivo.
Enquanto o Conselho Regional do PSD-Madeira elogia Miguel Albuquerque e diz esperar uma negociação profícua do programa do Governo "a bem da estabilidade", o PS-Madeira já avisou que não vai participar na reunião de segunda-feira com o Governo Regional e os sociais-democratas para consensualizar medidas. Para o presidente dos socialistas madeirenses, o encontro "é uma encenação e uma farsa".
"Nós não alinhamos nestas encenações e nestas farsas. E, portanto, não temos a confiança no Governo, não temos a confiança em Miguel Albuquerque e, por isso, a nossa posição mantém-se", afirmou Paulo Cafôfo, em declarações aos jornalistas à margem da reunião da comissão política do PS/Madeira, na sede do partido, no Funchal, neste sábado.
O socialista defendeu que "o que está em causa não são as medidas". "O que está em causa é precisamente este Governo do PSD e o seu presidente, Miguel Albuquerque." "Num momento em que assistimos a uma farsa e um contorcionismo por diversos actores políticos nesta região, nós não entramos nesse jogo", reforçou Paulo Cafôfo.
Já os sociais-democratas, que se reuniram também neste sábado de manhã, enalteceram o "sentido de missão e de responsabilidade política" do presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, ao ter retirado a proposta de programa do Governo da discussão na Assembleia Legislativa ao segundo dia do processo, na quarta-feira, quando estava marcada a sua votação para o dia seguinte - e se sabia que iria ser chumbado.
Numa nota enviada às redacções com as conclusões do encontro do PSD-Madeira, que decorreu no concelho de Santa Cruz, o partido afirma que a decisão foi tomada "à luz do interesse público, abrindo-se, a partir de agora, mais um período de diálogo e de negociação com os partidos que se espera profícuo e partilhado, entre as partes, a bem da estabilidade política e social, da governabilidade, do progresso e do desenvolvimento integral da região que foram e são, desde a primeira hora e para o PSD/Madeira, prioridades".
Os sociais-democratas reiteram a importância de a Madeira "vir a ter, na maior brevidade possível, o seu Programa do Governo e orçamento aprovados", de forma a garantir que o executivo governe e que os madeirenses "vejam assegurado o investimento público e as obras previstas para os próximos quatro anos, assim como implementadas todas as medidas fiscais e sociais programadas para benefício directo da população".
O PSD/Madeira refere, igualmente, que está disponível para acolher "outras propostas da oposição que se revelem positivas para a região".
O Conselho Regional sublinha ainda que o PSD/Madeira "soma, desde 2019, nove vitória consecutivas, em todas as eleições disputadas, sejam regionais, nacionais, autárquicas, ou europeias", defendendo que é, por isso, quem deve "continuar a liderar os destinos da região".
"Aliás, será importante relembrar que nas eleições regionais antecipadas do passado dia 26 de Maio, o PSD/Madeira venceu, de forma clara e inequívoca, em 45 das 54 freguesias e em nove dos onze concelhos da região, numa eleição que representou uma exponencial derrota para o PS/Madeira, que ficou a uma distância superior a 20 mil votos e com uma diferença de oito mandatos", salienta.
Na quarta-feira, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, anunciou a retirada do Programa do Governo da discussão que decorria no parlamento madeirense, com votação prevista para o dia seguinte, quinta-feira. O documento seria chumbado, uma vez que PS, JPP e Chega, que somam um total de 24 deputados dos 47 que compõem o hemiciclo regional, anunciaram o voto contra.
Na quinta-feira, o executivo madeirense indicou, em comunicado, que convidou todos os partidos com assento parlamentar para uma reunião, na segunda-feira, dia 24, para consensualizar propostas para o programa do executivo.
Na reunião de hoje, os sociais-democratas apelaram também ao empenho de todos os militantes para a realização da festa anual do partido na Herdade do Chão da Lagoa, em 21 de Julho. O Conselho Regional acrescenta que, "depois da Festa do Chão da Lagoa, é também com todos que conta na rentrée política que terá lugar a 10 de Agosto, no Porto Santo".